16º Capítulo

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Era sábado e estava a sentir o calor da minha cama no meu corpo ao mesmo tempo que falava com o Liam por telemóvel, ele fazia-me sentir tão especial. Apenas duas pessoas me conseguiram fazer sentir assim, ele e por incrível que pareça, o Harry. Sim, o rapaz das tatuagens e dos piercings com um ar monstruoso foi um dos dois rapazes que me fez sentir especial. Ele pode ter aquele aspeto mas ele é um coração mole por dentro. Por vezes ...


Senti uma claridade enorme nos meus olhos fazendo-me involuntariamente fechar os olhos.


- Ah! Mãe! - pousei o meu braço sobre a minha cara impedindo que o sol me penetrasse mais nos olhos

- Já está mais que na hora de te levantares. - respondeu a minha mãe - Tens muita coisa a fazer hoje.

- Mas hoje é fim de semana! - reclamei - Tenho todo o direito de ficar na cama mais um tempo.

- Já ficaste, agora vai-te preparar que hoje há muito trabalho para ti e para os teus irmãos.

- E tu? Que vais fazer? - bufei assim que tive se tirar os lençóis de cima de mim.

- Trabalhar, tiraram-me a folga hoje. - revira os olhos e abandona assim o meu quarto.


Mas porque raio é sempre tão mal humorada? Caraças assim ninguém a atura - suspiro após o pensamento.


Não me lembro de a minha mãe ser simpática comigo ou com algum dos meu irmãos, talvez quando era pequena mas não tenho ideia. Sempre mandou vir connosco mesmo quando não fazíamos nada, cada vez que ela se chateia descarrega sempre em nós, bem ... Descarrega mais em mim.


(...)


- Ora bem, eu fico com o quintal. - começou a Chloé - O Ryan com a cave e tu com o sótão. - ordenou.

- Eu?! Porque raio tenho de eu ficar com o sótão? É sujo e assustador. - choraminguei

- Acabaste de dizer o porquê. - o Ryan explicou - O sótão identifica-se contigo.

- Não sou suja nem assustadora! - peguei na vassoura, na pá e em sacos do lixo - Se não se importam, vou fazer o meu dever.


Virei-lhes costas e subi até ao meu velho e querido amigo. O sótão. Continuava com o mesmo aspeto, teias de aranhas penduradas pelos candeeiros de tecto, montes de caixas cobertas de pó com algo misterioso lá dentro, alguns materiais cobertos por um pano branco já sujo. A cada passo que dava o chão rangia e parecia cada vez mais que se pusesse um pé no chão caia para o andar de baixo. Ao fim do sótão avistei uma cortina gigante que provavelmente tapava uma janela devido à claridade que transmitia.


Ao meu lado esquerdo estava um interruptor que acendia todas as luzes do sótão. Ou talvez não, estava fundido.


- Não acredito que vou ter de ir até à janela. - reclamei mais uma vez hoje, e ainda é de manhã.


Caminhei devagar por aquele lixo todo desviando-me sempre até chegar à janela. Arrastei as cortinas para os lados permitindo que o sol ilumina-se todo aquele lugar. Abri a janela e reparei uma coisa que nunca tinha reparado, o telhado tinha um pequeno terraço onde permitia lá estar. Estava tapado dos lados por o resto das telhas, a razão por o nunca ter visto. 


Voltei a dar atenção ao que estava dentro do sótão, tinha um longo trabalho pela frente. Decidi começar por arrastar as caixas todas só para um lado e por tudo o que é lixo para os sacos.


(...)


Já ia na quinta caixa, faltavam mais seis. Até agora era tudo lixo. Lixo, lixo, lixo e mais lixo, nada que se aproveitasse.


- Tobby! - retirei da caixa um ursinho castanho claro com um pequeno laçarote no pescoço - Tobby! Eu procurei-te tanto. - abracei-o. Que criança Jo - atirou o meu subconsciente.


O Tobby era o meu ursinho de peluche que me acompanhou desde infância, não saía de lado nenhum sem ele até um certo dia eu adormeci com ele e quando acordei já não estava lá. Todos culparam o Ryan como é óbvio e na realidade foi mesmo ele, não lhe falei durante tempos por ter descoberto que ele o queria esconder de mim por brincadeira acabou por o perder no final.


- Tens de ir para lavar e depois vais direto para a minha cama. Nunca mais te vou perder de vista. - pousei o ursinho ao meu lado e abri mais uma caixa - Vamos lá a mais uma...


Aquela caixa estava cheia de esponjinhas e no meio delas encontrei um pequeno livro castanho que tinha um mau aspeto. Em letras grandes no meio do livro dizia "Querido diário", não havia nada que me impedisse de abrir aquilo, nada de cadeados ou algo do género, apenas uma tira de tecido que envolvia o diário. Retirei-o e identifiquei o pequeno livrinho como sendo da minha mãe. 


- Ui, deve ser interessante - murmurei para mim.

 

" 14 de Setembro de 1988" começava assim.

 "Querido diário ... hoje será diferente. Tem de ser. Vou sorrir e vai ser credível. O meu sorriso irá dizer: "Eu estou bem, obrigada. Sim, eu sinto-me muito melhor. " Não serei mais a triste rapariga que perdeu os pais. Vou começar de novo, vou ser alguém novo. É a única maneira de sobreviver" .


O que? Que queria dizer a mãe com aquilo? A "triste rapariga que perdeu os pais"? Mas os avós morreram à pouco tempo. Olhei para a página que se seguia e havia mais texto.

 

"Querido diário, consegui sobreviver ao dia. Devo ter dito "Estou bem, obrigada" pelo menos umas 25 vezes. E por incrível que pareça, nem uma única vez me senti assim. Mas ninguém reparou..."  - já não estou a entender nada - "...Quando alguém pergunta "Como estás?" , não querem verdadeiramente uma resposta.." - totalmente verdade.


Comecei a ouvir um barulho e cada vez se tornava maior.


- Jo? - a minha irmã chamou-me o que me fez esconder o diário atrás das minhas costas instantaneamente - Jo? - voltou a chamar aparecendo no cimo das escadas.

- Diz Chloé. - levantei-me sempre escondendo o diário. Queria continuar a lê-lo.

- Vamos almoçar, logo continuas com isto.

- Sim, desço já. - ela sorri-me descendo logo de seguida.


Quero saber o que se passou. Quero saber o que a minha mãe esconde.


[Pergunta: De que cor são os vossos olhos? (desculpem a pergunta mas estou sem cabeça e acabei agora o capitulo e são 01:55 da manhã :s )

Os meus são azuis. Um claro e um escuro '-' ]

Playing With Fire - l.pOnde histórias criam vida. Descubra agora