Capítulo 16

34.1K 3K 1K
                                    

Não sabia a razão por ter acordado na segunda-feira, muito cedo. Me senti um pouco sonolento, a ansiedade para ver Lucas era tanta, que cheguei a ficar pronto uma hora antes de sair de casa. Meu pai estranhou, claro, e logo veio com as insinuações dele para cima de mim.

- Por que está com pressa de ir para escola? – perguntou meu pai, provocando.

- Eu? Nada. Só acordei cedo. – disse, me mostrando despreocupado enquanto comia, na cozinha.

- Sei... eu te conheço, Guilherme. – Doutor Augusto falou, querendo que eu abrisse a boca.

- Não se preocupe. Não é nada. – disse.

- Os dois já prontos, essa hora? – falou meu pai unindo as sobrancelhas com desconfiança. Olhei para trás e Lucas estava parado com a mochila nas costas, me olhando e rindo. Ele havia chegado sem que eu percebesse.

- Acordei cedo! – disse Lucas, com as mesmas palavras que eu. Olhei para o meu pai que acabou rindo daquilo. Lucas ficou com o olhar perdido, sem entender o motivo dos risos.

Meu pai acabou nos levando cedo para a escola. Ele ia trabalhar a tarde. No colégio, não havia absolutamente ninguém. O portão principal estava fechado e só algumas pessoas que eram da biblioteca e da equipe de limpeza que estavam esperando a escola abrir. Fomos para a lanchonete em frente e ficamos sentados numa mesa. Dava para perceber que Lucas também não tinha dormido muito bem.

- Senti falta de você, ontem à noite. – disse Lucas. Ele estava com a cabeça deitada na mesa, sobre a mochila. Sua mão segurava a minha embaixo da mesa.

- Eu também. Quase não consegui dormir. – falei, bocejando. Rimos.

- Queria que todas as noites fossem como aquelas. – ele disse.

- Não seria nada mal. – falei, sorrindo.

Alguns alunos que vinham de ônibus para escola já estavam chegando. Todos iam para mesma lanchonete onde estávamos e logo afastamos um pouco, já que continuávamos de mãos dadas. O tempo então passou e o portão da escola foi aberto. Lucas e eu atravessávamos a rua, quando escutamos alguém gritando pelo meu nome. Era Samanta, que vinha pulando alegremente.

- Ei, quem é você? Eu te conheço? – brincou Lucas. Ela deu uma tapa no braço dele.

- Ai, para de ser chato! – falou Samanta.

- Olha só, ele apareceu! – brinquei, vendo Renan chegar. Ele ficou todo tímido.

- Eu sei que você sentiu saudades de mim. – disse ele.

- Ei, ele só sente saudades de mim, ok? – a voz de Lucas saiu autoritária. Todos ficaram calados por poucos segundos.

- Fica com ciúmes não, amor. – falei tentando soar como brincadeira. Pareceu ter funcionado, já que todos riram.

- E Bia, não chegou? – perguntou Renan enquanto caminhávamos para sala.

- Não sei. – eu disse, fazendo uma careta. Ele acabou notando. Ainda tínhamos meia hora antes de começar a aula e nós quatro ficamos sentados num banco perto da sala de aula. Samanta ficou perguntando como tinha sido nosso final de semana. Lucas e eu não comentamos nada sobre termos ido à praia. Apenas falamos que foi legal e trocamos olhares.

No portão do nosso bloco, vi Bia chegar minutos depois. Ela logo nos notou ali e abriu um sorriso enorme, mas não para todos exatamente, e sim para um em especial. O meu namorado. Bia chegou por trás de Lucas e tampou os olhos dele. Samanta me olhou com desconfiança. Renan parecia uma pedra de tão imóvel que estava. Seus olhos imediatamente procuraram os meus. Ele sempre me olhava quando aquele tipo de coisa acontecia. Eu apenas o olhava de volta e tentava dizer silenciosamente que ele não desse bola para aquilo. Sem saber ao certo de quem se tratava, Lucas riu, puxando-a pelo braço e fazendo com que Bia caísse no seu colo. Percebendo de quem se tratava, ele olhou diretamente para mim, surpreso. O fuzilei com o olhar, principalmente pelo fato de Bia não ter saído do colo dele.

Descobertas - O Filho do Amigo do Meu Pai - 01Onde histórias criam vida. Descubra agora