Capítulo 7

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Gwendolyn se encontrava ali, à beira do precipício, observando Thor afastar-se e sentia-se dilacerada por uma angústia que ela jamais havia sentido. Primeiro seu pai; agora Thor. Aquele era um dia diferente de todos os que ela já tinha vivido. Ela não podia sequer descrever a dor incomensurável que a dilacerava ao pensar que seu pai estava morto. Morto pelas mãos de algum assassino, ele havia sido tirado dela, sem aviso prévio. Simplesmente não era justo. Ele era a luz da vida dela e um estranho o havia tirado dela para sempre.

Quando Gwen recebeu a notícia, ela desejou morrer junto com ele. A última noite tinha sido um longo pesadelo que havia chegado ao auge naquela manhã. Quando o corpo de seu pai desceu à sepultura, ela desejou ir junto com ele e nunca mais regressar.

Enquanto Gwen se afastava da multidão, ela tinha até mesmo pensado em lançar-se sobre a borda do penhasco. Foi então quando chegou Thor.

Ao vê-lo, de alguma maneira, a ideia se desvaneceu, as coisas lhe pareceram melhores, vê-lo havia ajudado a distraí-la da morte se seu pai — embora de outra forma, ele também tinha feito as coisas ficarem piores. Ela ainda estava furiosa com ele, ainda ardia de raiva pelo fato de que ele a tinha feito de boba naquele bordel. Ela tinha se arriscado em companhia de um plebeu e ele provou que todos estavam certos sobre a imprudência dela. Incluindo a sua mãe. Ela sentia uma vergonha maior do que podia imaginar.

E agora que ousadia a dele, aparecer ali, para tentar consertar as coisas, enquanto admitia que ele tinha mesmo estado lá, com aquela mulher. Só de pensar nisso ela sentia náuseas.

Enquanto ela observava Thor descer apressadamente a trilha e distanciar-se do penhasco, seguido por Krohn, apesar de si mesma, ela sentiu uma sensação de saudade; de desespero; ela se perguntava se as coisas poderiam piorar ainda mais. Ela olhou para a extensão infindável ao longo das depressões e vales dos Penhascos Kolvian que davam para lado oeste do o reino. Ela sabia que em algum lugar, mais distante do que ela podia ver, estavam as Highlands e mais além, o reino dos McClouds. Ela se perguntava se sua irmã já estaria lá, com seu marido, se ela estaria desfrutando de sua vida. Ela tinha a sorte de estar bem longe dali.

No entanto, sua irmã nunca tinha sido muito apegada ao seu pai e Gwen se perguntava se realmente ela se importaria quando ouvisse a notícia da morte dele. Gwen, de todos eles, tinha sido a mais apegada a ele. Reece e Kendrick tinham sido achegados também, e ela podia sentir como a notícia havia afetado os dois. Godfrey tinha odiado o pai, apesar de que agora, ao olhar bem para ele, ela se surpreendeu ao vê-lo tão triste.

E depois havia Gareth. Ele parecia ainda mais frio e sem emoção do que nunca, mesmo com a morte de seu pai. Ele também parecia preocupado, como se já estivesse com os olhos fixos no poder que ele queria desesperadamente tomar.

Esse pensamento lhe provocou um calafrio. Lembrou-se do discurso fatídico de seu pai, atribuindo a ela o poder para reinar algum dia muito distante. Por um dia, ela teve a certeza que nunca veria chegar esse momento. Ela se lembrou de seu voto a ele, da sua promessa de que ela iria governar. E agora, ali estava ela, o reino lançado em suas mãos. Eles a fariam reinar? Ela esperava que não. Como ela poderia? E, no entanto, ela se tinha se comprometido com seu pai a fazê-lo. O que seria dela?

"está você." Disse uma voz.

Gwen se virou para ver Reece, de pé a poucos metros de distância, olhando para ela com preocupação.

"Eu estava preocupado com você."

"O que fez você pensar que eu iria saltar?" Ela retrucou duramente. Gwen não queria ser brusca dessa maneira, mas ela estava destroçada, mal podia controlar seus nervos.

"Não, claro que não." Reece disse. "Eu estava apenas preocupado por você, só isso."

"Não se preocupe por mim." Disse ela. "Eu sou sua irmã mais velha. Posso cuidar muito bem de mim."

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