Maria de Lourdes
Após o jantar, a cabeça de Lola girava. Primeiro, as perguntas sobre a sua família. Depois, sobre seus gostos. E a cada resposta que ela dava, um olhar de reprovação e desprezo. Ela não era boa o suficiente para o filhinho deles. Mal sabiam que o namoro era falso. Seria uma surpresa e tanto se descobrissem isso. Uma surpresa maravilhosa, diga-se de passagem.
Ela, contudo, não se importava. Precisava apenas dar um tempo. Ambientes como aquele da casa de Felipe a sufocavam. Mais até que a sua própria casa. Ela queria ar fresco. Um baseado. Algumas bebidas. Só assim para relaxar de verdade depois daquela tortura.
Num ato impulsivo, pegou o telefone. Queria telefonar para Eric, ele sempre a salvava naqueles momentos, mas lembrou-se que não podia. Nem deveria. Eric precisava viver a própria vida ao invés de segui-la, resolvendo todos os seus problemas. Então, ligou para Luan. Exigiu que ele fosse buscá-la na calçada da casa de Felipe — porque não, ela ainda não havia saído dali — e a levasse para algum lugar com muita bebida e muita maconha. E tinha que ser imediatamente. Quanto mais rápido ela ficasse chapada, mais rápido ia esquecer aquele jantar.
Alguns minutos após desligar o celular um carro prateado parou em frente a ela. Lola já tinha visto aquele carro antes. Era Luan quem estava dirigindo. Saltou da calçada e abriu a porta da frente.
— Preciso beber alguma coisa — disse, colocando o cinto de segurança, sem nem olhar para o garoto.
— Às suas ordens, sol e estrelas.
Lola revirou os olhos e Luan acelerou o carro. As janelas estavam abertas e ela sentiu o vento bagunçando suas tranças. Era uma sensação boa aquela. Como se estivesse livre de todas as amarras que a prendiam. De todos os padrões que a obrigavam a seguir, mesmo quando ela era veementemente contra.
A menina recostou a cabeça no encosto da poltrona do carro e soltou um suspiro longo. Era bom estar longe de Felipe e da família dele. O colega e provável novo amigo era legal, porém a prendia demais. Lola se sentia limitada perto dele e de seus olhares reprovadores. E mesmo sabendo que ele fazia sem perceber e querer, era maçante.
Sair para beber, fumar e dançar e se divertir era tudo o que ela precisava. Ainda bem que tinha conhecido Luan, para acompanhá-la nessas farras fora de hora e sem aviso prévio. Ele foi sem questionar. Era uma de suas qualidades. A falta de curiosidade era uma benção em alguns momentos. Para Lola, era-o em todos eles.
— Chegamos — anunciou Luan, estacionando o carro prata frente a uma casa noturna.
Lola saltou do automóvel. Parou na frente do estabelecimento, observando-o. Por fora, era pequeno e estreito. Tinha uma placa em néon que dizia "Só para Maiores" e um segurança conferindo os documentos das pessoas — mas ele não era lá muito eficiente, porque muitos eram adolescentes, alguns até mais novos que Lola. As paredes estavam descascando e tinha um poste de luz bem na frente dele. Não era um lugar muito atraente.
— Eu não vou entrar aí nem morta — disse ela, batendo pé.
— Ah, qual é, Lolita? — Luan apertou a bochecha dela, inventando mais um apelido. — Você não confia em mim?
— Preciso mesmo responder? — Ela arqueou uma das sobrancelhas e Luan revirou os olhos, puxando-a pelo braço para dentro do estabelecimento.
Os dois nem ao menos entraram na fila. Luan apenas piscou para o segurança que fez um sinal de positivo, deixando eles entrarem. Lola nem estranhou. Ela conhecia vários seguranças e, por causa disso, entrava sem pagar e sem ter seus documentos conferidos em várias baladas.
Quando adentrou o local, entretanto, ficou muito surpresa. Lá dentro, havia um bar e várias mesas também, com sofás substituindo as cadeiras. Um DJ tocava no fundo do estabelecimento. No centro do local, um palco redondo com várias barras de ferro. Mulheres, todas elas seminuas, dançavam ao redor das barras. Algumas recebiam dinheiro de homens que bebiam como se não houvesse amanhã. Outras, desciam do palco e acompanhavam adolescentes na pista de dança.
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Ovelhas Negras
Novela JuvenilO garoto popular. A garota problema. O nerd. Três adolescentes com absolutamente nada em comum. Uma noite. Uma festa. Um problema. Foi o suficiente para unir os três. Juntos, eles percebem que tem mais em comum do que apenas famílias tradicionais e...