CAPÍTULO 3

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JOANA

Segundo minha avó, o processo de cura iria começar comigo distraindo a mente, isso é, pegando no pesado.

Acho que era só uma desculpa para me fazer trabalhar no bar.

Depois de limpar tudo, subi para me arrumar.

Eu já estava lá havia uma semana, e nunca havia descido no bar a noite, só de dia, e ficava mais na cozinha, ajudando a preparar tudo.

Hoje, eu tomei coragem e disse que trabalharia lá embaixo. Minha avó me lançou um sorriso e eu me senti reconfortada. Eu sei que ela tentava ao máximo, mas eu também tinha que tentar.

Eu tinha que fazer mais por mim.

Eu botei um jeans que agora ficava justo demais em mim, ou melhor dizendo, apertado, porque eu estava um pouco mais cheinha do que antes, mas decidi abraçar essa nova parte de mim.

Não podia me esconder para sempre, tinha que me mostrar mais, e se isso significava mostrar o meu novo corpo, com gordurinhas extras, que assim seja.

Coloquei uma camisa xadrez grande que eu tinha, por cima da blusa que eu estava e calcei minhas sapatilhas e prendi meu cabelo frouxamente, e era isso.

Eu não ia por maquiagem e nem me enfeitar como a antiga Jô.

Eu estava recomeçando, e se recomeçava assim, aos poucos mesmo.

Enquanto descia as escadas, podia escutar a música em volume mediano, tocar e me senti mais relaxadas.

Pessoas sentadas em mesas, reunidas também no balcão, rindo e conversando, me lembrava os velhos tempos, mas eu chegaria lá.

- Minha neta, já que você disse que ia assumir o balcão, vou lá atrás ajudar o Dionísio na cozinha. Carol e Jane vão estar aqui, servindo as mesas. Tem certeza que vai ficar bem aqui? Sei que estamos em pouco número, mas...

Peguei sua mão, apertando-a firmemente.

- Eu disse que vai ficar tudo bem, vó. Pode ir lá. Eu consigo.

Ela me olhar ainda incerta.

- Hoje é um dos dias mais movimentados.

- Eu juro que se precisar de ajuda, eu te chamo.

O que não ia acontecer, é claro. Minha avó amava o bar dela, que ela e meu avô tinham há mais de vinte anos, mas eu via as linhas de cansaço e exaustam. Ela precisava descansar um pouco.

Ela acena e vai para cozinha.

Foi esse o acordo que eu consegui chegar com ela, que não parava de trabalhar.

O bar abria de tarde e fechava de madrugada.

Acenei para Carol e Jane, duas garçonetes por volta da minha idade e conseguimos juntas, atender os pedidos – que eu servia – e pegar os pedidos da cozinha – que elas levavam.

Jane pediu para trocar de lugar comigo um pouco e eu topei.

Interagir com pessoas ainda não era o meu forte, mas tinha que me arriscar.

Mais pessoas chegavam, e começou a aumentar aquele burburinho animado, e por isso decidimos aumentar a música e pessoas foram dançar.

Quando uma das minhas músicas preferidas começou a tocar, e quando eu percebi, estava tão absorta entre servir as mesas e ouvir a música, que comecei a cantar baixinho, dançando sem nem perceber.

Todo mundo falou: Não mexe com ela, não

Não vai, não

Eu doido com ela e a galera me dando pressão

LAÇANDO O COWBOY (COWBOYS #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora