Felipe
Os mesmos olhos desafiadores e decididos de Lola. Eles estavam gravados no rosto do homem que encarava Catarina com tanta raiva. Luan estava ao seu lado e o olhava com a mesma confusão que ele próprio sentia. Parecia que havia uma briga, mas onde estava Lola? Ela não estava em nenhum dos lugares visíveis aos olhos dele. Com muito custo, Felipe não subiu as escadas e perguntou isso à Catarina.
Não se podia dizer o mesmo de Luan. Ele já estava se esgueirando para dentro da casa.
— Ei, o que você está fazendo? — Felipe sussurrou. Parecia que estava num filme de ação. —Volte aqui!
Luan não lhe deu ouvidos. Estava com as costas encostadas na parede, tentando decidir onde era o quarto de Lola e não ser visto no processo. Felipe revirou os olhos e foi atrás dele, se perguntando por que não chamava logo a mãe de Lola. A resposta veio mais rápida do que ele esperava.
— O que está fazendo, Felipe? — Catarina perguntou, olhando diretamente para ele.
Felipe gaguejou algumas palavras, mas nada fazia muito sentido. Não sabia muito bem o motivo, só sentia uma espécie de medo da mãe de Lola. Provavelmente era alguma coisa no jeito dela de olhar para ele, como se fosse capaz de arrancar seu coração e comê-lo no jantar. Estava suando frio quando Luan veio em sua salvação.
— Oi, eu sou Luan — ele disse com um sorriso engessado no rosto e levantando a mão. — Luan Monteiro. O filho de Antônio Monteiro.
Catarina continuou olhando para eles e cruzou os braços.
— Ah, vocês são os amigos dos quais Lola me falou — o homem veio da sala e apertou a mão de Luan, que pendia no ar. — Eu sou Lucas...
Uma porta foi aberta e o barulho fez Lucas parar de falar.
—... meu pai — ela disse, olhando para os dois meninos como se soubesse que eles fossem aparecer. — Vão ficar aí parados? — Lola perguntou, abrindo mais a porta.
Felipe balbuciou alguns cumprimentos e foi em direção ao quarto de Lola. Ele não estava entendendo nada. Primeiro a menina desaparece. Depois, o pai dela aparece. E agora, ela reaparece. Sua cabeça estava dando um nó. Lola teria muito que explicar.
Tomou outro susto quando adentrou o cômodo. Sentado na cama de Lola, olhando os CDs da garota, estava aquele amigo mais velho de Juno. Eric. Seus fios loiros estavam mais escuros e a pele estava bronzeada, como se tivesse acabado de chegar da praia, apesar de ele morar num lugar frio. Mesmo assim, ainda tinha o mesmo rosto de sempre.
Felipe estreitou os olhos para o garoto. O que ele estava fazendo ali também? Olhava de Lola para ele, esperando por explicações. A garota, entretanto, nem se deu ao trabalho de apresentar Eric a Luan. Ela apenas deu de ombros e sentou ao lado de Eric, tirando os CDs das mãos dele e colocando-os na gaveta do criado-mudo.
— Acho que vocês querem saber o que aconteceu — ela disse por fim, suspirando.
— Você acha? — Luan ironizou. Lola assentiu.
— Bem — ela começou —, depois que briguei com você — ela apontou para Felipe com a cabeça —, saí andando sem rumo e parei no restaurante dos pais de Eric. A gente saiu e depois ele me trouxe para casa. Então, eu briguei com Catarina e saí andando sem rumo. Por sorte, Eric me achou andando na chuva e completamente perdida. Ele me escutou e me levou para o apartamento que ele mora — ela parou de falar, como se escondesse alguma coisa e Felipe estreitou os olhos. Em seguida, continuou: — Acabei dormindo lá e hoje de manhã ele acabou me falado que havia descoberto o paradeiro do meu pai e os dois estavam tentando me ligar para falarem sobre isso comigo, mas eu não estava falando com Eric e também não atendo números privados. — Lola deu de ombros. — Então, quando eu liguei para Lucas, ele estava em Guarulhos e decidiu pegar um avião e vir para cá, e agora eles estão lá fora conversando. — Então eles ouviram alguns gritos e o som de algo se quebrando. Lola fechou os olhos. — Ou brigando.
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Ovelhas Negras
Teen FictionO garoto popular. A garota problema. O nerd. Três adolescentes com absolutamente nada em comum. Uma noite. Uma festa. Um problema. Foi o suficiente para unir os três. Juntos, eles percebem que tem mais em comum do que apenas famílias tradicionais e...