Capítulo XII

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Não sabia quantos minutos haviam se passado, afinal. Levantei-me nervosamente e caminhei até Marina. 
Mari: O que aconteceu?
Ju: Eu... não sei. 
Mari: Tá rolando alguma coisa entre vocês?
Arqueei as sobrancelhas e franzi a testa. Não... Neguei com a cabeça, visivelmente perturbada. 
Entrei em casa e Mari trancou a porta, agachando-se a minha frente. 
Mari: Vá dormir, está bem? Mas amanhã, quando estiver de cabeça fria, você vai me contar tudinho. 
Sem mais nem menos, segui em direção ao meu quarto. Minha cama parecia tão minha agora. Eu teria que deixar a pessoa que eu costumava ser, ir, porque esta não me pertencia mais. Arezzo, este sobrenome não era mais meu. Quem era Juliana então? Eu não sei. Tudo parecia tão confuso agora. A única coisa na qual eu podia perceber claramente em minha cabeça, era um beijo... 

Acordei com o barulho de pingos em minha janela. O tempo nublara por completo e agora, chovia incessavelmente. Mais um dia exaustivo pela frente. Levantei-me e fiz minha higiene diária. Desci até a sala a procura de comida. 
Ju: Ei, Mari. Cadê a comida dessa casa? – Perguntei abrindo a geladeira e notando que estava vazia. 
Mari: Teremos que ir ao supermercado mais tarde. 
Ju: Percebi. Sabe onde tem uma padaria aqui?
Mari: Descendo a rua tem uma lanchonete maravilhosa. 
Ju: Estou indo então. 
Alguns minutos andando e eu já estava na tal lanchonete. Haviam algumas pessoas ali, toda cochichavam e olhavam para mim. Confesso que aquilo estava em incomodando, mas preferi ficar na minha e não arranjar confusão. 
Ju: Um café com leite e pão na chapa, por favor. - Pedi ao funcionário. 
Ele assentiu com a cabeça e eu sentei-me em uma das mesas do lado externo do lugar. Peguei meu celular e joguei alguns joguinhos idiotas a fim de passar o tempo. Quase não notei quando várias motos pararam na frente da cafeteria. Procurei não me importar muito, afinal, até traficantes tinham que comer, não é?! Enquanto alguns homens entravam e sentavam-se, um garçom veio trazer o meu pedido. 
Ju: Quanto é? – Disse pegando minha carteira. 
Garçom: Não se preocupe senhorita, um cavalheiro já pagou sua conta. 
Arqueei a sobrancelha. 
Ju: Quem? 
Ele apontou para o homem que estava sentado em uma mesa com umas 3 outras garotas.
Cheguei um pouco pra perto e pude ver que este era TC. 
Ju: Quanto ele lhe deu?
Garçom: Não posso dizer-lhe, senhorita. 
Tirei da minha carteira, uma nota de 10 e entreguei-lhe. 
Ju: Pode me fazer o favor de entregar isso para aquele mesmo cavalheiro? 
Garçom: Sim, senhora. 
Ele virou-se e dirigiu-se a próxima mesa. Com uma sensação triunfante, eu pode enfim comer meu café da manhã. Era delicioso.
Minha nota foi novamente atirada sobre a mesa e Thiago sentou-se em frente a mim. 
TC: Não quero seu dinheiro. 
Ju: Também não quero o seu. 
TC: Foi uma gentileza. 
Ju: Então pode parar de ser gentil, está bem? 
TC: Não seja tão orgulhosa. 
Continuei a comer, ignorando sua presença. 
TC: Você está bem?
Olhei em seus olhos e franzi a testa. 
Ju: Eu não sei, na verdade. Procuro não me lembrar do assunto. 
TC: Sobre ontem... 
Ju: Está tudo bem. Não é como se eu não tivesse concordado. – Interrompi-o. 
Ele sorriu. 
TC: Gostaria de sair hoje a noite? Mari, Pablo e alguns amigos meus irão sair e eu fui convidado. Só que, eu não vou ir sozinho com vários casais e ficar segurando vela.
Ju: Pode ser. Preciso esfriar minha cabeça. – Concordei. 
TC: Te pego as 18:00 está bem?! 
Ju: Pra onde iremos?
TC: Também não sei, realmente. Pergunte a Mari.
Ju: Ok. Até mais tarde então. – Levantei-me deixando a cafeteria. 

Do Morro Ao AsfaltoOnde histórias criam vida. Descubra agora