DESPERTAR

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Pinheiro.

Juá.

Eu conheço este cheiro.

Era como estar acordada, mas ainda dormindo, eu sentia uma respiração pesada perto do meu braço, eu ouvia um piado, a conversa distante de alguém, o vento açoitando alguma janela. Por fim despertei com pouca luz a minha volta, cocei o olho e me espreguicei.

-Merda. - meus tornozelos arderam feito fogo quando inventei de esfregar os pés no lençol, hábito nosso de cada dia.

-Abi? - Andrew se levantou ao meu lado.

Seus braços estavam marcados pelas dobras do lençol e seu rosto inchado do sono.

-Beleza? - levantei o polegar e sorri para ele.

-Como se sente Abihole? - ele alongou os braços causando muitos estalos nas juntas.

-Atropelada por um caminhão. O que houve?

-Apesar de não poder morrer no Torneio, todos os ferimentos são reais de alguma forma. - Andrew apertou um botão ao lado da cama - Laura fez os primeiros socorros assim que Miles a entregou para Cobi e te trouxemos ao hospital.

-Como estão todos? Caio, Pietro, Regina...

-Estamos bem. - Regina apareceu na porta, Pietro segurava seu ombro, sua cabeça estava toda enfaixada, deixando somente um olho de fora, Caio veio logo em seguida, na cadeira de rodas empurrado por Brenda.

-Gente, tá todo mundo podre. - Brenda riu - Sou a mais inteira.

-Ria enquanto pode, quando eu puder levantar daqui você vai ver. - Caio resmungou entre dentes.

-Seu rosto. - olhei para Pietro.

-Não dói tanto, só o nariz quebrou e o resto está todo ralado.

-Você redefiniu o significado de ralar a cara de alguém no asfalto. - a Capitã riu.

-Acordou Abizinha! - Laura serpenteou entre meus amigos e pegou a prancheta pendurada aos pés da cama.

Ela estava diferente, os cabelos bem presos no coque, sua voz menos embronhada, de jaleco, estetoscópio e tudo. Laura aferiu minha pressão, verificou se mais alguma parte do meu corpo doía e desenfaixou meus tornozelos.

-Gatinha, isso foi feio hein. - Caio riu.

Por uma fração de segundos eu senti uma aura assassina ao meu lado, mas resolvi ignorar. Laura começou a fazer algum encantamento nas feridas, não sentia nada então talvez não seja nada demais.

-Eu ia receitar uma pomada cicatrizante, mas pelo que vejo isso cicatrizará muito bem.

-Abi poderá viajar? - Andrew perguntou.

-Receio que seja um pouco dolorido para andar, ela esfolou as duas pernas. Que tal aguardar sarar um pouco? - Laura sorriu refazendo o curativo.

Depois da Bruxa sair, meus amigos riam contando algumas coisas que aconteceram durante o Torneio. Caio era incrível, ele derrotou sozinho toda a equipe de Askar.

-Não foram todos de uma vez, mas na primeira Liça, de onde eu estava, havia algum feitiço. - o Lobo contou.

-Você que é burro. - Pietro gozou com a voz abafada pelas ataduras.

-Calado. Eu fiquei andando em círculos, tá ligado? E parece que todos eles caíram no feitiço também.

-O importante é que conseguimos. - Regina cruzou os braços - Melhore logo Abigail. Precisaremos de você para a Cerimônia dos Campeões.

A MALDIÇÃO (O Ritual #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora