Meu pai havia tirado três dias de folga por causa do meu aniversário, e Gustavo ficava o tempo todo com ele. O dia foi uma correria desde que tinha voltado da escola. Tive que ir ao shopping pegar minhas roupas e as de Renan. Era uma fantasia ridícula de carteiro da roça que usaríamos na festa junina. Depois, fui ao Buffet com papai e quando parei em casa, fiquei cuidando do meu irmão.
No dia seguinte, meu celular não precisou despertar, muito cedo o barulho era infernal. Quando acordei, Renan, que havia dormido na minha casa, não estava mais no quarto e antes de levantar, percebi que duas caixas de presentes foram deixadas em cima da minha cama. Uma era do Gustavo e a outra do meu pai. A curiosidade tomou de conta, a do meu pai era grande e foi a primeira que abri. Fiquei feliz ao descobrir que tinha finalmente ganhado um notebook, já que tinha passado os últimos meses infernizando papai para que ele substituísse o meu computador. Já o presente do Gustavo parecia estranho, mas sabia que não era nada material. Ele mesmo sempre confeccionava os presentes que distribuía, com a ajuda do papai e da Maria. Abri a pequena caixa e sorri com o que encontrei dentro. Dois bonequinhos abraçados, um maior que o outro. Na camisa dos bonecos estava escrito meu nome e no menor, tinha o nome do Gustavo.
Quando desci com minha mochila e a de Renan, encontrei todos na cozinha. Meu pai, meu irmão, Renan, Renato e tio Fernando. Parei na porta. Todos estavam olhando para mim e começaram a cantar os velhos Parabéns. Fiquei muito envergonhado com aquilo, me sentindo uma criança de dez anos. Quando terminaram de cantar, todos vieram me abraçar e me dar os parabéns. Foi nesse momento que eu decidi que aquele dia seria um dia feliz na minha vida, independente de Lucas ou não fazer parte dela, pois eu tinha algo muito mais valioso que o amor dele, que era a minha família e os meus amigos, e nada era mais importante que todos eles.
Quando Renan e eu chegamos a escola, ela já estava cheia, apesar de ninguém estar propriamente caracterizado ainda. Samanta se encontrava na nossa tenda, percebi de longe que usava maquiagem a caráter, com o cabelo feito uma Maria Chiquinha.
- Ai, feliz aniversário Gui! – disse ela quando nos aproximamos. Apenas sorri sem graça e nos abraçamos enquanto Renan fazia piadas sobre eu estar ficando velho por completar dezessete anos.
Samanta tinha deixado nossa barraca praticamente pronta. A abertura da festa seria às oito da manhã. A escola contratou uma banda para cantar músicas juninas. E faltavam dez minutos para os festejos começarem, quando Renan e eu resolvemos trocar de roupa. Fomos a todos os vestiários do colégio e estavam lotados. Renan ficou impaciente e falou que tinha uma solução, então nós voltamos para a barraca.
- Eu não vou trocar de roupa aí! – falei sério, vendo Renan tirar a roupa dentro da barraca. Ele ria muito.
- Para de ser chato. Ninguém está olhando e não se preocupe. Não vou te provocar para você querer me beijar! – ele zombou e depois de muita discussão, acabei cedendo. Samanta ficou na frente da barraca para que ninguém nos visse ali, só de cueca, mesmo que ela mesmo desse uma espiada vez ou outra. Eu tentava a todo custo não olhar para Renan ali, só de cueca. Era uma visão e tanto, mas logo tratei de me concentrar apenas na sua cabeleira ruiva.
Quase desistia de tudo quando terminei de vestir minha roupa. Aquilo era muito ridículo! Uma camisa branca, um pouco colada no corpo. Outra camisa vermelha e xadrez por cima. E uma calça jeans folgada, com um suspensório. Quando terminei de arrumar minha mochila que estava dentro da barraca, saí. Renan estava vigiando a barraca enquanto Samanta tinha ido se vestir. Fiquei com ele sentado enquanto esperávamos por ela. A essa altura, a banda já tinha começado a tocar e a festa começado. Na barraca do beijo, só pude ver Bia, que estava fazendo o papel ridículo de distribuir beijos para os garotos da escola.
- Acho que essa é a sua oportunidade. – eu disse para Renan, afim de provocá-lo. Ele me empurrou em reposta e nós rimos.
- E aí, como estou? – disse Samanta, se materializando na nossa frente. Fiquei com os olhos arregalados quando a vi. Ela estava linda! Usava vestido curto com saia que parecia um balão. Meias que pareciam lingeries e um sapato de salto. Renan, coitado, não conseguiu tirar os olhos dela. Acho que aquela foi a primeira vez que ele a olhou de forma diferente. Samanta pareceu de alguma forma gostar daquilo.
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Descobertas - O Filho do Amigo do Meu Pai - 01
RomanceDescobrir quem você é de verdade se tornou um desafio para Guilherme, um adolescente de dezesseis anos, em plena puberdade. Filho mais velho de um médico viúvo, Guilherme sempre foi um garoto comum que, na maioria das vezes, passava despercebido pel...