Capítulo 8

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Gareth caminhava com seus irmãos, Kendrick, Godfrey e Reece, e com sua irmã, Gwen, pelo salão enorme castelo, repleto de centenas de homens do rei, os quais circulavam muito agitados. O pequeno grupo foi conduzido através da multidão, cavaleiros de todas as províncias do Anel estenderam a mão para oferecer-lhes as condolências à medida que o grupo prosseguia.

"Nós amávamos o vosso pai, Alteza." Disse um cavaleiro para Gareth, um homem corpulento que ele nunca conhecera. "Ele era um grande rei."

Gareth não conhecia esses homens — e isso não lhe importava nem um pouco. Ele não desejava sua solidariedade. Era uma solidariedade que ele não compartilhava. Agora que ele tinha tempo para refletir sobre isso, para deixar que a realidade se estabilizasse, ele estava feliz com a morte de seu pai. Seu pai jamais havia abrigado amor por ele, e apesar de que na noite anterior Gareth inicialmente tinha estado abalado, agora ele estava começando a encarar a realidade de uma maneira bem diferente. Ele agora tinha uma grande sensação de alívio — até mesmo de vitória — sentia que seu complot para assassinar o pai tinha sido exitoso. Embora ele não tivesse propriamente executado o assassinato e seu pai não tinha morrido como ele havia planejado, pelo menos ele tinha posto o plano em marcha. Sem ele, nada disso teria acontecido.

Gareth olhou ao redor, para os cavaleiros, para aquela grande multidão tão caótica e ficou chocado ao perceber que ele era o responsável por tudo isso. Ele, sozinho, tinha mudado a vida de todos esses homens, quer eles soubessem, quer não.

O grupo de irmãos foi conduzido através da multidão por vários assistentes enquanto se dirigiam para o salão distante, onde o conselho do rei estava esperando para encontrar-se com todos eles. Gareth sentia um nó no peito enquanto avançavam, querendo saber o que estava reservado para eles. Obviamente, eles teriam de nomear um sucessor. Eles não podiam deixar o reino seguir sem um governante, como um navio sem leme. Gareth esperava que eles o nomeassem. Ora, quem mais eles poderiam nomear?

Talvez eles usassem a reunião para nomear sua irmã como governante. Ele olhava para seus irmãos ao redor, todos com os rostos fixos, sombrios e silenciosos, e se perguntava se eles iriam lutar pelo trono. Eles provavelmente o fariam; todos eles o odiavam. Além disso, seu pai tinha deixado claro que desejava que Gwen governasse. Aquele era o momento de sua vida em que ele realmente precisava lutar. Se ele saísse bem-sucedido da reunião, ele sairia dela como rei.

No entanto, ele também se perguntava, com um sentimento de desânimo, se ele não estaria andando na direção de uma armadilha. Talvez eles o estivessem convocando para acusá-lo na frente de todos; para apresentar provas de que ele havia matado seu pai; talvez eles o arrastassem para ser executado. Suas emoções oscilavam entre o otimismo e a ansiedade, enquanto ele se admirava com os drásticos resultados que a reunião poderia ter.

Finalmente eles cruzaram a multidão, que estava claramente à espera de ouvir as decisões do conselho, e foram levados por uma porta aberta, em forma de arco, a qual foi fechada imediatamente atrás deles, por quatro guardas.

Diante deles se via a grande mesa semicircular do conselho, atrás da qual estavam os conselheiros do rei — no mesmo lugar em que tinham se sentado por centenas de anos. Era estranho entrar ali e não ver seu pai sentado no trono. O trono dourado, enorme se encontrava vazio, pela primeira vez em suas vidas. Os membros do Conselho o fitavam como se esperassem que um rei descesse dos céus e os governasse.

O grupo de irmãos caminhou pelo centro da sala e situou-se entre as duas metades da mesa semicircular, o coração de Gareth batia forte quando o grupo se virou e encontrou-se diante das dezenas de membros do conselho. Eles olhavam para os herdeiros, sérios. Gareth não pode evitar pensar se aquilo não seria uma inquisição. Sentada junto com eles, em um delicado trono lateral, ladeado por seus assistentes, estava sua mãe. Ela assistia aos procedimentos com um rosto impassível e parecia estar paralisada, em estado de choque.

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