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 Iani sentia os pulmões doerem e as vistas se tornarem turvas mal reconhecendo o homem a sua frente.

—Me desculpe — ela fechou os olhos por várias vezes até tudo voltar ao normal.

Com gentileza Aaron retirou o amontoado de folhas da sua mão o devolvendo a prateleira para logo em seguida encarar o olhar confuso da garota.

—O que faz aqui?

—É, bom...

Iani se enrolava nas palavras, ainda mais sob aqueles olhos dourados.

—Vim acompanhar o Aiko — disse depois de um tempo — Lidi também me aconselhou a procurar saber um pouco mais sobre esse mundo e, bem, que lugar melhor que uma biblioteca? 

—Eu entendo.

—Eu fiz mal? — ela apertou as mãos receosa — Me desculpe, eu não sabia se podia estar aqui ou não, eu só...

—Tudo bem, não precisa se desculpar, eu só não esperava encontra-la aqui.

—Digo o mesmo... se bem que essa é sua casa, você pode estar em qualquer lugar, não ao mesmo tempo, isso seria impossível, a não ser que fosse um fantasma o que você obviamente você não é e... acho que você entendeu o que eu quis dizer...

Pelo calor que sentia Iani tinha uma breve noção que seu rosto estava mais vermelho que um tomate. Quando estava nervosa as palavras simplesmente saiam sem pensar. Aaron por sua vez observava a jovem a sua frente tentando conter o riso. Iani era engraçada a sua maneira e, por algum motivo, se sentia bem falando com ela.

—Não se preocupe com isso.

Ele se afastou indo até a mesa próxima procurando alguma coisa na gaveta, segundos depois enrolou uma folha de pergaminho guardando-a em um bolso do casaco azul que vestia.

—Pode ficar a vontade, só não toque nos livros que estão naquela estante, digamos que estão em uma língua antiga de mais para se ler.

—Ah, é claro...

Iani forçou um sorriso enquanto pensava nas palavras que seu cérebro havia decodificado facilmente minutos antes de ser interrompida.

—Está tudo bem?

—Ah sim, sim, é só que... — seus olhos miraram os livros antes de pararem sobre as iris douradas perdendo momentaneamente a linha de raciocínio — Não faz muita diferença já que eu não sei ler.

—Não sabe? — Aaron parecia surpreso — Ninguém nunca te ensinou? 

—Digamos que eu não tinha ninguém para isso...

A imagem da sr. Lara passou pela sua memória, uma vez a pobre mulher até tentou ensina-la mas os problemas e afazeres do dia a dia a impediam de dar aulas recorrentes, no fim, Iani se contentava em ouvir as histórias sobre mundos e criaturas mágicas que ela contava, algumas inclusive sobre lobos.

—Bom — Aaron ainda parecia digerir aquela informação — Aiko tem aulas aos finais de tarde, pode vir com ele se quiser.

—Sério?!

—Sim.

—Legal!

Incapaz de esconder a felicidade que sentia com a ideia de aprender a ler Iani acabou trombando com uma das estantes fazendo com que um livro de capa marrom atingisse em cheio sua cabeça.

— Aí!

—Você está bem?

—Estou — suas mãos foram até um pequeno calombo em meio aos fios ondulados — Não foi nada.

Lobos na floresta | Livro 1 | ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora