Manoella
Passados quarenta minutos que tomei remédio para dor de cabeça, resolvo ir ao hospital, pois a dor continua forte. Chamo Matheus, que rapidamente chega até mim.
— Preciso que me leve ao hospital — digo para ele.
— Hospital? Como assim? É melhor chamar o André e Guga! Mas claro, vamos sim — diz Matheus apavorado andando de um lado para o outro.
— Matheus: acalma-se! Avisamos no caminho.
Pego minha pasta de exames e vamos em direção a porta de entrada. Entro no carro, Matheus já vai logo ligando para André no viva voz do carro e partindo.
— Oi, amor.
— Oi, amor, estou com Matheus. Estamos indo para o hospital — digo — estou com dor de cabeça. Só vou mesmo pra saber se está tudo bem — falo.
— Por que não vai na Dra. Beatriz, que é sua médica?
— Já tentei falar com ela, mas a secretária disse que ela está em um congresso em Miami essa semana.
— Certo! Encontro vocês no hospital em quinze minutos. Pode deixar que eu aviso o Guga. Matheus, por favor não sai de perto dela.
— Deixa comigo.
— Eu te amo, princesa!
— Eu também te amo — digo baixinho.
Ao desligar o telefone, um longo momento em silêncio paira no ar, até que Matheus o rompe.
— Sei que sou seu funcionário, que não deveria me meter na sua vida... mas antes de funcionário, sou seu amigo e me preocupo com você. Você ficou assim depois que encontrou sua mãe, não vou comentar com ninguém, mas o que houve entre vocês?
Penso vinte vezes antes de responder, mas acabo falando.
— Deve ter percebido que desde que trabalha em casa, é a primeira vez que a viu — digo.
— Sim, sempre achei que seus pais já haviam morrido ou algo assim — diz ele.
— Fui criada pela mãe da Gio, minha mãe queria me levar para um orfanato, mas minha tia não deixou e me levou para o interior. Na época ela não tinha filhos, dois anos depois teve a Gio e fomos criadas como irmãs.
Tomo um pouco de água e continuo.
— Meus pais nunca ligaram pra mim, mas isso não me incomodava. Quando minha mãe de criação morreu, eu e a Gio recebemos uma herança, nada demais: a casa em que morávamos em Campinas. Era uma casa boa, mas eu estava trabalhando aqui em São Paulo na loja com Juliano e Gio trabalhava em um jornal aqui também. Minha mãe fez um inferno: acabei comprando a parte da casa da Gio e dando para meus pais. Sempre se fazendo de coitada, sempre explorando o que podia. Quando descobriu que virei sócia do Juliano, ela me infernizou tanto que combinei de nossos contatos serem apenas por telefone. Comecei a dar uma mesada bem gorda para eles se manterem e não me importunarem. Nunca tiveram carinho ou cuidado comigo, mas não consigo abandoná-los, como fizeram comigo.
Faço uma pausa esperando sua reação.
— E o que ela quer contigo? — pergunta ele.
— Ela descobriu sobre meu relacionamento com os dois, sobre o casamento e sobre as gêmeas. Veio me chantagear e acabei perdendo a linha.
— Acha que ela pode fazer alguma coisa para te prejudicar?
— Sinceramente, eu não sei... nunca a afrontei e nem deixei de dar o que ela tenha pedido. Nossa, tá doendo demais, minha cabeça!
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União Inesperada - Livro 3 (Trilogia: Inesperada)
RomanceApós enfrentarem diversos obstáculos para ficarem juntos, Manoella, Gustavo e André resolvem se casar. Em meio aos preparativos para o evento, Manu tem sua libido aumentada pela gravidez das gêmeas e faz de tudo para atiçar seus homens. Problemas de...