26- Um novo eu

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— Philipe perdeu a memória? — Pergunto aos médicos. Eles levaram Rafael e eu para uma sala reservada para que pudessemos conversar sobre o estado de Philipe.

— Sim e não. Como ele ficou dias desacordado, ele terá uma leve falha na sua memorização; mas não se preocupem, é extremamente normal e logo ele voltará a se lembrar de tudo. 

Fico aliviada com isso. Era só o que faltava, eu recuperei a memória e Philipe perdendo a dele. Espero que tudo passe logo, uma batalha já vencemos. Agora Rafael vai avisar para os sete cantos do mundo que Philipe acordou e está bem, para assim talvez o exercito de Alcans recue.

 Quando saimos da sala, chamo Rafael para saber o que ele irá fazer em relação a Laura, ele disse que irá seguir o plano de abrir novas investigações e assim que o exercito de Alcans sair das fronteiras, mandará soldados em busca da cabana na floresta. O peço para não incluir o chefe da guarda na operação, pois não confio nele e sei o que aconteceu entre ele e a rainha, porém essa parte eu não contei. Ele fica desconfiado, mas concorda e vai para a sala do trono e eu vou para meu quarto tomar um bom banho para tentar relaxar. 

Ao chegar em meu quarto, o banho já está sendo preparado por algumas arrumadeiras; já havia pedido a um tempo por isso e é bom ver que elas são atenciosas comigo. Me acostumei rapidamente com essa mordomia que o castelo oferece. As vezes eu entendo alguns nobres que se acham os donos do mundo por serem ricos, o poder vira a cabeça das pessoas, é preciso ter controle absoluto sobre. Esses meses que estou trabalhando aqui recebi uma quantia muito grande, nunca imaginei ter tanta riqueza, mas eu também fico me perguntando: para que tanto dinheiro? Eu não faço a menor ideia do que fazer, do que comprar... Eu não preciso de tanto, fui acostumada desde pequena ser humilde em relação a tudo, por isso, decide que irei doar parte do meu salario para as familias mais carentes e vou guardar para mim apenas o necessario. 

As arrumadeiras finalizam tudo e saem do quarto. Despis-me rapidamente, já imaginado o calor da agua sobre minha pele, como igual o calor da pele de Philipe sobre a minha dias atrás. Ainda posso sentir seu toque, o sabor de seus beijos, seu cheiro e aquilo me faz querer te-lo para mim novamente, sempre e sempre. Entro na banheira, e como esperado, a água me faz relaxar densamente. Molho meus cabelos, e percebo que eles tão grandes e pesados demais. Talvez seja hora de desapegar um pouco deles, já que eles estão ultrapassando a cintura. Pego uma tesoura em uma bancada ao lado da banheira e começo a cortar, são anos e anos de historia indo embora, ta na hora de deixar uma nova historia começar. Nem olho o tamanho que ficou, apenas me afundo na água para deixar que tudo de ruim que aconteceu seja levado embora e daqui pra frente, apenar coisas boas virão.

Depois de um tempo assim, resolvo ver como ficou. Visto meu roupão e coloco uma toalha em minha cabeça. Sento na penteadeira e tiro a toalha da cabeça, a medida que eu vou penteado percebo que nao irei mais conseguir fazer minhas tranças, porque o cabelo ficou um pouco acima do ombro. "Ora, não ficou tão ruim assim" penso comigo mesmo, quero ver a reação todos quando me virem. Com os cabelos devidamente penteados, vou ate meu closet e pego um vestido verde cristal que combinam perfeitamente com a cor dos meus olhos e o visto. Me sinto mais leve agora e quero estar bonita para quando Philipe recordar a memória.

— Quem é? — Batidas na porta soam quando estou quase pronta para sair.  

— Rafael... Posso entrar?

— Sim, claro! 

Quando ele entra e me ver fica paralisado me observando firmimente. Será que ficou então ruim assim?

— Tem algo de estranho em você... — ele fala ainda me observando. — Você cortou o cabelo?

— É o que parece, né?  — Falo rindo 

— Hum... Agora é que Philipe não vai de reconhecer mesmo. — Ele começa a rir. Eu pego uma almofada em cima da cama e jogo nele.

— Palhaço.

                                                                                                         ***

Já era noite quando os médicos me chamaram para a enfermaria, Philipe começara se lembrar das coisas e estava chamando por mim. Dessa vez eu não corro, ando tranquilamente pelos corredores até chegar até ele, como se eu estivesse indo para algum lugar e por um acaso o encontro.

 A enfermaria, já praticamente vazia, está calma, como se não tivesse havido uma guerra dias atrás. Entro na sala e me deparo com Philipe sentado na cama tomando uma coisa em sua xícara. Quando ele me ver tenta se levantar, mas os médicos não deixam; eu então vou até ele e o abraço, ambos com os olhos cheios de lágrimas, deixamos nossa emoções fluírem.

— Rezei tanto para você ficar bem... Eu te amo imensamente, não suportaria te perder. — Falo em seu ouvido.

— Agora estou aqui. Eu amo você, Kallice e nada irá me separar de você novamente. Eu prometo.

KalliceOnde histórias criam vida. Descubra agora