Já era por volta das nove da noite quando saí do meu quarto e desci, pronto para a festa do papai. Eu estava usando calça jeans e uma camisa branca de mangas compridas. Doutor Augusto era um homem muito supersticioso e fazia questão que todos nós, inclusive os convidados, usassem branco para receber o ano novo.
A sala da minha casa se encontrava cheia de convidados. Funcionários do Hospital, amigos e alguns parentes já estavam presentes. Cumprimentei algumas pessoas que conhecia e me esquivei de alguns parentes. Não tinha costume de ter tanta gente na minha casa e não era um grande fã das festas do Doutor Augusto. Por falar nele, encontrei o meu pai na porta da sala, recebendo mais alguns convidados. Podia ouvir o som de música eletrônica vindo do jardim e isso me animou um pouco.
- Correu tudo bem com as compras? – perguntou meu pai.
- Sim. Maria e Clarisse cuidaram de tudo. – respondi.
- Fica de olho no teu irmão, tá? – pediu meu pai e afirmei com a cabeça. Em seguida, fui até o jardim, afim de procurar por Gustavo. Isso não demorou muito a acontecer. Quando saí no jardim, algumas mesas estavam espalhadas, várias luzes e decoração branca. Encontrei meu irmão na mesa de som, ao lado de Pedro. Gustavo estava com fone de ouvido maior que sua cabeça e dançava ao lado do filho mais velho de Clarisse, que também usava o fone e ensinava algumas coreografias para o meu irmão. Malú e Victor também estavam ali, e Victor foi o primeiro a me notar. Ele parecia entediado, bebendo uma cerveja e me encarou abertamente quando me aproximei.
- Achei que o DJ da festa seria você! – eu gritei para Pedro, que riu. Meu irmão sequer me deu atenção. Ele parecia muito mais interessado no que estava fazendo.
- Esse garoto dança melhor que eu! – disse Pedro, me fazendo rir.
- Onde está o seu amigo? – perguntei, olhando em volta e tentando identificar alguém.
- Ele já devia estar aqui! – disse Pedro. Encarei meu irmão, sem querer acabar com sua alegria e me virei para Malú.
- Será que você pode ficar de olho nele? Vou até a casa do vizinho. Prometo que não vou demorar! – pedi, e Malú logo afirmou com a cabeça.
- Fica tranquilo. Não vou tirar os olhos desse gato! – ela disse, cutucando o meu irmão que se virou para ela e ao ver a piscadela de Malú, suas bochechas ficaram muito vermelhas, mas nem mesmo isso o impediu de continuar com sua diversão.
- Ei, se comporte, entendeu? – eu disse quando me aproximei do seu ouvido. Gustavo apenas se limitou a abrir um largo sorriso para mim.
-
Quando saí de casa, foi difícil não perceber as dezenas de carros estacionados pela rua do condomínio. Além dos amigos, funcionários e família, tinha percebido que papai também havia convidado toda a vizinha. Minha casa se destacava das outras, os feixes de luz vindo do jardim denunciavam a festa. Estava prestes a atravessar a rua quando um carro parou bem na minha frente e para a minha alegria, Renan e Samanta saíram dele. Minha melhor amiga usava um minivestido branco, com saltos que a deixaram maior que Renan, que assim como eu, usava jeans e camisa social branca. Não deixei de reparar que ele tinha cortado o seu cabelo, as laterais raspadas e a parte de cima com seus cachos ruivos. Estava muito bonito.
– Até que enfim! – falei, rindo.
- Minha sogra estava me passando várias recomendações para cuidar do filho dela. – disse Samanta, rindo e zombando de Renan, que ficou envergonhado.
- Não começa, se não desisto dessa viagem! – ameaçou Renan. Samanta riu de forma irônica.
- Ai, meu amor, se não quiser ir, não vai. Te garanto que eu vou! – falou ela, olhando para suas unhas vermelhas. Antes que eles pudessem continuar a discussão, o som do carro buzinando chamou minha atenção. Era o carro do irmão de Samanta, no qual eles tinham descido. – Calma seu idiota! – disse minha amiga, louca como sempre. Ela foi até o irmão e pegou a chave do porta malas.
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Descobertas - O Filho do Amigo do Meu Pai - 01
RomanceDescobrir quem você é de verdade se tornou um desafio para Guilherme, um adolescente de dezesseis anos, em plena puberdade. Filho mais velho de um médico viúvo, Guilherme sempre foi um garoto comum que, na maioria das vezes, passava despercebido pel...