MARCOS
Isso era tão errado.
Eu já sabia que era errado, no minuto em que havia feito a ligação.
Me sentia como se estivesse fazendo um pacto com o diabo.
O que de certa forma, era verdade, porque aquela mulher era tão perigosa quanto. Cheia de planos, esquemas e operações maquiavélicas, dignas de um filme ou um livro.
Bato na porta e espero.
Agora não havia como voltar atrás.
- Já era hora! – Dona Lúcia diz quando abre a porta para mim. – Eu devo dizer que demorou um pouco, mas isso é culpa do destino! E também do João que me fez prometer não interferir, no entanto, foi você que veio até mim. Toma essa destino! – E sai andando, em direção a cozinha.
- Do que a senhora está falando? – Pergunto, assim que entro na cozinha que era tão familiar para mim.
Quando meus pais morreram, me deixando sem ninguém no mundo, a família do João tomou conta de mim. Seu João cuidou da minha fazenda e da dele, até eu e João Augusto termos idade o suficiente.
Hoje, a fazenda virou um negócio lucrativo de exportação de gado. É pequeno ainda, mas me sustenta e sustenta a família do seu Januário que trabalha lá e me ajuda com tudo.
Seu João ainda conversa comigo sobre a fazenda, sempre perguntando e disposto a ajudar.
Sem ele, sem João Augusto e até mesmo sem a maluca da Dona Lúcia, não saberia que tipo de homem me tornaria.
"Você é o próximo, Marcos, pode acreditar que eu desencalho o meu filho de coração"
Lembrei-me da fase quando acena com uma mão para que eu sentasse.
Antes dela se sentar, nos serve um pedaço do seu famoso bolo de laranja e um pouco de chá mate gelado.
- Muito obrigado.
- De nada. – Ela se senta, e se espreguiça toda antes de me encarar com os olhos sérios. – Agora vamos aos negócios.
- Eu realmente não queria ter que recorrer a senhora.
- Sabíamos que esse momento iria chegar, não é mesmo? E não adianta mentir, meu filho, estava na sua cara de encalhado que precisava da minha ajuda.
- Eu não tenho cara de encalhado!
- Tem sim, e João Augusto também tinha, mas vê ele agora? Praticamente casado! E logo me dará lindos netinhos.
- João Augusto não pensa em ter filhos agora, que eu saiba.
Ela bufa.
- Ele não sabe o que quer, mas eu sou mãe, mães sempre sabem as reais necessidades dos filhos, e além disso, nada que umas camisinhas furadas não funcionem.
Me endireito na cadeira, um pouco alarmado.
- Camisinhas furadas? – Arregalo os olhos. – A senhora é doida mesmo, e se tentar fazer isso comigo, não volto mais aqui, hein.
Lembro de mandar uma mensagem para o meu melhor amigo mais tarde o parabenizando pela paternidade recente e contar sobre a peripécia de sua mãe.
Ela bufa novamente.
- Homens e suas promessas vagas. Mas vamos ao que realmente importa, você e a bela Jô.
- Maria Joana.
Ela revira os olhos.
- Você ainda implica com um apelido? Não é por menos que demorou tanto para conseguir um encontro com ela!
- Dona Lúcia!
- É a verdade. – Ela dá de ombros.
Passo a mão pelo rosto, já exasperado.
- Vai me ajudar ou não?
- Claro que vou!
Sorrio aliviado, pelo menos isso.
JOANA
Eu estava com os nervos a flor da pele.
Vovó me ajudou com a roupa, um vestido floral, simples e que marcava minha cintura e deixava um decote discreto aparecendo.
Fiz uma maquiagem leve e passei apenas um batom cor de boca. Calcei minha sapatilhas vermelhas e desci para o bar, para espera-lo.
- Você está linda, minha filha, para de se preocupar.
- Estou tentando, vó.
Jane chega naquele exato momento, e para ao me ver arrumada, balança a cabeça em reprovação antes de murmurar algo sobre sua respiração.
Aposto que a vaca estava me amaldiçoando.
- Não gostei do jeito que ela olhou para você. – Vovó sussurra baixinho, e continua limpando os copos e os ajeitando, na área do bar.
Eu estava em um dos bancos do bar e me virei para encará-la.
- Não brigue com ela. Ela provavelmente teve um passado com Marcos, assim como possivelmente grande parte da população feminina da cidade. – Digo como se tivesse algo amargo em minha boca. – Se eu for arrumar problema por isso, não falaria com quase nenhuma mulher. E além do mais, ela trabalha bem. Se for demiti-la vovó, demita-a por um trabalho ruim, o que infelizmente ela ainda não fez.
Minha avó ri e estende a mão dela para a minha, quando uno nossas mãos, ela sorri abertamente para mim.
- Essa é a minha neta, fazendo humor para tentar superar as coisas. Sem choro, só superação.
As lágrimas vem aos meus olhos ao perceber o quanto minha avó devia estar preocupada comigo, pensando em tudo o que eu estava desperdiçando e como estava desperdiçando.
- Obrigada por tudo, vovó. – Aperto sua mão novamente.
Ela apenas sorri e aponta para trás.
- Acho que seu encontro chegou.
Inspiro e respiro lentamente, antes de me virar do banco e encarar Marcos parado na porta do bar com um buquê de flores.
Viva, querida. Eu podia ouvir minha mãe sussurrando para mim.
Eu vou, mamãe, eu vou.
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LAÇANDO O COWBOY (COWBOYS #2)
RomanceSINOPSE: Dona Lúcia está inquieta. Seu único filho, finalmente está encaminhado com a nora dos sonhos. Mas alguma coisa a incomodava, ou melhor, alguém. Ela acredita que todos merecem a chance de encontrar a felicidade. Mesmo que você não esperasse...