Prólogo

2.9K 189 21
                                    


Uma mescla de luzes com brilhos intensos e sons extravagantes rodava na frente de Felipe. Fazia um giro sinistro nos seus olhos e batia naqueles corpos que balançavam num ritmo dançante. Entrava naquelas peles — elas eram como um buraco negro: absorviam tudo, tudo, tudo. Depois, como se fizesse mal, regurgitavam a matéria. E escorria aquela mistura pelos braços e cabelos. Misturava-se ao chão, formando desenhos psicodélicos.

Um ruído de risada estrangulada ecoava bem próximo aos seus ouvidos. Mãos apalpavam. Seu pescoço, costas, abdômen. Desciam até as partes íntimas. Loucura. Ele sentiu o corpo ser deitado, mas nada daquilo parecia ser real, por que essa sensação seria?

Só sabia que estava se divertindo muito, muito, muito. Todas aquelas cores que ele via... eram tão bonitas! E a sensação de estar flutuando? Nunca sentira nada igual antes. Mesmo que parecessem irreais, seu único pensamento era o de que queria mais. Muito mais daquilo.

Então tudo mudou.

Sentiu um puxão na boca do esôfago. Logo depois, o refluxo. Um gofo veio à boca. Ele virou a cabeça para o lado. Saiu tudo. Até o que não sabia estar dentro dele.

Quando terminou, estava suando frio e algo quente tocava seu rosto.

— Melhor pra fora do que pra dentro — uma voz masculina falou de algum lugar distante.

— Você não merece resposta, Luan. — Dessa vez era uma garota. Ela parecia furiosa. — Eu disse a você que era a primeira vez dele. Nada de drogas ou bebidas, lembra?

— Relaxa, Lola... E curte a onda — disse o rapaz, rindo no final.

Felipe tentou abrir os olhos, mas tudo o que viu foram tranças negras e dois rostos vagamente conhecidos. Depois, tudo ficou escuro e ele sentiu sua consciência ser puxada para algum lugar sombrio. Imaginou se seria aquela a sensação de ter uma overdose de drogas. Esperava não descobrir.

Ovelhas NegrasOnde histórias criam vida. Descubra agora