Capítulo 12

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Erec estava cavalgando desde o nascer do primeiro sol, até o tempo em que o segundo sol cruzou o céu. Os caminhos se ampliavam e foram ficando gradualmente melhores, mais suaves, cada vez menos esburacados. Suas rochas irregulares foram substituídas por pequenos seixos, logo, os seixos foram substituídos por conchas lisas e brancas. Erec sabia que finalmente, ele estava aproximando-se de uma cidade. Ele começou a ver as pessoas a pé, transportando produtos e mercadorias, protegendo suas cabeças do calor do verão, com chapéus largos. A estrada se tornou mais e mais povoada, as pessoas se deslocavam em ambas as direções naquele dia glorioso de verão, alguns levando bois ou andando de carroças. A julgar pelo número de dias que ele tinha cavalgado, Erec supunha que ele estava aproximando-se de Savária, o reduto do Sul. Era uma cidade famosa por suas belas mulheres, seu bom vinho e seus magníficos cavalos; uma cidade da qual Erec tinha ouvido muito falar, porém nunca tinha tido a chance de visitar. Ele era famoso, também, pelo seu torneio anual, por sua competição de justas e o prêmio para o vencedor seria a noiva de sua escolha. As mulheres de todo o Anel compareciam, na esperança de serem escolhidas e os cavaleiros de fama e honra vinham de todas as províncias, na esperança de ganhar. Erec imaginou que seria um bom lugar para começar seu Ano de Seleção. Ele não esperava poder encontrar sua noiva ali tão cedo, mas ele pensava que pelo menos ele poderia manter suas habilidades aguçadas. Sendo a mão direita do rei e o melhor cavaleiro do Reino, Erec não tinha dúvida de que ele poderia derrotar qualquer adversário. Não era arrogância, apenas consciência de suas próprias habilidades em comparação com as dos outros. Haviam passado anos desde que ele tinha sido derrotado por alguém. Se ele podia encontrar sua noiva ou não ali, essa era outra história.

Erec subiu uma colina e quando ele alcançou o cume, viu abaixo espalhada diante dele uma cidade enorme, com castelos, parapeitos, torres, pináculos e um riacho correndo diante dele. A cidade estava cercada por uma antiga muralha, tão grossa quanto a largura de dois homens. Savária. Era uma linda cidade, elegante, bem menor que a Corte do Rei e mesmo assim, importante. Ela estava construída no vale, todos os seus edifícios eram feitos de pedra, com seus telhados de ardósia e suas chaminés, das quais a fumaça subia. Erec parou de cavalgar, para apreciar a vista e divisou um vigia, lá no alto de uma das torres, um jovem vestido com as cores vermelhas e verdes do Sul. O rapaz deu um salto, acenando freneticamente para Erec e soprou uma longa trombeta. Era a saudação oficial da guarda do rei e enquanto Erec observava, a ponte levadiça foi levantada. Ouviu-se um grito de entusiasmo e logo surgiram dois cavalos galopando em sua direção.

Erec concluiu que os membros do Exército Prata dificilmente viajavam distâncias tão grandes até o Sul e que a chegada deles seria considerada um grande evento — especialmente a chegada de um cavaleiro que provinha direto da Corte do Rei. Esse, de fato era Erec — o membro mais aclamado de todo o Exército Prata e o campeão do Rei — isso criaria um tumulto ainda maior. Ele já podia ver mesmo dali, a emoção nos olhos dos rapazes, a multidão reunida nas torres, à antecipação dos soldados galopando ao seu encontro para saudá-lo.

Os soldados se detiveram diante dele, seus cavalos, respiravam ofegantes, todos o cumprimentaram com sorrisos detrás das simpáticas barbas vermelhas, típicas dos Savarianos.

"Meu senhor." Um deles exclamou. "É uma grande honra tê-lo conosco! Nós não temos tido uma visita da Corte do Rei há séculos."

"O que o traz até nós?" Perguntou o outro. "É o festival?"

"Sim." Erec respondeu. "Este é o meu Ano de Seleção e eu receio estar sendo muito exigente."

Ambos os soldados riram em reposta.

"Isso eu posso entender." Disse um deles. "Eu não consegui escolher quando estava na idade, tampouco encontrei uma noiva durante o Ano de Seleção. Portanto me designaram uma. Eu lamento isso até hoje!" Ele disse com um riso profundo. "Não passa um só dia durante o qual ela não me chateie até o cansaço, sem que ela me faça lembrar que eu não a escolhi!"

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