Na segunda-feira, como foi combinado, fui com Lucas para a escola. Seu pai havia nos levado e quando chegamos, Bia estava nos esperando no portão e não demorou muito, Renan também se juntou a nós. Àquela altura, já tinha notado que Bia tinha certo interesse por Lucas, mas não me preocupei, pelo menos não naquele momento, principalmente porque Lucas estava sempre agindo de forma irritada quando se tratava dela. Então tentei não demonstrar incômodo quando ela o recebeu com um abraço, com Lucas desinteressado, se mantendo ereto, claramente pouco à vontade com aquilo. Além disso, meu olhar acabou cruzando com o de Renan, que mordeu o lábio e fez um sinal negativo com a cabeça, deixando claro o seu ciúme.
Foi quando entramos na escola que nos demos conta de que algo errado se passava. O colégio estava mais cheio do que de costume. Rostos novos circulavam pelos corredores e burburinhos eram ouvidos por todos os lados. Foi Bia quem acabou abordando a inspetora da escola que passava por nós naquele momento. Ela nos explicou que a outra sede tinha entrado em reforma e que parte dos alunos haviam sido enviados para aquele prédio, ou seja, isso significava que teríamos novatos na sala de aula.
O sinal enfim bateu e todos foram para os seus devidos lugares. Combinei com Lucas de nos encontrarmos na lanchonete na hora do intervalo, mas tinha quase certeza de que antes disso, ele me faria uma visita na sala. Lucas já era conhecido pelos professores por esquecer as canetas em casa.
Já na sentados, Renan, Bia, eu e toda a turma, incluindo os novos alunos, esperávamos a professora de inglês que não demorou muito e logo se juntou a nós. Antes, eram trinta e cinco alunos e a partir daquele dia, com os novatos, a sala ficou um pouco apertada para tanta gente. Cerca de dez novos colegas tinham sido integrados a turma. Todos sentaram juntos e a maioria deles pareciam se sentir desconfortáveis com a situação. A sala ficou dividida em duas partes, e a professora, claro, não gostou do que estava vendo.
- Vamos facilitar esse entrosamento, ok? - disse ela, observando a turma. - Vamos misturar um pouco. Dani? - Dani era uma colega de cabelos vermelhos que estava sentada duas mesas a minha frente. - Você pode trocar de lugar com ele? - a professora apontou para um garoto alto que estava sentado na frente. Ele era um dos alunos novos.
Os próximos vinte minutos foram usados para fazer as trocas de lugares. A professora não me tirou de onde estava, mas colocou Bia do outro lado da sala e Renan sentado na frente. Eu estava cercado pelos novos alunos. Na minha frente, estava um garoto baixinho que mais lembrava uma criança. Ele não parecia ser muito mais alto que Gustavo. Quando virei discretamente para olhar quem estava nas minhas costas, encontrei uma garota que me encarou como se fosse me dar um soco a qualquer momento, por isso me voltei rapidamente para frente, com os olhos arregalados.
Na fila ao meu lado, havia uma dupla de garotos. Eram aqueles tipos de caras bagunceiros, que estavam sempre cochichando e rindo de algo. Fui observando que em determinado momento, um deles olhou na minha direção e me pegou estudando-o. Virei meu rosto timidamente para frente, ficando com o corpo ereto. De esguelha, pude ver que ele chamou seu parceiro, que também me olhou. Aquilo me deixou nervoso e quando virei meu rosto em suas direções, eles rapidamente disfarçaram e começaram a trocar sussurros. Devia ter percebido naquele momento, que os dois seriam um grande problema.
Antes de iniciar a aula, a professora pediu para que todos se apresentassem. Ela começou pelo outro lado, perguntando os nomes de cada aluno, até mesmo os que ela já conhecia. Quando chegou à fila dos dois garotos ao meu lado, perguntou seus nomes e depois de muito debochar, eles enfim falaram. O primeiro, moreno e alto, era Matheus. E o segundo, um negro de olhos meios puxados, era Danilo, e parecia ser o mais encrenqueiro. Era o que me olhava a cada dez segundos com cara de deboche. A professora já estava na minha fila e quando chegou a garota atrás de mim, voltei a prestar atenção. Virei o rosto para que pudesse notá-la. Ela parecia estar muito irritada.
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Descobertas - O Filho do Amigo do Meu Pai - 01
RomantikDescobrir quem você é de verdade se tornou um desafio para Guilherme, um adolescente de dezesseis anos, em plena puberdade. Filho mais velho de um médico viúvo, Guilherme sempre foi um garoto comum que, na maioria das vezes, passava despercebido pel...