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9 de junho de 2018

Capítulo 10

PASSO O DIA tensa, esperando notícias da William and Mary. Meu foco está todo no celular, esperando que vibre, esperando que o e-mail chegue. Estou na aula de inglês avançado, e o sr. O’Bryan precisa me perguntar três vezes sobre a tradição escrava na narrativa de Amada.

Quando vibra, é Margot perguntando se já tive notícias, e quando vibra de novo, é Peter me perguntando se já sei de alguma coisa. Mas nada da William and Mary. Depois, quando estou no banheiro feminino no intervalo entre as aulas, finalmente vibra, e corro para fechar a calça jeans para poder verificar o celular. É um e-mail da UNC, em Chapel Hill, avisando que minha candidatura foi atualizada. Fico na cabine do banheiro, e apesar de não esperar entrar de verdade, meu coração dispara enquanto clico no link.

Lista de espera.

Eu devia ficar feliz, porque a UNC é muito concorrida, e a lista de espera é melhor do que nada, e eu teria ficado feliz… se já tivesse entrado na UVA. Mas acaba sendo outro soco no estômago. E se eu não entrar em nenhuma? O que vou fazer? Consigo ver minha tia Carrie e meu tio Victor: Pobre Lara Jean, não entrou na UVA nem na UNC. Ela é tão diferente da irmã; Margot é tão esforçada.

Quando chego na mesa do almoço, Peter está me esperando com expressão ansiosa no rosto.

— Teve alguma notícia?

Eu me sento ao lado dele.

— Entrei na lista de espera da UNC.

— Ah, merda. Bem, é impossível entrar lá quando se é de fora do estado, a menos que você seja jogadora de basquete. Para falar a verdade, entrar na lista de espera já é impressionante.

— Acho que sim.

— Que se danem — diz ele. — Quem quer estudar lá, afinal?

— Um monte de gente.

Eu desembrulho meu sanduíche, mas não consigo dar uma mordida porque meu estômago está pesado.

Peter dá de ombros, contrariado. Sei que ele só está tentando me fazer sentir melhor, mas a UNC é uma ótima faculdade, e ele sabe disso e eu também, então não adianta fingir que não é.

Durante todo o almoço, fico tomando minha Cherry Coke sem vontade e ouvindo os garotos falarem sobre o jogo que vai ser realizado em poucos dias. Peter olha para mim em determinado momento e aperta minha perna de um jeito tranquilizador, mas não consigo nem dar um sorriso.

Quando os garotos se levantam para irem para a sala de musculação, ficamos só Peter e eu à mesa, e ele pergunta, preocupado:

— Você não vai comer nada?

— Não estou com fome.

Ele solta um suspiro.

— Devia ser você indo para a UVA, não eu.

E com isso, puf, o pensamentozinho traidor que tive na noite anterior sobre eu merecer mais do que ele desaparece como perfume no ar. Eu sei quanto Peter se dedicou ao lacrosse. Ele mereceu a vaga. Não devia estar pensando essas coisas. Não é certo.

Só pra mim.Onde histórias criam vida. Descubra agora