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9 de junho de 2018

Capítulo 8

DURANTE TODA A manhã, fico olhando meu celular, como praticamente todos os formandos da escola estão fazendo a semana inteira. A segunda chegou e acabou sem notícias da UVA, depois a terça, depois a quarta. Hoje é quinta-feira e nada ainda. O departamento de admissão da UVA sempre envia os comunicados antes do primeiro dia de abril, e, no ano passado, os comunicados chegaram na terceira semana de março, então pode ser a qualquer dia agora. Acontece assim: eles botam um aviso nas mídias sociais para as pessoas verificarem o Sistema de Informações Estudantis, você acessa o sistema e descobre seu destino.

Antigamente, as faculdades enviavam os comunicados por carta. A sra. Duvall diz que às vezes os pais ligavam para a escola quando o carteiro chegava, e o aluno pulava no carro e ia para casa o mais rápido possível. Há algo de romântico em esperar uma carta pelo correio, uma carta que define seu destino.

Estou na aula de francês, a última do dia, quando alguém grita:

— A UVA tuitou! Divulgaram os resultados!

Madame Hunt diz:

— Calmez-vous, calmez-vous.

Mas todo mundo está se levantando e pegando o celular, sem prestar atenção. É agora. Minhas mãos estão tremendo quando acesso o sistema; meu coração bate a um milhão de quilômetros por minuto, esperando o site carregar.

A Universidade da Virgínia recebeu mais de 30.000 formulários de candidatura este ano. O Comitê de Admissão examinou seu formulário e avaliou com atenção suas credenciais acadêmicas, pessoais e extracurriculares, e embora seu formulário fosse muito forte, lamentamos informar…

Não pode ser real. Estou em um pesadelo e vou acordar a qualquer momento. Acorde, acorde, acorde.

Ao longe, ouço vozes ao meu redor. Ouço um grito de alegria no corredor. O sinal toca, e as pessoas pulam das cadeiras e saem correndo porta afora.

— Eles só costumam divulgar depois do horário escolar — murmura madame Hunt.

Ergo o olhar, e ela está me observando com olhos tristes e solidários. Olhos de mãe. São os olhos dela que acabam comigo.

Está tudo arruinado. Meu peito dói. É difícil respirar. Todos os meus planos, tudo com que eu estava contando, nada vai ser real agora. Eu voltando para jantar em casa no domingo, lavando roupa durante a semana à noite com Kitty, Peter me acompanhando até as aulas, eu estudando a noite toda na Biblioteca Clemons. Acabou.

Nada vai ser como o planejado.

Olho para o celular e leio as palavras novamente. Lamentamos informar… Minha visão fica borrada. Eu leio tudo de novo, desde o começo. Não entrei nem na lista de espera. Não tenho nem isso.

Eu me levanto, pego a minha bolsa e saio da sala. Sinto um vazio no peito, mas ao mesmo tempo uma percepção intensa do meu coração disparado, dos ouvidos latejando. Parece que todas as partes estão se movendo e continuando a funcionar como sempre, mas estou completamente entorpecida. Eu não entrei. Eu não vou para a UVA. Eles não me querem.

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