Lobos na floresta | Livro 1 | Concluído

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Desculpas

O vento frio sacudia o que restou da copa das árvores fazendo com que assobios distantes reverberassem pelos troncos rugosos e sem vida. No céu, as nuvens cinzentas traziam uma tempestade silenciosa enquanto dois olhos carmesim brilhavam em meio a penumbra.

Você...

Antes que pudesse fazer alguma coisa, qualquer coisa, Iani sentiu uma dor excruciante rasgar seu peito, ao olhar para baixo, viu uma lâmina fria reluzir com o sangue fresco que escorria do seu coração.

Não, não, não...

Os olhos carmesim se aproximavam cada vez mais trazendo consigo ódio, fúria e medo.

Pare...

Ela não queria morrer. Ela não podia morrer.

Por favor pare...

Precisava protege-los. 

Você não é assim...

Precisava impedi-lo.

—Orion!

Iani acordou com o próprio grito, seus olhos ardiam com as lágrimas enquanto o peito doía de forma angustiante.

Foi um sonho...

Trêmula, ela levou uma das mãos entre os seios, bem onde seu coração batia acelerado. A sensação de ter uma lâmina cravada ali ainda era forte, quase real. 

Foi só um sonho...

Respirando fundo por uma, duas, três vezes, ela finalmente conseguiu se acalmar, mesmo que a sensação de pânico ainda sussurrasse em algum lugar da sua mente, quase como uma lembrança que nunca seria esquecida.

—Iani! Iani!

Como um furacão Mary entrou no quarto tão rápido que sua silhueta mais parecia uma sombra.

—Eu ouvi um grito! Está tudo bem?! Aconteceu alguma coisa?!

A jovem humana precisou de alguns minutos para processar o que havia acontecido. Os olhos percorrendo o amplo cômodo enquanto as lembranças voltavam. 

—Eu estou bem Mary... acabei pegando no sono e tive um pesadelo.

—Tem certeza? — a pequena se aproximou — Você parece exausta...

Iani sentia a cabeça doer assim como o corpo, quase como se tivesse corrido por longas horas sem parar. Já havia tido pesadelos antes, mas nenhum que a deixasse naquele estado.

—Estou sim! — ela sorriu —  Foi só um sonho ruim.

Bem ruim...

—Hmn, sei bem como é! Por isso eu sempre durmo com o sr. Tiber!

—Sr. Tiber?

—Sim! Era o lenço da minha mãe! Tem o desenho de um urso nele, então o chamo de sr. Tiber!

—Parece ser algo muito especial.

—É o meu tesouro!

Iani sentiu um aperto no peito, mesmo não conhecendo Mary ela podia imaginar o motivo dela falar assim da própria mãe. Sem coragem de fazer qualquer pergunta ela esticou as pernas para fora da cama, seu corpo ainda dóia mas a friagem do chão ajudou a despertar seus sentidos. Foi então que ela se deu conta de algo.

O baile!

Lá fora o sol começava a se por na linha do horizonte trazendo a noite aos poucos.

—Eu perdi muito tempo...