CAPÍTULO 9

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MARCOS

Isso era tão errado.

Eu já sabia que era errado, no minuto em que havia feito a ligação.

Me sentia como se estivesse fazendo um pacto com o diabo.

O que de certa forma, era verdade, porque aquela mulher era tão perigosa quanto. Cheia de planos, esquemas e operações maquiavélicas, dignas de um filme ou um livro.

Bato na porta e espero.

Agora não havia como voltar atrás.

- Já era hora! – Dona Lúcia diz quando abre a porta para mim. – Eu devo dizer que demorou um pouco, mas isso é culpa do destino! E também do João que me fez prometer não interferir, no entanto, foi você que veio até mim. Toma essa destino! – E sai andando, em direção a cozinha.

- Do que a senhora está falando? – Pergunto, assim que entro na cozinha que era tão familiar para mim.

Quando meus pais morreram, me deixando sem ninguém no mundo, a família do João tomou conta de mim. Seu João cuidou da minha fazenda e da dele, até eu e João Augusto termos idade o suficiente.

Hoje, a fazenda virou um negócio lucrativo de exportação de gado. É pequeno ainda, mas me sustenta e sustenta a família do seu Januário que trabalha lá e me ajuda com tudo.

Seu João ainda conversa comigo sobre a fazenda, sempre perguntando e disposto a ajudar.

Sem ele, sem João Augusto e até mesmo sem a maluca da Dona Lúcia, não saberia que tipo de homem me tornaria.

"Você é o próximo, Marcos, pode acreditar que eu desencalho o meu filho de coração"

Lembrei-me da fase quando acena com uma mão para que eu sentasse.

Antes dela se sentar, nos serve um pedaço do seu famoso bolo de laranja e um pouco de chá mate gelado.

- Muito obrigado.

- De nada. – Ela se senta, e se espreguiça toda antes de me encarar com os olhos sérios. – Agora vamos aos negócios.

- Eu realmente não queria ter que recorrer a senhora.

- Sabíamos que esse momento iria chegar, não é mesmo? E não adianta mentir, meu filho, estava na sua cara de encalhado que precisava da minha ajuda.

- Eu não tenho cara de encalhado!

- Tem sim, e João Augusto também tinha, mas vê ele agora? Praticamente casado! E logo me dará lindos netinhos.

- João Augusto não pensa em ter filhos agora, que eu saiba.

Ela bufa.

- Ele não sabe o que quer, mas eu sou mãe, mães sempre sabem as reais necessidades dos filhos, e além disso, nada que umas camisinhas furadas não funcionem.

Me endireito na cadeira, um pouco alarmado.

- Camisinhas furadas? – Arregalo os olhos. – A senhora é doida mesmo, e se tentar fazer isso comigo, não volto mais aqui, hein.

Lembro de mandar uma mensagem para o meu melhor amigo mais tarde o parabenizando pela paternidade recente e contar sobre a peripécia de sua mãe.

Ela bufa novamente.

- Homens e suas promessas vagas. Mas vamos ao que realmente importa, você e a bela Jô.

- Maria Joana.

Ela revira os olhos.

- Você ainda implica com um apelido? Não é por menos que demorou tanto para conseguir um encontro com ela!

- Dona Lúcia!

- É a verdade. – Ela dá de ombros.

Passo a mão pelo rosto, já exasperado.

- Vai me ajudar ou não?

- Claro que vou!

Sorrio aliviado, pelo menos isso.



JOANA

Eu estava com os nervos a flor da pele.

Vovó me ajudou com a roupa, um vestido floral, simples e que marcava minha cintura e deixava um decote discreto aparecendo.

Fiz uma maquiagem leve e passei apenas um batom cor de boca. Calcei minha sapatilhas vermelhas e desci para o bar, para espera-lo.

- Você está linda, minha filha, para de se preocupar.

- Estou tentando, vó.

Jane chega naquele exato momento, e para ao me ver arrumada, balança a cabeça em reprovação antes de murmurar algo sobre sua respiração.

Aposto que a vaca estava me amaldiçoando.

- Não gostei do jeito que ela olhou para você. – Vovó sussurra baixinho, e continua limpando os copos e os ajeitando, na área do bar.

Eu estava em um dos bancos do bar e me virei para encará-la.

- Não brigue com ela. Ela provavelmente teve um passado com Marcos, assim como possivelmente grande parte da população feminina da cidade. – Digo como se tivesse algo amargo em minha boca. – Se eu for arrumar problema por isso, não falaria com quase nenhuma mulher. E além do mais, ela trabalha bem. Se for demiti-la vovó, demita-a por um trabalho ruim, o que infelizmente ela ainda não fez.

Minha avó ri e estende a mão dela para a minha, quando uno nossas mãos, ela sorri abertamente para mim.

- Essa é a minha neta, fazendo humor para tentar superar as coisas. Sem choro, só superação.

As lágrimas vem aos meus olhos ao perceber o quanto minha avó devia estar preocupada comigo, pensando em tudo o que eu estava desperdiçando e como estava desperdiçando.

- Obrigada por tudo, vovó. – Aperto sua mão novamente.

Ela apenas sorri e aponta para trás.

- Acho que seu encontro chegou.

Inspiro e respiro lentamente, antes de me virar do banco e encarar Marcos parado na porta do bar com um buquê de flores.

Viva, querida. Eu podia ouvir minha mãe sussurrando para mim.

Eu vou, mamãe, eu vou.




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LAÇANDO O COWBOY (COWBOYS #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora