CAPÍTULO 6

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JOANA

Eu precisava de ar.

Vê-lo ali, com ela, estava me machucando.

Engraçado que eu nunca liguei muito para ele. Tratava mal e queria socar sua cara idiota com sorriso idiota.

Mas ver ele dar aquele sorriso para outra mulher, ainda mais aquela oferecida, parecia como uma faca que entrava no meu coração.

Quão dramático isso era para alguém que eu conhecia somente há dias, mas era o que era.

Se eu não soubesse, falaria que ele era a minha alma gêmea, aquele pelo qual minha mãe disse que meu coração bateria mais forte, que minha barriga teria reações engraçadas e eu constantemente ficaria sem jeito.

Mas perto do Marcos, eu sempre tenho o que dizer – o que geralmente são insultos – e quanto as reações engraçadas, eu pensava que eram apenas gazes.

Acontece.

Eu não podia estar em uma viagem para me redescobrir e acabar me apaixonando por um idiota no processo.

Eu já não tinha sofrido tanto em um curto espaço de tempo?

Quando a vontade de chorar e o espaço começaram a me sufocar, agarrei o pano de prato que estava na minha mão e sai pela porta da cozinha em direção a parte de trás do bar.

- Devagar, Jô, devagar. – Eu sabia que estava tendo uma crise de pânico.

Eu só precisava de mais uns segundos de ar fresco e voltaria para dentro e encerraria a noite. Tínhamos poucos clientes agora e eu logo poderia fechar e ir para cima.

- Eu sabia que ia ter minha chance com você sozinha. – Uma voz masculina familiar diz nas sombras, e quando um arrepio nada legal passa, eu sei que estou em maus lençóis.

Quando o corpo de Júlio sai das sombras, eu sei que estou ferrada de vez.

Olho para o céu.

- Sério? Nenhuma pausa? Eu bem que poderia aceitar uma agora. – Respiro fundo, esquecendo que a pouco tempo estava prestes a surtar e encaro aquele mau elemento. – O que você quer, Júlio?

- Continuar nossa conversa lá dentro.

- Nós não estávamos conversando. Você falava e eu só queria saber o que você queria para poder continuar meu trabalho.

Ele continua chegando mais perto enquanto eu tento me distanciar ainda mais dele. Uma carranca se forma em suas feições quando ele repara que eu estou meu afastando.

- Por que está se afastando tanto? Foi aquele idiota do Ventura né? O que ele te disse?

- Ele não precisou me dizer nada que eu já não soubesse assim que eu te olhei, que eu não queria nada com você! – Vejo que ele me encurralou e droga, não teria como sair daquela situação. – Por favor, me da licença que agora tenho que voltar ao trabalho.

- Não! – Ele se encosta ainda mais em mim e o cheiro de sua colônia forte, me faz querer vomitar. – Você está se fazendo de difícil, mas eu conheço o seu tipo.

Reviro os olhos.

- Que tipo? Isso é o século XXI. Quando uma mulher diz não, é não! E eu definitivamente estou te dizendo NÃO! – Tento empurrá-lo, mas ele segura minhas mão e aproxima sua cabeça gigante e me cheira.

Eu iria vomitar.

Eu iria totalmente vomitar nesse idiota.

- Você é tão cheirosa...

Ele continua a me apertar e se esfregar em mim, e eu podia sentir a bile subindo, mas eu tinha que fugir dele, comecei a lutar com ele, mas ele ra mais forte que eu.

Que merda!

Quando ele esfregou sua ereção em mim, eu sabia que teria que vomitar ou conseguir mover minha perna para cima e acertá-lo lá.

Eu estava tão absorta entre lutar com ele, e grunhir de raiva, que não percebi que deveria ter gritado como uma pessoa normal faria.

Estava prestes a gritar o mais alto que eu podia, quando Júlio foi arrancado de mim tão rápido que puxou meu pulso muito forte, possivelmente deixando uma marca, mas eu não ligava, estava livre daquele monstro nojento.

Olhei para ver o que tinha me livrado dele e vi Marcos dando socos nele como se estivesse possuído.

Sério, eu odiava violência. Meus pais sempre foram calmos e da paz, e eu também era, apesar de ter um temperamento horrível.

E eu não queria ver o Marcos machucado.

- Parem! Parem! – Tentei me meter no meio daquela luta, mas não via como.

Ia voltar para o bar para pedir ajuda, quando um grupo de pessoas saiu do bar e viram a confusão.

Dois homens desconhecidos conseguiram separar os dois.

Júlio cuspiu sangue e tinha o rosto vermelho de raiva, dava para ver o ódio em seu olhar, o que me causou mais um arrepio nada bom. Parecia que Marcos tinha quebrado sua mandíbula e ele tinha um lado do rosto já inchado e parecia respirar com dificuldade.

Olhei para Marcos que tinha o que seria um olho roxo e sangue também escorria de sua boca. Me aproximei dele.

Ele era um idiota, mas me defendeu de qualquer jeito.

- Sua vagabunda! É claro que iria se bandear pro lado desse desgraçado! – Júlio esbraveja.

Marcos tenta se soltar e avançar nele novamente.

- Eu disse para não falar mais com ela, seu idiota! Se eu ver você próximo dela novamente, eu te mato! – Ela grita.

- O que está acontecendo aqui? – Minha avó pergunta e eu me viro para vê-la parada com camisola e um taco de beisebol. WOW.

- Está tudo bem, vovó, pode subir. – Eu me aproximo dela.

Ela apenas olha para mim e seus olhos se estreitam.

- Qual deles?

- Qual deles o que ? – Me faço de desentendida. Não queria imaginar as intenções dela com aquele taco.

- Não se faça de tola, diga logo ou eu acerto os dois.

Bem, não queria que al acertasse ao Marcos, apesar de tudo.

- Se é assim, foi ele. – Aponto para o Júlio que continuava com aquela cara de cão raivoso dele.

Vovó marcha como se estivesse em uma missão e acerta o taco de beisebol no...

- AI! – Ele grita.

- Isso é para você aprender a não mexer com a minha neta! Seu malcriado! – Minha avó ia acertá-lo novamente, mas eu peguei o taco da mão dela e a afastei dali. – Não volte aqui novamente! – Ela gritou enquanto eu a afastava.

Quando eu voltei ali, garantindo a minha avó que ia apenas ver como Marcos estava, já que ele me defendeu e estava com o rosto um pouco acabado, vi ele ali sozinho, a multidão e Júlio já tinham ido embora.

- Como você está? – Perguntamos juntos e logo começamos a rir.

Tomo um pouco de coragem e me aproximo dele, tocando seu rosto devagar.

- Venha comigo, eu tenho um kit de primeiro socorros lá dentro.

- Não precisa, eu vou pra casa e... – Aperto um pouco seu rosto para que ele me fitasse com atenção.

- Por favor.

Ambos nos encaramos por um tempo, até que ele finalmente cedesse e fosse comigo.

Em nenhum momento eu tinha soltado minhas mãos dele ou tínhamos brigado.

Era um começo, não é?



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LAÇANDO O COWBOY (COWBOYS #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora