Capítulo 11

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Gareth estava de pé ao lado da janela aberta, observando o romper da aurora sobre seu reino. Seu reino. Pensar nessas palavras fazia com que ele se sentisse bem. A partir de hoje, ele seria Rei. Não o seu pai, mas ele, Gareth MacGil, o oitavo dos MacGils. A coroa seria posta em sua cabeça.

Agora começaria uma nova era. Uma nova dinastia. Seu rosto estaria nas moedas, uma estátua dele seria colocada do lado de fora do palácio. Em apenas algumas semanas, o nome do seu pai seria apenas uma lembrança, algo relegado aos livros de história. Agora era a hora de ele ascender, sua hora de brilhar. Era o dia pelo qual que ele tinha ansiado toda a sua vida. Na verdade, Gareth tinha ficado acordado toda a noite, incapaz de conciliar o sono, virando na cama, dando voltas agitadas, transpirando, coberto de arrepios de frio. Durante os poucos momentos em que havia conseguido dormir, ele havia tido sonhos curtos e ruins, tinha visto o rosto de seu pai, fitando-o, repreendendo-o, tal como costumava fazer em vida. Mas agora o pai dele não poderia tocá-lo. Agora ele estava no controle. Ele tinha aberto os olhos do sonho e fez com que o rosto se dispersasse. Ele estava no mundo dos vivos, não o seu pai. Ele, somente ele.

Gareth dificilmente poderia conceber todas essas mudanças acontecendo ao seu redor. Enquanto observava o céu crescer ficar mais cálido, ele sabia que em poucas horas, ele usaria a coroa, o manto real e empunharia o cetro real. Todos os conselheiros do rei, os generais e todas as pessoas do seu reino, responderiam a ele. Ele controlaria o Exército, A Legião, o tesouro. De fato, não havia nada que ele não pudesse controlar, não haveria uma única pessoa que não respondesse a ele. Era o poder que ele tinha buscado; que tinha almejado toda a sua vida. E agora estava ao seu alcance. Não ao alcance de sua irmã e não ao de qualquer um dos seus irmãos. Ele tinha feito os arranjos para que isso acontecesse. Talvez prematuramente. Mas pensava que um dia tudo seria dele, de qualquer maneira. Por que ele deveria esperar a vida toda, perder o melhor de sua vida? Ele deveria ser rei em seu auge, não quando já fosse um homem velho. Ele só tinha feito tudo acontecer um pouco mais cedo.

Era o que seu pai merecia. Durante toda sua vida ele o havia criticado, havia se recusado a aceitálo por quem ele era. Agora Gareth estava forçando seu pai a aceitá-lo desde o túmulo, quer ele gostasse quer não. Ele estava forçando-o a ter que olhar para baixo e ver o seu filho menos amado como governante, o próprio filho que ele nunca quis. Esse era o seu castigo por ter retirado o seu amor, para começar, por nunca sequer haver lhe dado amor. Gareth não precisava de seu amor agora. Agora, ele tinha todo o Reino para amá-lo e adorá-lo. E ele iria espremer cada gota de tudo o que ele pudesse.

Ele ouviu alguém bater fortemente à porta, a aldrava de ferro ressonando na madeira. Gareth se virou, já vestido e caminhou até a porta. Ele puxou-a, maravilhando-se de que aquela seria a última vez que ele teria de abri-la. Depois desse dia, ele iria dormir em um quarto diferente — nos aposentos do Rei — e teria criados ao redor vinte e quatro horas, do lado de dentro e de fora da sua porta. Ele nunca iria tocar uma maçaneta novamente. Ele seria seguido por um cortejo real, guerreiros, guarda-costas, qualquer coisa que ele quisesse. Ele estava superexcitado com essa ideia.

"Meu senhor." Disse um coro de vozes.

Uma dúzia de guardas do rei curvou-se quando a porta se abriu.

Um de seus conselheiros deu um passo à frente.

"Viemos para acompanhá-lo para a cerimônia de coroação."

"Muito bem." Gareth disse, tentando soar natural, tentando não soar como se ele tivesse antecipado esse momento durante todos os dias da sua vida.

Ele andava com o queixo erguido, tentando praticar o olhar de um rei. Aquele dia mudaria sua vida e ele iria exigir que todos ao redor dele o olhassem de forma diferente.

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