Thor agarrou a aldrava de ferro da imensa porta de madeira que estava diante dele e puxou-a com toda sua força. A porta abriu lentamente com um rangido e revelou os aposentos do rei. Thor deu um passo para dentro, sentindo os pêlos dos braços dele arrepiar ao cruzar o limiar. Havia uma grande escuridão ali, persistindo no ar como um nevoeiro.
Thor deu vários passos na câmara, ouvia o crepitar das tochas nas paredes enquanto ele caminhava em direção ao corpo que jazia em um amontoado no chão. Ele já tinha podido sentir que era o rei, que o rei havia sido assassinado — que ele, Thor, tinha chegado tarde demais. Thor não podia deixar de pensar onde estavam todos os guardas, por que não havia ninguém ali para resgatá-lo?
Os joelhos de Thor enfraqueceram quando ele deu os últimos passos até o corpo; ele se ajoelhou no chão de pedra, agarrou o ombro já frio e virou o corpo do rei.
Ali estava MacGil, seu antigo rei, deitado, com os olhos esbugalhados, morto...
Thor olhou para cima e de repente viu o servo do rei, de pé, ao lado dele. Ele segurava uma taça grande, adornada com pedras preciosas, era a mesma que Thor tinha reconhecido na festa, feita de ouro maciço e coberta de linhas de rubis e safiras. Enquanto olhava para Thor, o servo despejou o conteúdo dela lentamente sobre o peito do rei. O vinho salpicava todo o rosto de Thor.
Thor ouviu um barulho e virou-se para ver seu falcão, Estopheles, empoleirado no ombro do rei; ele lambia o vinho da sua face.
Thor ouviu um barulho e se virou para ver Argon, de pé, olhando-o severamente. Em uma mão ele segurava a coroa brilhante, na outra, seu cajado.
Argon aproximou-se e colocou firmemente a coroa na cabeça de Thor. Thor podia senti-la, seu peso afundando, encaixando confortavelmente, seu metal abraçando suas têmporas. Ele olhou para Argon com espanto.
"Agora você é o rei." Argon pronunciou.
Thor piscou e quando abriu os olhos, diante dele estavam todos os membros da Legião, do
Exército Prata, centenas de homens e rapazes juntos lotavam a sala, todos a sua frente. Todos eles se ajoelharam sincronizados e em seguida, curvaram-se diante ele, seus rostos fitando o chão.
"Nosso rei." Pronunciou um coro de vozes.
Thor acordou com um sobressalto. Ele sentou-se ereto, respirando com dificuldade, olhando ao seu redor. Estava escuro e úmido ali e ele percebeu que ele estava sentado num chão de pedra, suas costas contra a parede. Ele piscou na escuridão, viu barras de ferro à distância e mais além delas, uma tocha flamejante. Então ele se lembrou: o calabouço. Ele tinha sido arrastado até ali, depois da festa.
Lembrou-se daquele guarda dando-lhe um soco na cara e percebeu que devia ter estado inconsciente, mas ele não sabia por quanto tempo. Thor sentou-se, respirando ofegante, tentando borrar de sua mente o sonho horrível. Tinha parecido tão real. Ele rezava para que não fosse verdade, para que o rei não estivesse morto. A imagem do rei morto estava alojada em sua mente. Thor realmente tinha visto alguma coisa? Ou era só sua imaginação?
Thor sentiu alguém chutar a sola do seu pé e olhou para cima para ver uma figura de pé sobre ele.
"Está na hora de acordar." Disse uma voz. "Estou esperando há horas."
Na penumbra, Thor distinguiu o rosto de um adolescente que tinha mais ou menos a sua idade. Ele era magro e baixo, com bochechas fundas e pele esburacada e ainda assim, parecia haver algo gentil e inteligente por trás de seus olhos verdes.
"Eu sou Merek." Ele disse. "Seu companheiro de cela. Por que você está aqui?"
Thor sentou ereto, tentando fazer funcionar seu raciocínio. Inclinou-se contra a parede, passou as mãos pelo cabelo e tentou lembrar-se, tentou juntar todas as peças do quebra-cabeça em sua mente.
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Uma Marcha de Reis
AdventureDepois de escapar do calabouço, Thor fica horrorizado ao saber de outra tentativa de assassinato ao Rei MacGil. Quando MacGil morre, o reinado entra em um caos total. Como todos competem pelo trono, na Corte do Rei abundam mais do que nunca: os dram...