Capítulo 7

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Manoella

            Ver Guga mexendo no celular me deixa ainda mais nervosa.

— Pega sua roupa no quarto que eu vou deitar, por favor — digo para Guga e me volto para minha amiga — Hellen, obrigado por tudo.

— Se precisar de qualquer coisa, liga, tá? — me dá um beijo e vai embora.

Guga acompanha Hellen até a porta e, sem dizer nada, vai até nosso quarto separar uma muda de roupa.

Eu me deito e choro baixinho até adormecer.

Acordo com uma barulheira. Olho o relógio e são quatro da manhã. Levanto devagar e ouço de longe a voz de Guga alterada.

Vou até a cozinha e vejo André bêbado.

— Você é um filho da puta, sabe que a situação é delicada e não consegue segurar seu pau dentro da calça, caralho? — diz Guga com voz alta empurrando André para fora.

— Eu preciso falar com ela. Sai da minha frente Gustavo — diz ele cambaleando.

— Não vai falar com ela! Você quer matar ela e as bebês? Seu babaca, sai fora. Você faz merda e eu pago a conta. Agora ela acha que eu também faço merda por aí — diz Guga.

— Guga, na boa: sai da frente.

— Uma prostituta, André? Porra! Perdeu a noção, cara? Tô com tanta vontade de te socar... — diz Gustavo o chacoalhando pelos ombros.

Os olhos de André encontram os meus marejados.

— Por favor, Manu, fala comigo. Eu te amo! — diz ele, caindo de joelhos.

— Você me decepcionou. Entre vocês dois você era meu companheiro. Depois de tudo o que passamos? Sério? Eu queria sexo, mas você foi procurar na rua, com uma mulher da vida. Uma mulher que você sabia que eu tive ciúme. Eu estou grávida. Isso foi baixo demais. Você disse em outras formas de aliviar. Essa foi a sua?

— Manoella, volta pro quarto agora! — a voz de Guga saiu tão autoritária que obedeço na hora.

Escuto um estrondo e a porta batendo. Minutos depois Guga bate na porta do quarto e entra.

— Desculpa, mas preciso saber se você está bem.

— Não... sinto uma dor enorme, mas não é física. Sinto minha alma doente, uma dor no peito — digo.

— Não consigo dormir no outro quarto, posso dormir aqui? Posso dormir na poltrona ou até no tapete, se quiser.

— Preciso de um abraço — peço e solto o choro.

Guga rapidamente me abraça e acabo adormecendo em seus braços.

***

Acordo e não vejo Guga. Levanto e não o encontro.

Passo em frente a um grande espelho que temos no corredor e olho para a minha barriga enorme. Passo a mão pela minha barriga e elas se mexem. Sorrio e choro ao mesmo tempo.

— Desculpem-me por fazerem vocês sentirem isso.

A porta da sala abre e vejo Guga.

— Não chora, por favor!

— Desculpe... onde você foi a essa hora? — pergunto aos soluços.

— Fui levar as coisas do André na casa da mãe dele.

— O que ela disse?

— Não a vi... entreguei na portaria e fui embora antes de buscarem. Não quero conversar sobre isso...

União Inesperada - Livro 3 (Trilogia: Inesperada)Onde histórias criam vida. Descubra agora