Nunca passou pela minha cabeça que Lucas poderia engravidar Bia. Não pensei que ele fosse ser tão burro a esse ponto. Não sabia ao certo como estava me sentindo. Acho que depois daquela notícia, fiquei... entorpecido. Era ridículo imaginar Bia com um filho do Lucas. Na verdade, era bizarro! Eles eram apenas dois adolescentes idiotas. Por um segundo, a possibilidade de sair da escola passou por minha cabeça e várias ideias para convencer meu pai a me deixar fazer isso começaram a surgir, mas me dei conta do quanto estava sendo estúpido. Sair do mesmo colégio onde eles estavam não mudaria o fato de que aquela criança poderia ser real.
Mais tarde, depois de ter me trancado no quarto e dormido por várias horas, acordei ainda com aquela sensação de vazio dentro de mim. Meu pai devia ter me chamado várias vezes e não tinha escutado. Levantei, fui para o banheiro, sentindo meu corpo reagir de forma estranha. Minhas pernas pareciam um pouco fracas e meu estômago embrulhava. Ao sair do banho, vesti uma roupa qualquer e quando abri a porta do quarto, dei de cara com meu pai no corredor.
- Você está bem? – perguntou ele. Não parecia bravo, só preocupado. Afirmei com a cabeça e tentei sorrir. – Vá comer alguma coisa. Você não comeu nada desde que chegou da escola. – ele disse, sempre com aquele seu olhar que deixava claro que ele estava tentando ler meus pensamentos. Doutor Augusto era acostumado a me ter sempre abrindo o jogo sobre o que acontece na minha vida, mas desde que Lucas entrou nela, isso mudou. – Antes, fale com Renato. Ele está te esperando lá em baixo. Eu estava vindo te chamar. – disse meu pai.
- O que ele quer comigo? – perguntei, inseguro.
- Algo em que Lucas parece ter se metido. – disse Doutor Augusto. Engoli o seco, já imaginava que os boatos deviam ter chegado até o pai de Lucas.
Meu pai e eu descemos juntos e quando cheguei a sala de estar, encontrei Renato sentado no sofá, com os cotovelos apoiados nos joelhos e a cabeça baixa. Travei na entrada, por um segundo. Aquilo me pareceu de alguma forma muito assustador, pensei em voltar correndo para o meu quarto, mas não deu tempo, o pai de Lucas logo me viu ali parado, por isso respirei fundo e me aproximei.
- Você já sabe, não é? – perguntou Renato, parecendo incrédulo. Encolhi os ombros, sem saber ao certo o que dizer.
- Lucas... ser pai? – falei, com um nó preso na garganta.
- Você acha que isso é verdade, Guilherme? – perguntou ele.
- Eu não sei, Renato. Não tenho falado com Lucas ou Bia nos últimos meses. – confessei, tentando não demonstrar meu nervosismo. O pai de Lucas passou as mãos pelo rosto.
- Eu sempre falei para ele que eu não gostava daquela garota. Nunca gostei dela! – disse, parecendo realmente bravo. Afirmei com a cabeça, já que concordava com o que ele estava dizendo.
- Mas se isso for verdade, a culpa não é só dela, Renato. Um filho não se faz sozinho. – disse meu pai. Por um momento eu tinha esquecido que ele estava logo atrás de mim.
- E Lucas, como está? – tive que perguntar. O pai dele bufou ao ouvir minha pergunta.
- Ele tá parecendo uma criança assustada. Não para de chorar. – disse Renato. Engoli o seco. - Não posso aliviar para ele agora. Já é bem grande, e vai ter que assumir essa responsabilidade. – disse ele, em seguida alternando os olhos entre meu pai e eu. - Eu bati nele. – falou Renato, parecendo envergonhado. O encarei seriamente.
- Bater nunca é uma opção válida, Renato. – disse meu pai, seriamente.
- Ele errou, mas não é disso que precisa agora. – falei, tentando ignorar a cena de Lucas sendo agredido pelo seu pai na minha cabeça. Uma lágrima ameaçou cair dos meus olhos. Imaginar a cena de alguém o machucando me deixava com raiva.
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Descobertas - O Filho do Amigo do Meu Pai - 01
RomanceDescobrir quem você é de verdade se tornou um desafio para Guilherme, um adolescente de dezesseis anos, em plena puberdade. Filho mais velho de um médico viúvo, Guilherme sempre foi um garoto comum que, na maioria das vezes, passava despercebido pel...