Alzira, Karina, Tayla e Melinda desceram do Uber lindas e esvoaçantes tanto quanto foi possível após a correria para se arrumar para o casamento de Ana. Podiam, enfim, respirar aliviadas que tudo deu certo. Ou quase.
- Mimi, o que é isso no seu vestido? - disse Karina apontando para a barra do vestido azul de Melinda.
- Isso o que? - Melinda começou a procurar o que tinha de errado pelo corpo, olhando para baixo desesperada?
- Meu Deus uma sujeira enormeeeeeeeee! Deve ter sido agora, que descemos do carro, talvez você tenha encostado na porta do Uber! - disse Tayla, com um ar apreensivo.
- MEU DEUS TÁ MARROM SOCORRO! - Melinda deu um berro, segurando a barra do vestido.
Alzira, já parcialmente recuperada da bebedeira, foi em direção a cerimonial:
- A gente precisa de um banheiro, é uma emergência! - apontou para o vestido de Melinda.
- Só tem o da noiva, ela está se arrumando, não sei se é uma boa ideia... - a cerimonial foi bastante ríspida.
- Você quer que a madrinha de casamento entre encardida desse jeito? - Alzira colocou as mãos na cintura, muito séria.
- Ok, pede pra ela me seguir... - suspirou, levemente contrariada.
- Mimi, segue a moça! - Alzira abriu um sorriso vencedor e fez um gesto para Melinda seguir a cerimonial - Obrigada! Idiota. - essa parte ela disse para si mesma, bem baixinho.
Melinda correu até o banheiro da noiva, e encontrou Ana já arrumada, tirando fotos, segurando o buquê de rosas vermelhas lindíssimo. Ana abriu seu melhor sorriso:
- Meu Deus você está tão linda, Mimi!
Abraçaram-se, felizes.
- Não mais do que você, que é a estrela do dia! Me deixa usar seu banheiro, em nome de Jesus? - apontou pra mancha marrom na barra do vestido.
- Minha mãe está usando, mas acho que tudo bem, corre lá. É na outra sala que tem o banheiro.
Ela correu tentando encontrar o lavatório para lavar a barra do vestido, e se deparou ninguém menos que Dona Cecilinha, mãe de Ana, vestindo apenas um macacão modelador bege, com o rosto na frente do ventilador, um calor absurdo. Cecilinha era uma mulher maravilhosa, grande, muito simpática, dessas que sorriam muito e falavam muito alto. Não existia alguém no mundo que não gostasse dela.
- Oi Dona Cecilinha! Eu posso usar a pia bem rapidão?
- Claro, pode entrar!
- Com licença!
Melinda tirou as sandálias para ficar mais confortável, e enfiou a barra suja na pia, ligou a torneira e foi esfregando devagar a mancha com sabonete liquido. Felizmente era uma sujeira que mais parecia pó e não seria muito complicado retirar. Cecilinha gritou, ao fundo:
- QUE CALOR HEIM MININA!
- Nossa, nem me fale! - aproveitou e jogou uns pingos de água no rosto, o buço suando de tanto nervosismo.
- TÁ DANDO CERTO AÍ? CONSEGUIU TIRAR A MACHA?
- SIM, TÁ SAINDO! - ela berrou de volta - Amém minha Santa Cher! - esfregou o último pedaço da sujeira - CONSEGUI!! UHUUUUU!!
- UHUUUUU!!
Melinda se aproximou do ventilador para secar a barra, Dona Cecilinha estava atrapalhada perto do espelho tentando se enfiar no vestido. Mimi olhou a cena e achou graça, o macacão modelador super apertado. O tecido fino secou rápido, e agora sim, tudo tinha dado certo.
- Consegui! Obrigada pela ajuda Cecilinha! - ela foi se despedindo, se encontrariam na cerimônia novamente em pouco tempo.
- OH MININA PERAÍ! ME AJUDA A POR O VESTIDO QUE EU TO TODA CAGADA!
Melinda voltou para ajudá-la com o zíper.
- Minina eu não consigo fechar, você vai ter que fazer uma força!
- Ok Cecilinha, eu vou dar um puxão só, não respira que vai dar certo! - Melinda se posicionou atrás de Cecilinha. Daria um puxão certeiro, mas cuidadoso, no zíper invisível.
- Ai Meu Deus! - ela prendeu a respiração - Vai!
- AAAAAAAAAAAA
- Fechou?
- SIM!
- AAAAAAAAAAA
- AAAAAAAAAAA
Elas se abraçaram, saltitando felizes, as duas com seus problemas de vestido resolvidos. Melinda desceu para reencontrar suas amigas, já felicíssimas tomando champagne enquanto esperavam a cerimônia.
- Que demora! Colocou o vestido na máquina de lavar? - disse Alzira.
- Se eu contasse vocês não acreditariam... - Melinda disse, sorrindo.
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O Guia Prático Para Adultos Sem Prática
RomanceSer adulto é uma bosta. Tem boletos, cigarros, decepção amorosa, gente louca. E tem o romance de Melinda e Eduardo. Mas no fim, a prática leva a perfeição (ou não).