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 Aiko, os jardins e Esteve

O pequeno lobo branco continuou parado na porta ansioso com a reação da jovem que o observava por longos e intermináveis segundos, sem saber ao certo o que fazer e com receios de assusta-la ele permaneceu ali, apenas aguardando com o coração batendo forte dentro do peito.

—Aiko?É você mesmo não é?

A agitação na calda do filhote entregava o alívio que o mesmo sentiu ao vê-la falar com ele. 

—Desculpe, acabei te assustando da primeira vez — com o focinho baixo o lobinho espiou o interior do comodo — Posso entrar?

—Claro.

Desconfiado Aiko avançou até a beirada da cama tentando evitar ao máximo contato visual, não sabia como ela poderia reagir e não queria correr o risco de ser expulso. Iani por sua vez observava o animalzinho caminhar lentamente até a cama deixando visível apenas as orelhas e o par de olhos azuis que sempre desviavam para um ponto aleatório do quarto toda vez que se encontravam com os seus. Lá no fundo ela ainda achava estranho e incompreensível o fato estar se comunicando com um lobo, no entanto, um sentimento maior por aquele pequeno filhote falava mais alto do que qualquer outro. Um na qual nem mesmo ela tinha consciência de nutrir.

—Você ainda está com medo de mim? 

A preocupação era mais do que nítida na voz do filhote. Sem saber o que dizer Iani simplesmente abriu os braços em um convite, um na qual Aiko não desperdiçou saltando com tudo na cama para ser acolhido em um abraço apertado.

—Fiquei tão preocupada — a pelagem branca era quente e macia — Se algo tivesse acontecido com você...

—Eu também fiquei preocupado...tinha sangue, muito sangue, e você não acordava...

Ouvir o choro do filhote partia sua alma.

—Está tudo bem agora — ela o abraçou firme — Estamos bem, estamos aqui, estamos juntos...

Por longos minutos tudo foi envolvido em um completo silencio. O toque dizia o que as palavras não eram capazes apaziguando as almas aflitas assim como a saudade daquele e outros tempos que ambos desconheciam. Depois de perder a noção das horas Iani e Aiko se soltaram com um peso a menos em suas costas. 

—Estou muito feliz que esteja aqui! — a calda branca continuava a balançar — Que bom que meu irmão mudou de ideia!

—Mudou de ideia?

—É!

—Sobre o quê?

—Te aceitar na alcatéia.

Ouvir aquilo foi como um banho de água fria. Então não me queriam aqui? Sem que se desse conta estava lembrando das palavras de Lidi sobre aceita-la.

—Tudo bem?

A voz do filhote a trouxe de volta.

—Sim, sim, está tudo bem... — ela respirou fundo tentando mudar de assunto — Mas e então, por que o lobo?O que aconteceu com o garotinho de mais cedo?

—Ah...fiquei com medo de te assustar de novo, então preferi vir assim, acho que você gosta mais de mim desse jeito. 

—Eu gosto de você de todos os jeitos, eu só não esperava te ver como um garotinho, por isso fiquei assustada. 

—Hmn, acho que entendi, então não gosta mais do lobo?

—Hmn — Iani levou uma das mãos ao queixo em um ar pensativo — Gosto do Aiko.

Lobos na floresta | Livro 1 | ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora