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"Diga"

    ...

Inaceitável!

O homem de roupas finas e olhos rubi andava de um lado para o outro, os pés descalço amassando a grama enquanto uma jovem o observava com um ar de preocupação.

—Já conversamos sobre esse assunto.

—Mas não significa que ele foi encerrado.

A mulher bufou.

—Paciência irmão...

—Paciência? — os olhos vermelhos cintilaram — Eles nunca aprendem! Nem mesmo os mensageiros que enviamos conseguiram aplacar os ânimos. 

O vento suave balançou os longos fios castanhos da jovem mulher que se colocou de pé.

—Então nós iremos.

—Enlouqueceu?

—Talvez essa seja a única maneira.

—Não aprovo.

Com delicadeza, as mãos da jovem tocaram o rosto do homem que inspirou fundo. 

—Se os outros fossem como a raça humana não precisaríamos mais estar aqui...

 A jovem sorriu.

—Cada um deles possui um charme único.

—Um bando de cabeças ocas.

Eu acho que não são os únicos, não é mesmo?

Os olhos rubis se reviraram arrancando risos da garota. Imediatamente o clima se tornou mais leve.

—Quando voltaremos para casa?

Ela deu um passo adiante, dessa vez, para acariciar os fios do longo cabelo branco do homem a sua frente.

—Assim que nosso trabalho aqui terminar. 

...

As sombras do salão rodeavam a massa de corpos deformados que guinchavam ruídos agudos, como se comemorassem uma vitória.
O rei continuava em seu trono, dizia palavras soltas que chegavam sem sentido aos ouvidos de Iani que via apenas Aaron caído aos seus pés, o corpo ensanguentado e imóvel.

Foram eles...

As vozes ao redor iam se tornando distantes.

Eles mataram...

A escuridão era densa, muito densa.

Eles mataram Aaron e os outros...

As risadas estavam longe, cada vez mais longe.

Monstros...

Silêncio.

Monstros...

Silêncio.

Monstros.

Em silêncio, seus pés se moveram pelo chão frio da grande sala. Iani não via, não ouvia ou sentia nada. Seu corpo avançava, apenas avançava em silêncio.

Do outro lado, ainda em seu trono, Lios ria, havia uma satisfação cruel em saborear aquele momento, algo que jamais imaginou ser capaz de sentir, e bem lá no fundo, algo machucou seu peito. Mas ele não teve tempo de pensar sobre isso, seus olhos negros miraram a figura que surgia pela cortina de luz, a única fonte de cor naquele salão banhado em trevas.

Lobos na floresta | Livro 1 | ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora