Capítulo 10

162 8 1
                                    

Thor caminhava com a cabeça baixa, abatido, chutando pedrinhas na estrada enquanto seguia lentamente o seu caminho em direção ao quartel da Legião. Krohn caminhava ao lado dele e Estopheles voava em círculos em algum lugar acima deles. Desde o funeral e seu encontro com Gwen, ele se sentia desanimado. A dor de observar o Rei MacGil sendo sepultado havia consumido algo dentro dele — como se uma parte dele houvesse sido enterrada junto com o caixão. O rei o havia acolhido sob sua asa protetora; tinha-lhe mostrado bondade; tinha lhe dado Estopheles; tinha sido uma figura paterna para ele. Thor nutria um sentimento de dívida para com ele. Tinha sido sua responsabilidade salvá-lo e ele havia falhado. Quando os sinos tinham dobraram, Thor sentiu que eles estavam anunciando o seu fracasso.

Logo depois sucedeu o seu encontro com Gwen. Ela o odiava agora, isso era muito óbvio. Nada do que ele pudesse dizer faria com que ela mudasse de ideia. Pior ainda, seus verdadeiros pensamentos vieram à luz aquele dia: ela o considerava alguém inferior. Um plebeu. Parecia que Alton estava certo o tempo todo. Esse pensamento o aniquilava. Primeiro, ele tinha perdido o rei; então ele tinha perdido a garota que ele tinha chegado a amar tão intensamente.

Enquanto ele seguia em direção à Legião, percebeu que essa era a única coisa que lhe restava, a única coisa a qual ele podia apegar-se ali. Ele não se preocupava com sua aldeia, seu pai ou seus irmãos. Sem a Legião, Reece e Krohn — ele não sabia o que lhe restava.

Krohn deu um ganido e Thor levantou a vista e viu as instalações do quartel da Legião diante dele. A bandeira do rei ondulava a meia haste e ele já podia ver dezenas de rapazes com aspecto sombrio e pôde perceber que ninguém ali estava de bom humor. Aquele era um dia de luto. O rei, seu líder, tinha sido assassinado, e para pior, ninguém sabia por quem, ou por que. Também parecia haver certa expectativa no ar. Os exércitos seriam dissolvidos? E junto com eles a Legião?

Thor sentiu os olhares cautelosos dos rapazes quando ele atravessou a porta grande e arqueada feita de pedra. Eles estavam parados e olhavam para ele. Thor se perguntava o que pensariam dele. Apenas na noite anterior ele tinha sido jogado no calabouço. Thor tinha certeza de que o boato de que ele tinha algo a ver com o envenenamento do rei já tinha se espalhado por ali. Aqueles rapazes sabiam que ele tinha sido declarado inocente? Eles ainda suspeitavam dele? Ou eles pensavam que ele era um herói por ter tentado salvar o rei?

Pela maneira como eles olhavam-no, Thor não podia afirmar nada. Mas a tensão no ar era forte e ele poderia dizer que ele tinha sido objeto de muitas conversas.

Quando Thor entrou na grande estrutura de madeira do quartel, ele notou que dezenas de rapazes enfiavam seus objetos e suas roupas em sacos de lona. Parecia que a Legião estava empacotando seus pertences. A Legião está se dissolvendo? Ele se perguntou, sentindo um pânico repentino.

"Aí está você." Disse uma voz que Thor logo reconheceu.

Ele virou-se para ver O'Connor ali, com seu jeito amigável típico, seu cabelo vermelho brilhante e as sardas emoldurando seu rosto a sorrir. Ele estendeu a mão e pegou Thor pelo braço.

"Eu me sinto como se nós não tivéssemos nos visto por dias. Você está bem? Eu ouvi falar que você foi jogado no calabouço. O que aconteceu?"

"Ei, vejam é o Thor!" Exclamou uma voz.

Thor se virou para ver Elden correndo em direção a ele, com um sorriso amigável no rosto, abraçando-o. Thor ainda estava admirado com a atitude de Elden para com ele, desde que ele tinha salvado a sua vida do outro lado do Canyon, especialmente quando ele se lembrava da recepção hostil que Elden lhe dera uma vez.

Logo depois dele chegaram os gêmeos: Conval e Conven.

"Estou feliz de ter você de volta." Conven disse envolvendo Thor em um forte abraço.

Uma Marcha de ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora