Capítulo 9

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O Rei McCloud cavalgava liderando o pequeno contingente militar, vestido com seu equipamento de batalha e usando a distintiva armadura laranja escuro dos McClouds. Um homem corpulento, alto e duas vezes maior que qualquer outro, um pouco passado de peso, com uma barba ruiva e curta, cabelos longos quase totalmente grisalhos, um nariz largo e achatado por muitas batalhas e sua mandíbula bem larga, ele era um homem que não temia nada na vida. Ele já era, depois de ter acabado de chegar aos cinquenta anos, famoso como o McCloud mais agressivo e brutal que já tinha vivido. Essa era uma reputação que ele acariciava.

McCloud era um homem que sempre tinha espremido da vida seja o que fosse que ela pudesse lhe dar. E o que a vida não lhe desse, ele tomaria. Na verdade, ele gostava de tomar mais do que receber; ele gostava de fazer os outros infelizes, gostava de governar o seu reino com um punho de ferro. Ele não demonstrava ter nenhuma piedade, mantendo seus soldados em linha com uma disciplina diferente da que qualquer McCloud já tinha exercido. E funcionava. Seus doze homens cavalgavam atrás dele agora em perfeita ordem e nenhum ousaria falar dele por trás, ou fazer a menor coisa contra a sua vontade. Isso incluía o seu filho, o príncipe, que cavalgava bem perto, logo atrás dele e uma dúzia de seus melhores arqueiros, os quais cavalgavam atrás de seu filho.

McCloud e seus homens tinham estado cavalgando o dia todo. Eles tinham cruzado a Passagem Oriental do Canyon de manhã cedo e seu pequeno contingente armado continuava em direção ao leste, avançando sem interrupção através das planícies empoeiradas do Nevari, em guarda para uma emboscada. Eles cavalgavam sem parar, enquanto o segundo sol surgia. Agora, finalmente, encoberto pela poeira das planícies, McCloud avistou o mar Ambrek no horizonte.

O som de cavalos galopando enchia seus ouvidos e agora, o cheiro do ar do oceano chegava até ele. Era uma tarde fresca de verão, o segundo sol já estava há muito tempo no céu, lançando tons de turquesa e rosa no horizonte. McCloud sentia seu cabelo sendo soprado para trás pelo vento e estava ansioso para chegar à praia. Fazia anos que ele tinha visto o mar. Era muito arriscado se aventurar ali visto que eles tinham de atravessar uma garganta e depois cavalgar oitenta quilômetros por um território desprotegido. Claro, os McClouds tinham sua própria frota de navios nas águas, tal como os MacGils tinham a sua do seu lado do Anel, mas ainda assim, era sempre um negócio arriscado, estar além do escudo de energia do Canyon. De vez em quando o Império tomava um dos seus navios e havia pouco que os McClouds pudessem fazer a respeito. O Império era amplamente superior a eles em número.

Mas dessa vez era diferente. Um navio McCloud tinha sido interceptado no mar pelo Império, e geralmente, o Império pedia um resgate pelos tripulantes. McCloud nunca tinha pagado um único resgate, algo do qual ele estava orgulhoso, em vez disso, ele sempre deixou o Império matar seus homens. Ele se recusava a encorajá-los.

Mas alguma coisa tinha mudado, porque dessa vez eles haviam libertado os seus homens e enviaram o navio de volta com uma mensagem: eles queriam se encontrar com McCloud. McCloud supunha que poderia tratar-se apenas de uma coisa: de atravessar o Canyon. De invadir o Anel. E de uma parceria com ele para derrotar os MacGils. Durante anos, o Império estava tentando convencer os McClouds a permitir-lhes cruzar o Canyon, o escudo de energia, para deixá-los entrar no Anel, assim eles poderiam conquistar e dominar o único território remanescente no planeta. Como recompensa, eles prometiam dividir o poder.

A questão que consumia a mente de McCloud era esta: qual era sua parte em tudo isso? Quanto o Império estaria disposto a dar-lhe? Durante anos, ele tinha se negado a ceder-lhes o passo. Mas agora as coisas eram diferentes. Os MacGils tinham se fortalecido muito e McCloud estava começando a perceber que jamais poderia realizar seu sonho de controlar o Anel sem ajuda externa.

Quando se aproximaram da praia, McCloud olhou por cima do ombro para a nova esposa de seu filho, montada com ele, sua esposa troféu do clã dos MacGils. Quão estúpido MacGil tinha sido ao entregar sua filha. Ele pensava realmente que isso iria trazer a paz entre eles? Será que ele achava que McCloud era tão fraco, tão burro? Claro, McCloud tinha aceitado a noiva, da mesma maneira que aceitaria um rebanho de gado. Era sempre bom ter posses, ter moeda de troca. Mas isso não o deixava predisposto à paz. Isso apenas o embravecia. Isso o fazia querer apoderar-se do lado MacGil do Anel ainda mais, especialmente depois do casamento, depois de entrar na Corte do Rei e ver sua recompensa. McCloud queria tudo para si. Ele ardia com o desejo de ter tudo para si.

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