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Reino de cristal e o pedido 

...

Isso não está certo!

Raf...

Não, não e não!

A jovem mulher não conseguia dizer nada, respirando fundo ela apenas deixou que ele continuasse.

Não foi para isso que viemos!

O tecido tão fino como seda balançava suavemente de um lado para o outro conforme o homem dava voltas pelo gramado.

—Já terminamos aqui! Podemos voltar! Voltar para casa, juntos!

A bela mulher encarou a figura a sua frente com tristeza. Ao redor, outras criaturas observavam a cena com preocupação.

Não posso mais voltar...

É claro que pode! É só esperar algumas luas, e então nós...

—Você não entendeu — ela o cortou — Eu... eu não quero mais voltar...

Dessa vez o homem parou, os olhos vermelhos incrédulos e descrentes. 

Eu o amo, você sabe disso — a jovem se aproximou devagar, um sorriso caloroso nos lábios e os olhos brilhando — Mas eu também encontrei algo para amar aqui, e acho que foi por esse motivo que viemos! Não apenas para ensina-los a amar, mas para que também aprendêssemos o que é o amor.

Não diga tolices, eu sei muito bem o que é amar, não preciso que um bando de selvagens me ensinem isso!

—Será que você sabe mesmo?   ela deu mais um passo adiante — Essa sua atitude, a aversão que tem por esse mundo e a forma que os tem chamado ultimamente, será que você realmente sabe o que é amar?

Os olhos azuis encararam os vermelhos com seriedade.

—Todo esse tempo que estivemos aqui, você nunca sentiu nada por eles?

A única coisa que senti foi o desejo de voltar para casa.

Mentira! Eu me lembro do brilho nos seus olhos, a empolgação de pisar nessa terra, viver uma vida com um corpo que pudesse sentir tudo ao redor...

A tristeza emanava em cada uma das palavras que ela dizia, e por alguns segundos, o homem a sua frente se permitiu pensar naquele sentimento.

—Você estava feliz, animado, curioso com cada criatura e as formas que elas viviam! Sua dedicação em ajudar... o que aconteceu desde então? Por que você...

Eu apenas abri os olhos! — as palavras ecoaram pelas planícies assustando as criaturas que estavam escondidas — Não há nada aqui! Nada! Já acabamos nosso trabalho! Sem guerras, sem choro, sem angustia! Já trouxemos o que esse mundo precisava então podemos voltar! Voltar para onde viemos, voltar a sermos o que realmente somos...

E o que realmente somos irmão?

—Somos magia! O verdadeiro poder inabalável desse mundo!

A tristeza era nítida nos olhos azuis. 

—O que aconteceu com você?  Onde está meu irmão curioso e alegre?  Gentil e amoroso, sempre disposto a ajudar...

Ela se aproximou ao ponto de encarar o próprio reflexo nas íris vermelhas. No fundo ela desejava ver a luz da empolgação e alegria que costumava habitar naqueles olhos, mas foi com enorme tristeza que ela encontrou apenas um vazio profundo.

Lobos na floresta | Livro 1 | ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora