Capítulo 21

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Gwen estava de pé sobre a areia da praia. As ondas do oceano rompiam, eram ondas enormes ferozes, golpeavam suas pernas com força suficiente para fazê-la cambalear. Ela ficou ali, tentando se equilibrar enquanto observava o enorme navio que havia zarpado diante dela. Thor estava na proa acenando e Estopheles estava pousado em seu ombro, a ave olhava para ela com um olhar sinistro fazendo com que o sangue de Gwen gelasse em suas veias.

Thor estava sorrindo, mas enquanto ela observava, sua espada caiu de sua cintura e despencou no oceano. Estranhamente, ele parecia não notar e continuava sorrindo e acenando, Gwen se sentia aterrorizada, ela temia por ele.

O mar, tão calmo, de repente tornou-se agitado, o aspecto de suas águas se transformou, deixando de ser como o de um cristal azul para ser o de águas negras espumantes. Enquanto Gwen observava, o barco foi atingido pelas ondas e sacudiu-se violentamente. Thor ainda estava ali, sorrindo e acenando para ela como se nada estivesse acontecendo. Ela não conseguia entender o que estava ocorrendo. Atrás dele, o céu, que havia estado claro apenas um momento antes, ficou vermelho escarlate, as próprias nuvens pareciam espumar de raiva. Um relâmpago iluminou totalmente o céu e enquanto ela assistia a tudo, um raio perfurou a vela. Em momentos, o navio de Thor estava em chamas. O navio, em chamas, ganhou velocidade e navegava cada vez mais rápido, sendo sugado pelo mar com suas correntes poderosas.

"THOR!" Gwen gritou.

Ela gritou novamente quando o navio se converteu em uma bola de chamas e foi sugado pelo céu vermelho escuro, desaparecendo no horizonte.

Ela olhou para baixo quando uma onda rompeu diante dela, chegando-lhe até o peito, derrubando-a de costas. Ela estendeu a mão para agarrar-se a alguma coisa, mas não havia nada. Ela sentia que estava sendo levada para o oceano, que estava sendo arrastada pelas correntes, cada vez mais rápido. Logo, veio outra onda gigante e a golpeou diretamente no rosto.

Gwen gritou.

Ela abriu os olhos para ver-se de pé no quarto de seu pai. Estava vazio e frio ali dentro durante a noite, a parede forrada com tochas, muitas tochas, tudo estava iluminado, as luzes das tochas piscando. Na sala havia uma figura única, de pé sobre o parapeito da janela, de costas para ela. Ela percebeu imediatamente que era seu pai. Ele usava suas peles reais e na cabeça, a coroa. Ele parecia maior do que alguma vez tinha sido.

"Pai?" Ela exclamou enquanto se aproximava.

Lentamente, ele se virou e olhou para ela. Ela ficou horrorizada. Seu rosto estava meio esquelético seus olhos fora das órbitas e a carne em decomposição. Ele olhou para ela com um olhar de horror e de desespero e estendeu uma mão.

"Por que não vai vingar-me?" Ele gemeu.

A respiração de Gwen ficou presa em seu peito, horrorizada, ela correu em direção a ele. Ele começou a inclinar-se para trás e ela estendeu a mão para pegar a mão dele, mas era tarde demais. Ele caiu lentamente, para trás, pela janela.

Gwen gritou enquanto corria para a frente e colocou a cabeça para fora para observar. O pai dela despencava na escuridão, caindo, caindo. O chão se abriu e ele parecia cair nas entranhas da terra. Ela nunca o ouviu atingir o solo.

Gwen escutou um barulho metálico, virou-se e examinou seu quarto vazio. Era a coroa de seu pai. Ela devia ter caído da cabeça dele e agora tinha rolado pelo chão, fazendo um som oco, metálico como era normal. A coroa rolou em círculos, fazendo um barulho cada vez mais alto, até que finalmente parou. Ela ficou ali jogada, no chão de pedra nua.

De algum lugar, as palavras de seu pai soaram outra vez:

"Vingue-me!"

Gwen acordou sobressaltada, sentou na cama, respirando com dificuldade. Ela esfregou os olhos e saltou do colchão, indo apressadamente até a janela, tentando livrar-se do terrível pesadelo. Ela tomou a água fria de uma tigela pequena que estava perto da janela, molhou seu rosto várias vezes e olhou para fora.

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