9 de junho de 2018
Capítulo 14
FICA DECIDIDO QUE papai vai fazer o pedido para a sra. Rothschild no sábado, depois de caminharem por uma das trilhas favoritas deles. Será perto da cachoeira. O plano é Peter, Kitty e eu nos escondermos entre as árvores e gravar a coisa toda, depois aparecer com uma cesta para um piquenique romântico. Papai ficou nervoso com o vídeo, para o caso de a sra. Rothschild dizer não, mas Kitty implorou. “É para Margot”, ficou dizendo, mas na verdade ela é xereta e quer ver tudo acontecer. Claro que eu também quero. Peter é, literalmente, o motorista da rodada. Ele vai nos levar de carro.
Naquela manhã, antes de sair para pegar a sra. Rothschild, papai diz:
— Pessoal, se parecer que não vai ser um sim, vocês podem parar de filmar?
Eu estou embrulhando com cuidado sanduíches de rosbife em papel-manteiga.
— Ela vai dizer sim.
— Só me prometam que vão embora sem chamar atenção.
Ele olha com intensidade para Kitty.
— Pode deixar, dr. Covey — diz Peter, levantando a mão para bater na dele.
Quando eles se cumprimentam, digo:
— Papai, você pegou a aliança?
— Peguei! — Mas ele franze a testa. — Peguei? — Ele bate nos bolsos e abre o bolso interno da jaqueta. — Droga, esqueci!
Ele corre escada acima. Peter e eu trocamos um olhar.
— Nunca vi seu pai tão estressado — diz ele, comendo uma uva. — Ele costuma ser tão tranquilo.
Eu dou um tapa na mão de Peter, que está indo pegar mais uvas.
— Ele está assim a semana toda — comenta Kitty, antes de roubar uma uva também.
Papai desce correndo com a aliança de noivado. Kitty e eu o ajudamos a escolher. É um modelo princesa em ouro branco com um aro de diamantes em volta. Eu estava segura sobre o estilo princesa, e Kitty, sobre o aro.
Papai vai buscar a sra. Rothschild, e eu termino de montar a cesta de piquenique. Fico feliz de ter uma desculpa para usá-la. Comprei em uma venda de garagem séculos atrás, mas nunca havia usado. Coloco uma garrafa de champanhe, um cacho perfeito de uva, os sanduíches, queijo brie e torradas.
— Coloque uma garrafa de água também — sugere Peter. — Eles vão precisar depois da caminhada.
— E provavelmente depois de tanto chorar quando ela disser sim — diz Kitty.
— Que tal colocar uma música para quando ele se ajoelhar? — sugere Peter.
— Nós não discutimos essa parte do plano, e papai já está bastante nervoso — digo. — Ele não pode ficar imaginando que vamos estar escondidos no mato esperando para botar uma música. Vai deixá-lo com vergonha.
— Além do mais, podemos colocar a música no vídeo depois — diz Kitty. — Temos que conseguir ouvir os diálogos.
Eu olho para ela.