Alguns dias se passam e minha adaptação no castelo está cada dia maior. Aranel e Rafael estão me ajudando na me portar como uma dama real. Parece fácil, mas é bem difícil decorar aqueles montes de talheres e copos diferentes usados para cada ocasião.
O nome do comandante é Pejor, escutei o rei chamando-o para investigar a carruagem da rainha. Eu tenho evitado encontrá-lo, mas vez ou outra o encontro nos corredores e na sala do trono, e ele sempre me olha frio.
Não tivemos muitas respostas da investigação da carruagem. Os peritos relataram que realmente havia sangue no seu interior, mas foi lavado com uma substância que eles ainda não reconheciam. E pelo o estado, a carruagem rodou por muitos anos depois da rainha ter sumido, provavelmente outras pessoas com ou sem ligação com o desaparecimento haviam andado com ela até o momento que foi abandonada.
O rei acabou tento uma ideia para espantar o mal clima do castelo: um baile para me apresentar a sociedade monarquista, ou seja, vários reis, príncipes, duques, estarão aqui para me conhecer. Eu não gostei muito da ideia, até porque serão mais pessoas dizendo: "nossa, como você é parecida com Laura."
Poucas pessoas evitam falar nisso, incluindo Rafael. Ele tem sido muito prestativo nesses dias. A forma que ele me trata é superior a todos aqui, inclusive o rei. Ele e Aranel estão me ajudando a organizar o baile. Ainda sou nova nisso, mas Philipe deixou que eu fizesse tudo do meu jeito.
Então, como minha cor preferida é azul, escolhi cortinas, tapetes azul claro. Flores de jade penduradas em umas partes do salão, e azaléia nos jarros, azuis também.
Também estou tento aulas de dança, nunca pensei que fosse tão difícil dançar. Estou aprendendo estampei, que é um modo de sapatiado, saltarello, que é uma dança literalmente saltitante, e dança de roda. Todas difíceis, mas estou começando a pegar jeito.
O esperado dia é hoje, e já estou tomando meu banho com perfume de rosas. Nunca imaginei uma mordomia como essa, uma simples camponesa tento um baile em sua homenagem, é demais para mim.
Coloco um roupão e vou para o quarto onde Aranel já está me esperando. Ela penteia meus cabelos e os enche de tranças e faz uma maquiagem bem leve em mim.
- Você não vai se arrumar? - Pergunto enquanto ela tira alguns pelos da minha sombrancelha, que por sinal está a arder bastante.
- Logo após lhe arrumar - Ela responde sem demora. - ainda tenho muito o que fazer.
- Obrigada por me ajudar a organizar tudo, se não fosse você não conseguiria. - falo com a voz meio trêmula de choro.
- Nem pense em borrar essa maquiagem mocinha. - ela fala rindo. - então, o que achou ? - ela me virou de frente para o espelho.
É como se eu visse uma pessoa desconhecida. Estou tão diferente, o cabelo perfeito, a maquiagem nem se fala. Nunca fiquei tão bonita feito hoje.
Me viro para ela e lhe dou um abraço apertado em forma de agradecimento.
- Vamos por o vestido agora? - ela falou.
Eu ainda não fazia ideia de como era o vestido, até Aranel vim com ele. Ele é azul claro transparente com colarinho, todo bordado em flores brancas e mangas que vão até a metade do braço.
Aranel me veste com a anágua e o espartilho bem apertado. Logo depois o vestido. Estou pronta.
- Falta só mais uma coisinha - Aranel foi até o guarda roupas e pegou uma tiara enfeitada com flores azuis e pois sobre a minha cabeça - Agora sim está pronta. Lembre-se, só saia do quarto quando eu vinher lhe chamar.
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Kallice
Historical FictionEm meados do século XVI, fazia 8 anos que Kallice se viu perdida, sem qualquer resquício de sua memória. Seu marido, Eliot, havia lhe dito que a queda de um penhasco fora o que resultou naquele incidente. Apesar dos males ambos construíram uma...