30- Voltando a ativa

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O intervalo termina e a última luta é anunciada. Até o presente momento não consigo imaginar quem poderia ser meu próximo adversário, no entanto, o destino gosta de pregar algumas peças em nós. E ninguém melhor do que Matias para encerrar, mas encerrar A minha tentativa falha? Ou a minha vitória?

Todos fazem algazarras e dou uma risada irônica.

Jogo sujo! Matias e eu não temos o mesmo peso nem a mesma altura de longe.

Matias troca de roupa e se dirige para a Arena. Meu coração se aperta diante de todos os sentimentos que tenho no momento. Medo. Cansaço. Raiva. Lembranças. Cheiro de vingança.

— Chega a ser irônico.- Digo quando fico cara a cara com ele.

Matias não diz nada e já começa com uma sequência de movimentos e golpes. Sou acertada por todos eles e caio no chão ao sentir meu braço doer.

— Oh querida, continua sendo uma fraca!- Diz como se estivesse cuspindo as palavras em meu rosto. Me levanto o mais rápido possível e corro em sua direção lhe acertando com um soco na cara e um chute no estômago. Matias prende meus braços e me derruba novamente. Ele prensa meu pescoço em seus braços e aperta com muita força.

— HAILEE, fraca!- Diz ele e minha mente é teletransportada para todos os momentos que minha mente pudesse alcançar de quando passei por momentos assim.

Flashback on:

— Vai garota! Força!.- Grita Matias quando perco para ele no combate novamente.

Algumas lágrimas começam a cair e não consigo controlar.

— Eu não consigo caramba! Estou cansada pai.- Digo e ele me levanta do chão bruscamente.

— Continue lutando, para ser a melhor tem que lutar, lutar e lutar.- Diz e me dá um golpe me fazendo cair novamente.

Flashback off.

— Lutar, lutar e lutar!- Grito lhe dando uma cotovelada na cara. Em seguida subo em cima dele e o acerto com diversos socos lhe atingindo o rosto. Com movimentos rápidos coloco minhas mãos em seu pescoço com força para num simples ato tentar enforca-lo, porém, Matias aperta o curativo da minha coxa até ver uma brecha para colocar suas mãos em meu pescoço. Olhando fixamente um para o outro e meu corpo, mesmo que fraco, tentaria a qualquer custo matá-lo.

Toda minha raiva por ele queria me consumir. Essa seria a minha chance de acabar com isso de uma vez, mas... não acabará assim. Eu preciso de respostas ainda. E o outro lado da minha cabeça ansiava por piedade. Para atacar mais tarde. Às vezes a inteligência é o caminho mais viável do que a força.

Num momento de lucidez me levanto de cima de Matias e em pé o vejo tentar acalmar a dor do pescoço. Dou um longo suspiro e faço algo que eu mesma acredito que devo, e lhe estendo uma mão.

— Eu não vou matar você! Mesmo que este seja o determinado naquele plano. Alguém precisa vencer.- Digo firme e ele me olha confuso. Depois de alguns segundos relutante, Matias aceita minha mão e levanta. Porém, como eu o conheço bem Matias me dá uma rasteira e nesse momento pego uma faca do meu tornozelo e aponto para o seu pescoço.

— Sou mais esperta do que imagina, pai.- Digo com um sorriso de canto, e o "pai" num pleno tom de filha rebelde.
Kleber aparece dizendo que o tempo acabou, e diante da luta, eu venci.

Ninguém consegue aceitar o resultado. No entanto, foi totalmente mérito meu. Cara, eu quase morri ali. Tive que me virar e tanto com as trapaças e ainda lutei com o meu maior pesadelo!

Desço da Arena e vou para o vestiário; Coloco minhas roupas e amarro meu cabelo em um coque alto.
Ao sair vejo todos reunidos olhando para mim. Uns com olhar de nojo, ódio, raiva, admiração, e aceitação. Matias vem até mim com uma expressão receptiva. Muito diferente de sua expressão de minutos atrás. Onde aquele olhar diabólico clamava por ver minhas mãos machadas de sangue...

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