Onde estava com a cabeça quando permiti que essa merda acontecesse?
Bufei ao pensar sobre isso. Depois que Renato nos deixou em casa, obriguei Gustavo a tomar seu banho e servi o almoço que Maria, nossa cozinheira e babá, havia deixado no micro-ondas. Já eu, não consegui engolir absolutamente nada. Estava me sentindo ansioso demais e sabia que correria o risco de vomitar toda a comida de tanta aflição que estava sentindo. Mais tarde, liguei para papai e tive a confirmação de que ele só chegaria depois das quatro da tarde, então aproveitei que depois do almoço, Gustavo adormeceu no seu quarto e entrei no banheiro para tomar um banho e lavar minha alma.
Me senti um idiota embaixo do chuveiro, me preparando para um primeiro encontro com uma garota, mas aí é que estava! A garota, na verdade, era um cara. Fiquei com raiva por estar com esses pensamentos estranhos na minha cabeça, mas não conseguia evitá-los. Provavelmente foi por essa razão que acabei ficando bravo comigo mesmo e vestindo apenas um short de linho branco que usava para dormir e uma regata preta. Em seguida, desci até a sala e sentei de frente para a TV. Cerca de uma hora depois, a campainha tocou e fiquei imóvel em cima do sofá, sem saber ao certo o que fazer. Só depois de tocar cinco vezes, corri até a porta.
Meu coração pareceu uma bala perdida, de tanto disparar. Quem me visse naquele momento, me acharia o cara mais idiota do mundo. Quando abri a porta, lá estava ele, parado e me olhando diretamente nos olhos. Ali, tive a certeza do que se tratava nossa conversa, então tentei relaxar; sem sucesso. Lucas parecia mais bonito que horas atrás. Seus olhos claros era o que mais me intimidava. Ele vestia roupas simples como eu e me encarou como nenhuma garota havia encarado antes e isso me deixou ainda mais nervoso.
Lucas entrou na minha casa sem tirar os olhos de mim e me seguiu em silêncio enquanto entrávamos na sala de estar completamente silenciosa. Maria havia tirado aquela tarde de folga e só voltaria no dia seguinte. Meu irmão continuava dormindo e ainda faltavam algumas horas até que Doutor Augusto chegasse.
- Então? O que aconteceu? – perguntei, tentando parecer despreocupado. Sentei no sofá e ele ficou em pé.
- Quero falar sobre nós dois. – disse ele, direto.
- O que tem... nós dois? – perguntei, gaguejando. Meus olhos estavam arregalados. Esperava um pouco mais de enrolação antes de finalmente descobrir o que diabos ele queria comigo.
- Realmente não sabe? – perguntou Lucas. Não havia expressão alguma no seu rosto.
- Bom, se soubesse, não estaria perguntando, não é mesmo? – falei, sem me dar conta do quão grosseiro estava sendo. Meus ombros estavam tensos e tudo o que queria, era que aquilo não torturasse minha cabeça.
- Você já beijou um cara antes? – a pergunta veio como um soco no estômago. Foi como se tivesse sido desmascarado naquele mesmo instante.
- O quê? Claro que não! Eu não sou gay! – quando dei por mim, já estava de pé. Meu modo defensivo havia sido ligado. Um sinalizador vermelho ofuscava meus pensamentos e uma voz me instigava a expulsar Lucas dali o mais rápido possível. Nunca tinha me sentindo em uma situação tão perigosa como naquele momento. Eu estava vulnerável.
- Eu também não sou gay! Não seja ridículo! – ele disse e o encarei com os olhos semicerrados.
- Então por que diabos está falando essas coisas? – perguntei, tentando não demonstrar o quão desesperado estava me sentindo.
-Não sei! – Lucas pareceu nervoso, trocando os pesos das suas pernas rapidamente. – Mas acho que está rolando algo entre a gente... – sua voz sumiu quando ele me viu levar as mãos à cabeça.
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Descobertas - O Filho do Amigo do Meu Pai - 01
RomanceDescobrir quem você é de verdade se tornou um desafio para Guilherme, um adolescente de dezesseis anos, em plena puberdade. Filho mais velho de um médico viúvo, Guilherme sempre foi um garoto comum que, na maioria das vezes, passava despercebido pel...