Thor estava sentado no fundo do barco, alinhado com os outros sobre os longos bancos de madeira, ambas as mãos sobre o remo de madeira grossa, enquanto remava. Krohn estava sentado aos seus pés. Thor suava sob o sol, como já ocorria há dias e respirava ofegante. Ele se perguntava se tudo isso nunca teria fim. A viagem parecia infindável. A princípio, o barco tinha sido impulsado pelas velas, no entanto, o vento tinha parado de soprar de repente, e todos os rapazes a bordo do navio tinham recebido a tarefa de remar.
Thor ficou lá, em algum lugar no meio do barco longo e estreito, Reece estava atrás dele e O'Connor a sua frente, Thor se perguntava quanto mais dessa situação eles poderiam suportar. Ele nunca havia se envolvido em um trabalho tão duro por tanto tempo e todos os músculos do seu corpo tremiam. Seus ombros, punhos, antebraços, bíceps, costas, pescoço e até suas coxas, parecia que todos eles falhariam em qualquer momento. Suas mãos tremiam e as palmas estavam em carne viva. Alguns dos outros membros da Legião já tinham colapsado, exaustos. Essa ilha, qualquer que fosse, parecia estar do outro lado do mundo. Ele rezava pedindo pelo vento.
Eles tinham apenas uma breve pausa durante a noite, podiam dormir apenas por turnos de quinze minutos, enquanto outros os substituíam. Thor estava deitado ali no barco, na escuridão da noite, com Krohn enrolado ao lado dele. Aquela era a noite mais escura e mais clara que ele já tinha visto, o mundo inteiro estava cheio de estrelas cintilantes vermelhas e amarelas. Felizmente, o clima de verão tinha se estabelecido e não tinha estado muito frio. A brisa úmida do oceano o havia refrescado e ele tinha adormecido por alguns momentos, apenas para ser despertado, minutos depois. Ele se perguntava se isso era parte da Centena, se essa era a sua forma de quebrantar-lhes o espírito.
Ele estava começando a perguntar-se seriamente o que mais estaria reservado para eles e se ele poderia lidar com isso. Seu estômago roncou; na noite passada ele teve por comida apenas um pequeno pedaço de carne seca e salgada e um pequeno frasco de rum para ajudá-lo a engoli-la. Ele deu a metade da carne para Krohn, que a mastigou em uma única mordida e imediatamente choramingou pedindo mais. Thor se sentia péssimo por não ter mais nada para lhe dar. Mas ele mesmo não tinha uma boa refeição há dias e estava começando a sentir a falta do conforto de casa.
"Por quanto tempo isso vai continuar?" Thor ouviu um garoto, um par de anos mais velho que ele, perguntar para outro.
"O tempo suficiente para matar todos nós." Respondeu outro garoto que respirava ofegante.
"Você já esteve na ilha antes." um rapaz gritou para o outro, um mais velho, que estava sentado ali remando, sombrio. "Quanto tempo falta para chegarmos? Que tão longe nós estamos?"
O mais velho — alto e musculoso — deu de ombros.
"É difícil dizer." Ele falou. "Ainda não chegamos à Muralha D'água."
"Muralha D'água?" O outro rapaz exclamou.
Mas o rapaz mais velho, respirava com dificuldade e calou-se novamente. O navio deslizou de volta no silêncio. Tudo o que Thor Podia ouvir, era o som dos remos batendo incessantemente na água.
Thor olhou para baixo, pela milionésima vez, apertando os olhos protegendo-se contra o brilho do sol. Ele estava maravilhado com a cor amarela da água. Era clara em certos lugares, especialmente perto da superfície e quando ele olhava para baixo via várias criaturas marinhas exóticas nadando ao lado do barco, seguindo-os, como se estivessem tentando acompanhá-los. Ele viu uma longa serpente roxa com uma dúzia de cabeças distribuídas ao longo de seu corpo, seu comprimento era quase igual ao do barco. Enquanto prosseguiam as cabeças da serpente se projetaram de seu corpo em direção ao espaço aberto, suas bocas, cheias de dentes afiados abriam e fechavam. Thor não poderia imaginar o que a serpente estaria fazendo. Estaria respirando? Estaria tentando pegar alguns insetos no ar? Ou estaria ameaçando-os?
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Uma Marcha de Reis
AdventureDepois de escapar do calabouço, Thor fica horrorizado ao saber de outra tentativa de assassinato ao Rei MacGil. Quando MacGil morre, o reinado entra em um caos total. Como todos competem pelo trono, na Corte do Rei abundam mais do que nunca: os dram...