Samantha Jackson e a Profecia do Colar da Lua

Capítulo 11 - Quase Rotina

       A manhã já havia chegado quando Samantha Jackson acordou aos gritos de sua irmã Medussalina. O quarto parecia diferente. Talvez fosse apenas pelo tempo que esteve longe de casa. Foi apenas um dia, mas parecia pertencer a outra realidade. Muito distante da sua.

No entanto, não tardaria até que sua mãe descobrisse que a garota estava trabalhando. Ela não queria levantar, ainda não havia inventado uma desculpa boa o suficiente para que Vassilissa acreditasse nela. Contudo, talvez fosse pior deixar para última hora.

-Sam! -Gritou desesperada a pequena garotinha de cabelo castanho escuro e olhos verdes.
-O que houve Lina?
-Vem aqui Medussalina! Agora arrumar essa bagunça que você fez! -Gritava a mãe das garotas.
- O que você fez Lina? - Perguntava Samatha sentando na cama, tentando se apressar no assunto para evitar o pior.
- Eu estava brincando com as tintas e a mamãe disse para mim colocar o pano do tanque por baixo da tela, para não manchar a mesa.

A garotinha iria continuar falando, mas seu nervosismo atrapalhava a comunicação das duas.

- Ei, avelã calma. Respira e me fala o que houve. - Pedia Samantha abraçando a menina, tentando acalmar a irmã, mas também precisava saber para poder ajudar a pequena.
- Samantha! - Continuava berrando Vassilissa enfurecida do seu quarto.
- Já vou! - Respondeu ela.
- O que você disse? Vem aqui! – Gritava Vassilisa.
-Resume para mana rapidinho, vai avelã. - Implorava Samantha, soltando sua irmã e se apressando para arrumar a própria cama bagunçada.
- Eu peguei a camiseta do trabalho dela. Eu não sabia, só peguei o pano que ela pediu. - Dizia Medussalina entre soluços e ainda chorando.
- Fica aqui ok? Eu vou dar um jeito nisso. Se ela chamar, não vai.

Mandou Samatha, acabando de arrumar as cobertas em pilha, na cabeceira da cama. Esticou bem o lençol e tentava pensar no que fazer primeiro. Ainda procura no subconsciente uma desculpa boa o suficiente para Vassilissa.

- Mas ela vai ficar brava comigo Sam. - Lembrou-lhe com medo, sentando na cama ao lado da sua. A qual lhe pertencia.
- Faz o que eu disse, vai ficar tudo bem. - Falou a garota por fim terminando de fazer a cama.

Fez um cafuné na cabeça da irmã e correu para o quarto da mãe.
Vassilissa estava terminando de se vestir. O excesso de peso dificultava a escolha de uma peça de roupa bonita. Ou pelo menos, era isso que parecia com tanta bagunça de roupa em cima da cama e essa tentando vestir uma calça jeans que claramente, não lhe servia. Samantha viu com horror o quarto que havia de arrumar antes de ir trabalhar, sendo que não teria tanto tempo assim. Entrou em desespero, pois sua mãe era uma pessoa intransigente na sua vida e com uma personalidade terrível de se conviver. Dialogar então era algo impossível entre elas.

Caminhou até o banheiro e se trancou ali.
Desejou nunca ter tido aquela vida miserável. As lágrimas eram inevitáveis, e ali de pé em frente ao espelho do banheiro começou a chorar como nunca. Já fazia algumas semanas que ela não chorava tanto. Mas seu choro era diferente agora. Sentia raiva, ódio e revolta. Ela não queria ter nascido naquela família. Não queria ter tantas responsabilidades para uma garota da sua idade.

Pensava onde havia errado na vida para merecer uma mãe tão horrível como Vassilissa e o porquê ela era perseguida pela infelicidade. Em sua mente, pequenos flashbacks do dia anterior traziam mais lágrimas.

Ela havia pensado que as coisas mudariam. Que a vida tinha lhe dado uma segunda chance para mudar o seu destino. Contudo, Vassilissa estava no meio da estrada e poderia acabar com tudo se soubesse. Os gritos de Vassilissa ecoavam a parede do banheiro. Samantha não sabia quanto tempo mais aguentaria vivendo dessa forma e só não explodiu sua fúria com a mãe porque amava a irmã. Medussalina não podia passar pela mesma vida infernal que ela passou. E pensando no bem da irmã, lavou o rosto com água corrente da pia. Estava muito fria. Mas aquilo foi bom para aliviar o rosto vermelho e quente da garota.