Na manhã seguinte fui acordado por Doutor Augusto. Tinha a sensação de ter cochilado por apenas trinta minutos. Ainda estava com muito sono e quase não consegui abrir meus olhos quando senti meu pai me cutucar. Ele já tinha aberto a janela do quarto e a luz da manhã iluminava tudo.
- Que foi? – perguntei, resmungando com voz de sono.
- Está na hora de levantarem. Andem rápido, não quero enfrentar trânsito. – disse. O encarei por um momento, me sentindo um pouco perplexo por ele parecer tão disposto, depois de ter tomado várias bebidas na noite anterior. Sentei-me no colchonete e reparei que Renan ainda estava dormindo. Samanta estava acordando. Ela já olhava para mim com seu ar risonho. – Bom dia, Samanta. – disse meu pai, para ela. Samanta apenas ergueu seu braço e com uma das mãos, ela fez um sinal de paz para meu pai, que riu e saiu do quarto em seguida. – Não demorem. Às oito horas nós sairemos. – disse Doutor Augusto.
- Pode ir primeiro. – falei, querendo dormir um pouco mais.
- Vai você! – disse Samanta, percebendo minhas intenções. Ri e levantei depois de alguns minutos. A casa estava silenciosa. Meu pai devia estar vagando por ela, acordando todo mundo. Tomei um banho e quando terminei, enrolei a toalha na cintura e saí, completamente alheio a lembrança de que Samanta estava ali. Quando abri a porta, ela e Renan estavam sentados na minha cama, me olhando. Dei um passo para trás e entrei no banheiro, fechando a porta o quanto antes. Vesti-me lá mesmo. Coloquei um short, camisa regata e chinelos. Quando saí, pronto, Samanta riu. – Não é à toa que Lucas é caidinho por você. – disse ela, passando por mim e entrando no banheiro.
Minutos depois, deixei Renan e Samanta no meu quarto e desci, já com minhas bolsas. Coloquei num canto da sala e fui para cozinha, afim de tomar café da manhã, sendo surpreendido por Victor, que estava sentado atrás do balcão, comendo algo. Seus olhos sérios me encararam por um momento até ele voltar a atenção para o que fazia.
- Pensei que ainda estivesse dormindo. – falei, indo até o armário. Ele demorou um pouco para responder.
- É, acordei cedo. – disse. Sentei-me atrás do balcão, ao lado dele.
- Você também vai para a casa da praia? – perguntei, apesar de já saber a resposta. Meu pai já havia confirmado.
- Parece que sim. – falou Victor, sem muita animação.
- Não gosta de praia? – perguntei, tentando interagir com ele, o que era muito difícil. Não entendia a razão dele ser tão diferente da mãe e do irmão que eram bastante comunicativos. Victor apenas se limitava a falar o necessário.
- Não. – respondeu. Resolvi parar por aí, pois ficou evidente que não estava afim de papo. O silêncio se fez presente na cozinha por vários minutos, ambos tomando café da manhã como se não existisse ninguém ao lado. Em certos momentos, percebia o olhar torto dele para mim, que sempre desviava quando eu resolvia retribuir a ação. Depois de algum tempo, meu pai apareceu, com Renato.
- Onde está Lucas? – perguntei, assim que o vi. Renato riu e fiquei encabulado por não conseguir disfarçar minha ansiedade.
- Ele está terminando de arrumar as coisas dele. – disse Renato. Sorri para ele. – Quero que vocês tomem cuidado quando ficarem sozinhos lá, ok? Deixar vocês lá, sozinhos é um perigo. Lucas não tem juízo algum. – falou Renato. Meu pai começou a rir.
- Pode deixar. – falei, com um sorriso enorme no rosto, mas o desfiz quando olhei para o lado e vi Victor me encarando com os olhos semicerrados e uma expressão muito séria. Isso me causou um calafrio!
-
Não demorou muito para todo mundo ficar pronto. Renan e Samanta já tinham carregado suas malas para sala, assustando meu pai com a quantidade de bolsas. O grande problema que surgiu, era que dois carros não foram suficientes para levar todos nós. Pedro teve que buscar o carro dele que tinha sido emprestado ao seu colega de apartamento. Esperamos por ele por alguns minutos, e assim que voltou, pegamos a estrada.
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Descobertas - O Filho do Amigo do Meu Pai - 01
RomanceDescobrir quem você é de verdade se tornou um desafio para Guilherme, um adolescente de dezesseis anos, em plena puberdade. Filho mais velho de um médico viúvo, Guilherme sempre foi um garoto comum que, na maioria das vezes, passava despercebido pel...