No domingo, acordei no meu quarto tomado pela escuridão, o que era estranho, já que meu pai ou Maria sempre abriam a janela para me acordar com a luz do dia. Achei que ainda era noite, mas essa ideia se desfez ao notar os feixes de luz que escaparam pela janela. Pensei em tudo o que tinha acontecido na noite anterior, em Lucas, seus beijos, seus toques... parecia que nada daquilo era real e que quando levantasse daquela cama, daria conta de toda a dura realidade.
Fiquei alguns minutos imóvel sobre o colchão, me recuperando do sono e perdido em pensamentos, até que levei meu braço ao criado mudo que ficava do lado da cama e senti um volume ao meu lado. Fiquei estático, o que durou alguns segundos e em seguida liguei rapidamente a lanterna do meu celular. Levei a claridade até o espaço ao meu lado e vi que era Gustavo quem estava enrolado dos pés à cabeça, na minha cama. Pelo menos era o que achava no início. Meu irmão tinha a mania de acordar e ir até meu quarto, deitar na minha cama enquanto eu ainda dormia. Naquele instante, não pensei em conferir se era realmente Gustavo quem estava ali, mas apenas voltei para posição em que estava e fechei os olhos, na tentativa de voltar a dormir, não conseguindo.
Quem quer que fosse a pessoa ao meu lado, em determinado momento, me agarrou por trás. Era uma pegada forte e ao perceber isso, pulei imediatamente da cama, caindo de quatro no piso frio. Tateei imediatamente a parede, em busca do interruptor e, quando acendi a luz, encontrei Lucas ali. Ele estava dormindo, coberto com meu edredom. Não fazia ideia de como ele tinha entrado no meu quarto sorrateiramente, sem que eu percebesse.
- Você só pode estar me zoando. – balbuciei, para mim mesmo. Em seguida, fui até a porta do meu quarto e a abri, saindo e dando uma rápida volta pela casa. Não havia ninguém, e ao olhar a hora, vi que eram pouco mais do meio dia. Meu pai, eu sabia que estava trabalhando e Maria, passava seus domingos na sua casa. Provavelmente tinha levado meu irmão consigo, o que era algo comum. Então depois de ter certeza de que estava seguro, voltei para o quarto e acendi a luz novamente. Lucas continuava do mesmo jeito. Não se movia. Parecia até estar morto. - Ei! – chamei, cutucando ele. Nem um sinal de vida. – Lucas, acorda! – tentei outra vez, nada. Fiz isso, várias e várias vezes e ele parecia estar em um sono profundo, então acabei desistindo.
Fiquei parado diante da cama, vendo ele ali, dormindo. Olhei em volta do quarto e pensei por alguns segundos até me encaminhar a porta do meu quarto e trancá-la. Ainda estava com sono, então, resolvi voltar para a cama, sem fazer movimentos bruscos para não o acordar. Não consegui apagar. Saber que Lucas estava ali, do meu lado, me deixou inquieto. Era incrível o quanto mostrava certa inocência quando estava dormindo. Ele poderia ser grande, mas nada tirava aquela sua essência, uma criança no corpo de um adolescente.
Nós estávamos descobrindo coisas novas, aprendendo a enfrentar situações que jamais imaginaríamos enfrentar algum dia. Por outro lado, era aterrorizante imaginar que talvez nós dois não conseguíssemos ficar juntos, um dia. Quando pensava em um futuro ao lado de Lucas, era inevitável não me perguntar qual seria o julgamento das pessoas a nossa volta. Não me sentia bem em ser criticado e, pensar em todos me julgando era algo aterrorizante. Por essa razão tinha que ir com calma. E antes de decidir se enfrentaria ou não tudo o que estava por vir, teria que saber se valeria realmente a pena.
Perdido no meio de todos esses pensamentos, acabei sendo pego de surpresa quando Lucas me agarrou novamente na cama. Ele havia acordado e sorria descaradamente com uma expressão de sono, gemendo e agindo de forma carinhosa. Fiquei preso nos seus braços e não fiz nada para fazer com que ele me soltasse. A noite anterior havia me dado a segurança de que eu estava precisando explorar, cautelosamente, aquilo.
- Como veio parar aqui? – perguntei, sentindo Lucas me apertar com seus braços.
- Pela porta. – zombou ele, me fazendo revirar os olhos.
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Descobertas - O Filho do Amigo do Meu Pai - 01
RomanceDescobrir quem você é de verdade se tornou um desafio para Guilherme, um adolescente de dezesseis anos, em plena puberdade. Filho mais velho de um médico viúvo, Guilherme sempre foi um garoto comum que, na maioria das vezes, passava despercebido pel...