33 - Anabella

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Termino o almoço com Carlos e o sigo até o seu escritório,me sento em uma das cadeiras enquanto ele mexe em alguns papéis,passo o dedo em sua mesa e o observo,Carlos está calado e com a testa franzida.

-Algum problema?.Pergunto e me levanto indo até ele.-Você está tenso.

-Nada,só estou tentando achar um jeito de conseguir o seu carro,Tyler já conseguiu marcar o encontro,espero que consiga,você adaptou aquele carro.

-Ei.Digo e viro seu rosto para mim,ele é tão lindo.-O que mais importa é sua segurança,não ligo pro carro,não quero você correndo perigo.

-Eu não vou.Ele sorri e me puxa para o seus braços.-Como está na sua casa?,seus pais apareceram?

-Não,ainda bem, espero que continue assim,mas eu me sinto um pouco só,Karol se foi e vovó ainda está no hospital,pelo menos eu tenho você.Digo e o beijo.

-Você sabe que pode vir morar aqui comigo quando quiser.Ele diz.

-Eu sei,mal vejo a hora de começar o trabalho,pelo menos vai me distrair.Digo e me afasto dele indo até a cadeira.

-Quando você começa?

-Amanhã,mas agora eu preciso ir pra casa e depois tenho que ir ver minha avó.Digo e me aproximo dele lhe dando um beijo rápido.-Te vejo depois.

-Te amo.Ele sussurra e eu saio,pego a minha bolsa no sofá e vou até a saída,passo a mão no peito sentindo uma leve pontada, como um aviso de que algo ruim vai acontecer.

♀♂♀♂

Jogo minha bolsa no sofá de casa e suspiro,o apartamento está tão silencioso,vou até a geladeira e pego uma maçã,volto até a bolsa e pego meu celular.

De Anabella
Para Karol

Está tudo bem?
Já se acostumou?

Jogo meu celular no sofá e vou até o quarto,está uma bagunça,assim como a minha vida,preciso arrumar isso,digo,mas depois de um banho bem gelado.

O sol está no ápice aqui em San Francisco,gotas de suor escorrem de minha testa e costas,entro no banheiro e o tranco,tiro a roupa e entro na ducha,suspiro ao entrar em contato com a água,molho meu rosto e meus cabelos,passo a mão por eles,os fios loiros estão ficando escuros,acho que já está na hora de voltar aos cabelos castanhos,mas isso fica pra depois.

Estou me lavando para tirar o sabonete quando escuto um barulho vindo da sala,fico em silêncio com o coração saindo pela boca,eu tranquei a porta?,essa pergunta fica martelando em minha cabeça,sim?, não?,não,não tranquei,talvez sejam meus pais, ou, Liliana.

Desligo o chuveiro e me enrolo na toalha,devagar vou até a porta,estou ofegante,parece que estou em um filme de terror,odeio filmes de terror,giro a trança devagar tentando fazer o menor dos barulhos,abro a porta,apenas uma brecha e espio,não vejo nada,abro mais um pouco e então olho para a sala,vejo cabelos vermelhos, Liliana.

Nervosa saio do banheiro e volto a fechar a porta,Liliana está de costas para mim,corro até o quarto e o fecho,olho em volta procurando meu celular,lembro que o deixei na sala,puta merda, suspiro e procuro algo para me defender,encontro um ferro de passar,merda.

Segurando o ferro abro a porta do quarto e saio,vou até a sala rapidamente afim de pegar Liliana de surpresa,mas não encontro nada,ela sumiu,nervosa,olho no quarto de Karol,no banheiro,mas não há nada,abro a porta principal e olho para as escadas, vazias, suspiro e fecho a porta rapidamente.

Largo o ferro no sofá e pego meu celular,há uma mensagem de Karol,me sento e a abro.

De Karol
Para Anabella

Está tudo muito bom.
Você não vai acreditar quem está aqui comigo ;)

Franzo a testa e tento pensar,os pais dela, não,talvez seja a pessoa misteriosa,sorrio e guardo o celular,estou mais calma,não vou ligar para a polícia,não há nada aqui para fazer,só iria perder o tempo deles.

Volto para o quarto e troco de roupa rapidamente,visto uma calça jeans e uma camisa cor ameixa,calço meus tênis e penteio o cabelo para trás,pego minha bolsa e tranco a porta,desço as escadas e saio para a avenida,de relance vejo cabelos vermelhos e apresso o passo nervosa,Liliana.

Chego no hospital ofegante,a recepcionista insiste em chamar algum médico para me atender dizendo que estou pálida como papel.

-Tem certeza?

-Tenho,muito obrigada,preciso ver minha avó.Digo e ela me dá um adesivo.

Vou até o elevador e entro,todo o caminho até aqui vim correndo com medo de Liliana,de ser seguida,pelo menos aqui dentro do hospital estou segura,eles não vão deixar ela entrar.

As portas se abrem e vou até o quarto de vovó,antes de entrar respiro fundo e entro,a vejo do mesmo jeito,deitada e inerte,os médicos disseram que não sabem o porquê ela ainda não acordou,seu coração já está bom e saudável.

-Oi vovó.Digo e me sento ao seu lado.-Como a senhora está?

-Ah vovó,se a senhora soubesse o turbilhão que está a minha vida,sinto sua falta.Seguro em sua mão frágil.-Por que não acorda?

-Eu preciso de você vovó,Karol também,a senhora não pode ficar assim,tem que lutar,ficar forte.Sussurro e beijo sua mão,me deito em seu peito e fecho os olhos.

Lembranças invadem minha mente, vovó fazendo o meu prato favorito,penteando meus cabelos,me levando no primeiro dia de aula,pulando comigo quando eu disse que tinha passado no vestibular,quando ela viu eu e Carlos juntos,o quanto o seus olhos brilharam.

Várias e várias imagens me invadem,me causando dor e saudades,minha avó,meu porto seguro,minha mãe,sinto que estou perdendo ela aos poucos.

-Te amo muito vovó.Digo ainda de olhos fechados,então sinto um movimento em minha mão,me levanto assustada.-Vovó?

Olho para a minha mão que está segurando a sua,agora seus dedos envolvem os meus,vovó apertou minha mão,ela me escutou,assustada e feliz me afasto e ando apressada pelo quarto.

-Vovó,a senhora está aí,eu te amo vovó,te amo muito.Digo e me aproximo dela,de repente todos os aparelhos ligados a ela começam a apitar,alguns estão com uma luz vermelha piscando,corro até o corredor e grito o mais alto que posso.

-Socorro,minha avó,por favor me ajudem.Digo e dois médicos e três enfermeiras vem até o quarto,uma delas me empurra até a parede.

Só percebo que estou chorando quando sinto meu corpo tremer,meu rosto está completamente molhado,enxugo as lágrimas e me aproximo devagar,eles começam a fazer massagem cardíaca e falar coisas que não entendo,me sento na poltrona e me encolho querendo sumir dali.

Então tudo fica em silêncio, suspiro,sinto uma mão em meu ombro,levanto os olhos e vejo os médicos me olharem com tristeza,me levanto e corro até vovó que está inconsciente na cama,os aparelhos agora estão desligados.

-O que aconteceu?. Pergunto mal ouvindo minha voz.

-Eu sinto muito senhorita Siena,mas sua avó acaba de falecer.

Tudo o que eu escuto é meu grito angustiado ecoar por todo o quarto.

Intriga Feroz - Livro 2 da Trilogia Feroz (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora