Medo. Medo era única coisa que eu não sentia. Não sei se depois que eu descobri ser uma filha de Hades, eu acabei ficando imune a esse sentimento.
Eu desperto mais uma vez de um sono sem sonhos ou qualquer coisa parecida, só a escuridão de minha própria mente. Eu confesso que era um tanto monótono, ficar aqui confinada em uma cela dentro de uma caverna escura, sendo impedida de sair pelas traíras das fúrias. Que além de traírem a mim, traíram meu pai.
Tontas! Deixa eu sair daqui se elas permanecerão vivas.- Eu pensei soltando um sorriso sádico, que não era muito do meu feitio.
Elas olharam para mim em confusão e estremeceram levemente.
Meus dias aqui apesar de serem monótonos, também tinha a sua diversão. E a minha diversão é ver elas tremerem e importunar o maluco que tá na cola da minha maninha mais velha, Maya.
Não sei o que é mais engraçado, é ele vendo que não pode me assustar e morrer de frustração ou as respostas engraçadas para minhas perguntas inconvenientes.
Lógico, isso tudo não é uma férias na França de boa com a galera. Eu passava cinco dias de fome, e depois comia um pão duro com água, que pelo menos essa tinha um gosto bom. Apesar de estar costumada a passar fome, tenho plena convicção de que só estou viva devido minha metade imortal. Mas, estou aguentando as pontas tendo a pleníssima convicção de que Maya vai me buscar. Só espero que ela esteja bem.
Não sei se vocês já notaram, mas Maya quando passa por algum probleminha. Ela fica muito melancólica, e eu sei o quanto essa peste está infernizando a vida dela. E a Maya não tem nenhuma falha exterior, não sua fraqueza está em não compartilhar o que sente, fazendo com que tudo seja multiplicado e absorvido dentro dela, até que uma hora ela pode explodir. Sua fraqueza é não extravasar o que sente.
Às vezes dá vontade de dar uns tapas nela, mas fazer o que. Pela pressão que o peste tá fazendo uma hora ela vai sucumbir. Ainda mais comigo aqui, fazendo papel da isca, da dama indefesa e confesso que aí pensar nisso eu não resisto em fazer uma careta. Como de fato fiz agora.
Mas, aí vocês perguntam: por que você não viaja nas sombras?
Simples, eu nunca fiz isso. E mesmo que tentasse essas coisas me sequestrariam de novo. É uma grande merda mesmo. Eu abri um sorriso maldoso. Coisa que eu tava fazendo demais, por que tinha quatro pessoas pra atormentar. E ainda tinha uma coisa pra me alegrar, hoje era o dia da xepa. Mesmo que a xepa seja ruim, já uma dádiva comer. Ainda mais quando se passou cinco dias sem comer e sem beber.
Que merda! Acho que vou atormentar certo alguém. Não tem nada pra fazer aqui.
Eu me aproximei do limiar da cela e me agarrei nas grades metálicas já enferrujada pelas goteiras que pingavam por toda a caverna.
"Ô tiozinho, a minha xepa já pronta, tiozinho?" Eu falei em voz alta com alegria e escárnio na minha voz.
Não demorou um minuto inteiro para que o dito cujo viesse até mim de forma voraz, mas não impassível. Ele me olhou com seus olhos que só mostravam ódio. Mas, ele trazia minha xepa o que me deixou imensamente feliz. E demonstrei dando um sorriso cheio de dentes.
"Cale a boca menina! Você não vai querer passar outros cinco dias sem comer, não é?" Ele disse com olhar que carregava um divertimento maldoso. Eu me mantive impassível.
"Ah tiozinho! Já passamos dessa fase de que eu vou matar você. Você sabe melhor do que eu que você precisa de me manter viva, aliás eu sou sua isca. Pensei que o tio fosse mais esperto!" Eu falei com entonação zombeteira, abaixando o olhar parecendo triste, mas em seguida encarando o fundo de seus olhos com um sorriso de escárnio. O mesmo que ele ostentava antes.
Eu vi seu maxilar ficar tenso e seus músculos tensionarem. Ele sabia que não podia comprar briga comigo. Eu não tinha medo. E podia ser tão má quanto ele, apesar de não gostar tanto desse meu lado sombrio. Mas, eu amava usá-lo contra ele. Um lampejo de frustração percorreu pelos seus olhos rapidamente.
Pode ser pouco para os outros. Mas, pra mim aquilo já era uma vitória. Fazê-lo-l se sentir tão mal quanto ele faz Maya se sentir.
Ele se recuperou e fingiu impassividade. E me olhou com aquele divertimento de novo.
"Ah menina! Você sabe tão pouco sobre mim. Há outras maneiras de se punir uma pessoa." Ele falou de modo sombrio com um sorriso sádico.
"Ah tio! Nós já passamos também dessa frase de enfiar a faquinha em mim. Você sabe que comigo, essa não funciona." Eu falei com um sorriso zombeteiro.
Eu realmente não sei. Mas simplesmente quando a noite chegava, quaisquer feridas que ele fazia em mim pelo dia, se curavam completamente sem deixar sequer uma cicatriz. Isso não era coisa comum de um filho de Hades, pois Maya me falou de todos os poderes que eles tinham. E esse não estava incluso.
A única coisa ruim era a dor, mas eu também estava acostumada à ela. Seja física ou emocional. Era só respirar suavemente que ela não me incomodava.
Ele olhou pra mim e me empurrou raivosamente uma vasilha de água e o pão. Que rapidamente peguei e depositei no chão.
"Obrigada, tiozinho!" Eu falei zombeteira, mas com sinceridade. Dando lhe um sorriso doce.
Ele me olhou, bufou e sorriu pra mim de novo.
"Aproveite bem sua refeição. Pois, logo será a última. Logo, logo você e sua amiga estariam juntas mas, no mundo dos mortos." Ele disse com uma risada maquiavélica. Eu olhei bem fundo nos seus olhos e sorri o pegando desprevenido por ser um sorriso verdadeiro, quase como pena.
"O seu mal é subestimar Maya, você pode ter acertado em sua fraqueza, mas isso não quer dizer que você vai vencê-la. O seu orgulho cego será sua ruína." Eu falei deixando pasmado, virando de costas para ele para comer meu rango. Ouvindo os seus passos ecoando pela caverna, ficando longe de mim.
Ele sabe que eu tenho razão! Mesmo que se negue. Bobão, cavou sua própria cova ao mexer com Maya Hallford.
Eu fui até a vasilha de água e encarei o meu reflexo. Meus cabelos estavam soltos e desgrenhados em uma confusão castanha avermelhada. Minha pele está mais pálida do que nunca. E eu achando imposível pele ficar mais pálida. Mas, eu sabia que era por causa do muito sangue que perdi e aliada a minha alimentação que só se constitui em massa. Eu usava um vestido preto longo.
Eu espero que eles cheguem logo. Eu aguentarem as pontas o quanto puder, mas chegará uma hora que irei adoecer. Mesmo que meu lado imortal retarde isso.
Eu olhei para as fúrias à minha frente, já sentindo que elas morreriam, mesmo que se regenera saem depois.
"Vocês estão ferradas e vocês sabem muito bem disso. Só espero que ele esteja lhes pagando bem, tão bem ao ponto de valer a pena essa traição. Pois, eu e meu pai jamais iremos perdoar a vossa traição." Eu falei sombria dando outro sorriso sádico para as três fúrias à minha frente.
...
Oi galera!
Tá aí mais um capítulo curtinho pra vocês só pra terem noção de como nossa Chloe está.
Antes que me perguntem, eu já vou começar a escrever o outro após postar esse aqui. Então aguardem que daqui a pouco tem mais! 😉
E aí? Gostaram do lado negro da Chloe? E da zoação dela? Eu amei! Já estou imensamente feliz que tenha uma pessoa infernizando a vida do nosso inimigo misterioso.
Espero que tenham gostado! Comentem e curtem bastante que logo tem mais.
Bjos e até logo.
Bela_lima
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A Filha de Poseidon
FantasyEu sou Maya Miller, ou pelo menos achava que era, eu tenho 17 anos. Eu, a pouco tempo, descobri que não sou a filha de dois condes britânicos, sou filha da rainha da Inglaterra e como se isso fosse pouco, eu sou a primeira filha de Poseidon. Eu sou...