I met you in the dark,
you lit me up.
-Just Say You Wont Let Go.Hayden Clements, Sidney-2016.
Meu corpo quase foi de encontro com o chão quando escutei uma gritaria alta da casa ao lado. Ela que já estava à venda a bons meses parecia ter novos moradores.
Me levantei calçando minhas pantufas felpudas e coloridas e quase me arrastei até a janela, abrindo as persianas de tom azulado e fazendo meus olhos irem de encontro a um grupo de pessoas no gramado ao lado.
A cena era composta por alguns garotos estavam tentando levantar um sofá velho onde alguma meninas estavam sentadas, usando apenas roupas de banho que deixariam a cena mais peculiar.
-Bom dia maninha!-Joshua grita assim que entra no quarto, me assustando pela primeira vez naquele dia. Meu grito não é abafado pela janela, fazendo toda a atenção dos vizinhos ao lado passarem a mim.
Fecho a persiana com pressa e praticamente atravesso o quarto para me manter o mais longe possível da visão de qualquer pessoa fora da casa.
-Joshua, eu já disse para não gritar.—Meu tom o adverte, mas não deixo de beijar sua testa e apreciar seu sorriso tímido, nossa conexão era mais que especial, e eu não deixava de apreciar quão bonita a vida se tornava na visão de Josh.
-Me desculpe por gritar mas os pais falaram que era para você descer.-Ele estende a palma da sua mão e aperta os olhos para ler o que era a caligrafia perfeita de George.
-Então mostre isso a eles.-Seguro sua outra mão com cuidado junto de uma caneta de tonalidade rosa, seu sorriso cresce e noto que ele parecia animado de ser o novo pombo correio da família.
"Estou a caminho, senhores xH"
Josh segue pulando pelos corredores brancos e bem decorados e não deixo de apreciar sua preciosidade, pedindo de forma que sempre fosse daquela forma. Em seguida, agarro um par de toalhas e cremes e me encaminho para um banho longo e silencioso, como tudo era na minha vida.
-Bom dia.-Beijo a bochecha de Herman assim que adentro a cozinha, tomada pelo cheiro de torradas e pelo rádio de George que já comandava suas danças pela manhã.
-Bom dia querida, demorou.-Me sento à frente de Josh e me esforço para roubar uma de suas torradas, fazendo ele murmurar bravo mas ainda de boca cheia.
-Estava falando com a mamãe.-Bebo um gole de suco lentamente, apreciando a acidez que toma meus lábios. Enquanto o ambiente parecia se tornar mais tenso devido a menção ao nome dela.
-E o que ela queria?-Joshua pergunta quebrando a tensão da sala, papai solta uma gargalhada alta após nos encarar com suas ambas mãos ensaboadas.
-Garoto, isso é papo de adulto!-Herman finge estar bravo e recebe uma gargalhada alta e melodiosa do meu irmão, me fazendo soltar um pequeno sorriso sobre o ruído que toma minha cabeça.
-Está tudo bem, ele é um irmão atencioso.-Me inclino para beijar a ponta do seu nariz, deixando as bochechas do moreno coradas.-Ela vai me levar a terapia.
-Acha isso bom?-George pergunta de forma atenciosa, o seu carinho faz minhas bochechas tomarem tons avermelhados por tamanha vergonha já que os três me encaravam na esperança da resposta.
-Talvez.-Dou de ombros e Herman beija minha testa, sussurrando um baixo e fraco " eu te amo Youngblood"
Após isso, opto por esperar por ela em frente a casa, enrolando minhas pernas sobre a grama verde e com perfume natural. Meus dedos puxam lentamente a terra por puro nervosismo ao sentir pessoas estranhas tão próximas.
-Quem trouxe a merda de um pinguim?-Um rapaz grita e os outros gargalham como em uma piada. Eu me permito revirar os olhos pedindo para que Joshua não fique assim quando crescer, mas no fim, invejo a habilidade de rir de qualquer besteira.
A música alta estronda no início da rua e tento me esconder dentro de mim mesma, como uma tartaruga fazia. Mas não obtenho sucesso, então vejo o carro conversível vermelho parar em frente a minha porta e os olhares de ambos da casa ao lado focarem apenas nela.
A mulher usava uma blusa social branca com mangas dobradas até seu cotovelo, junto de uma saia de couro de tom escuro e opaco, assim como seus saltos impecáveis e altos.
-Hay!-Ela grita e acena animadamente, fazendo as atenções do conversível irem até mim. Não olhem, eu imploro. Levanto após agarrar minha própria mochila e a jogar sobre minhas costas, quase correndo na direção do carro.
-Oi mãe.-Sorrio de lado no mesmo instante, não sentindo coragem o bastante para a abraçar, mas a mulher demonstra o contrário quando me puxa para seus braços em um abraço materno.
-Você está linda! Precisa me passar a sua skin care e quem sabe eu chego perto disso!—Ela gargalha da sua forma escandalosa e nego, mas sou cortada quando a mulher olha para os vizinhos.-Você viu isso?
-Mãe, não.-Sussurro quase em misericórdia mas sou ignorada assim que ela fecha a porta do carro e esquece dos seus próprios saltos, tropeçando na grama de papai várias vezes.
-Olá meninos!-Ela anuncia, acenando como uma rainha britânica, mas não consigo segurar o riso ao ver eles focarem no seu grande decote. Isso era tão errado.-Sou a Katherine!
Meu riso cessa assim que noto olhos azuis, de tom tão sereno quanto o mar, focados inteiramente em mim, com um sorriso de lado e mãos escondidas em seus bolso.
-Olá senhorita Katherine.-Um garoto moreno, de beleza exótica e única, perfeita para se capturar por uma câmera, se aproxima com um sorriso malicioso e sobrancelhas se movendo de forma insinuativa.—Você e sua irmã moram aqui?
-Oh, obrigada pelo elogio!-Minha mãe abre um sorriso tão grande que sinto sua própria felicidade e sorrio para meus próprios pés. Eu queria ser um avestruz agora, esquecendo das tartarugas.-Ela é minha filha.
Houve um choque de 5 segundos nos garotos, fazendo um deles até se engasgar e precisar ser levado para dentro para provavelmente tomar uma água e pensar sobre minha mãe ser mais de 45 anos.
-Oh, ela é sua filha?-O loiro que antes me encarava pergunta com um sorriso sugestivo, e minha mãe agora parece ganhar na loteria.
-Sim, não é Hayden?-Ela tenta me encaixar mas eu continuava tentando me esconder atrás dela e não soltar uma risada junto de um pedido de socorro.—Vamos para o shopping agora, foi um prazer conhecê-los.
A encaro fazendo o caminho pela grama e continuo paralisada. Eu nunca havia pensado nisso, mas talvez eu não fosse o maior orgulho pra ela, talvez ir a terapia com a filha fosse vergonhoso o bastante.
-Querida, você não vai?-Herman se aproxima, denunciando que os dois homens acompanhavam a vergonha da porta. Aceno com lentidão e solto um pequeno sorriso, tentando ao máximo bloquear aquela sensação.
Ando até o carro de cabeça baixa, ainda sentindo o olhar do loiro queimar contra minha pele. Não era necessária a sensação mais comum que eu já tinha sentido, então me apresso e fecho a porta assim que entro, sem nem pensar em abrir o vidro.
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philocalist •lrh
FanfictionOnde Luke decide mostrar a vida para Hayden, sua vizinha que sempre o observa pela janela sem imaginar a história ou os segredos que a garota esconde. philocalist: pessoa que vê beleza em pessoas, objetos e lugares.