Felipe
Estavam todos na sala da casa. Sentados no sofá, olhando um para o outro enquanto esperavam a campainha tocar. Aguardavam a vinda de Maria de Lourdes, a falsa namorada de Felipe. Ela havia dito que iria, mas já estava atrasada há um bom tempo. Alberto não parava de olhar o relógio e Elana, volta e meia, ia à cozinha, com a desculpa de ver se estava mesmo tudo pronto. Felipe, toda hora, dava uma olhada no celular, para ver se havia alguma mensagem da garota. Estavam todos muito impacientes e ansiosos com aquela situação.
Felipe era o mais afetado pela tensão do momento. Apenas alguns dias antes, tentara beijar Lola e o resultado não havia sido muito legal. Ele tentou reverter as coisas no dia seguinte, contudo, ela estava fria. Felipe teve medo dela desistir do jantar. E, no fundo, sem querer admitir, também estava temeroso de Lola estar com tanta raiva que desistisse do namoro de mentirinha, sem nem pensar nas consequências.
Desde que havia desabafado com Gabriel, seus sentimentos ficaram menos confusos. Agora, ele tinha quase certeza. Apesar da raiva, estava começando a gostar dela. Queria passar mais tempo com ela. Estava fascinado pela Maria de Lourdes que vira no quarto aquele dia e não queria que, por puro capricho, ela desistisse de tudo.
Não aguentando a frieza, teve um momento, durante a semana, que Felipe foi lá falar com a menina. Não a jogou contra a parede, porém perguntou se ela ainda ia ao jantar. Lola pareceu ofendida e disse que havia dado a sua palavra. Ela iria. Felipe estava feliz por isso, mas não sabia quanto tempo o relacionamento falso duraria após o jantar.
Naquele momento, ela estava atrasada. Felipe estava preocupado. E se Lola tivesse desistido? Era bem a cara dela mudar de ideia e não dar satisfações aos outros. Como se todo mundo tivesse a obrigação de estar sempre a sua disposição. Não. Não. Não. Felipe não poderia pensar nessa possibilidade.
— Eu acho que sua namoradinha não vem mais — disse Alberto, tirando sarro.
— Claro que ela vem. Deve estar um pouco atrasada, só isso. — Elana vinha da cozinha e se sentou entre pai e filho. — Vocês sabem como são as mulheres.
Elana sorria simpaticamente e Alberto estava, mais uma vez, emburrado. Felipe levantou do sofá.
— Vou ligar para ela — disse, indo em direção ao quarto, para que os pais não ouvissem sua conversa.
Digitou o número de Lola e já estava chamando quando ouviu o barulho da campainha. Desligou imediatamente o celular e correu de volta à sala.
— Boa noite, Maria de Lourdes! — Ouviu sua mãe dizer e chegou a tempo de ver as duas se cumprimentando com dois beijinhos no rosto.
— Boa noite, senhora Elana — Lola respondeu, toda sorridente e polida. — Boa noite, senhor Alberto.
— Boa noite, Lola — disse Felipe, com um sorriso nervoso no rosto, chamando a atenção da garota para si.
Assim que Lola o viu, foi até ele. Enquanto ela vinha em sua direção, Felipe notou como estava linda. Não costumava reparar na roupa das pessoas. Todavia, era impossível não notar como aquele vestido roxo caía bem nela. A deixava com um ar real.
— Oi, Felipe. — Ela lhe deu um beijo na bochecha e segurou sua mão. — Me desculpem pelo atraso, tive alguns imprevistos.
— Sem problemas — disse Elana —, nós entendemos. Mas acho que temos que jantar logo, antes que a comida esfrie.
Elana foi na frente, mostrando o caminho para a sala de jantar à Lola. Felipe ainda segurava sua mão. Ela era quente e macia, e as unhas dela arranhavam a palma dele, cravando-se na pele quente. Ela estava tão nervosa quanto ele.
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Ovelhas Negras
Teen FictionO garoto popular. A garota problema. O nerd. Três adolescentes com absolutamente nada em comum. Uma noite. Uma festa. Um problema. Foi o suficiente para unir os três. Juntos, eles percebem que tem mais em comum do que apenas famílias tradicionais e...