Capítulo 63: Escuro

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Eu abri os olhos abruptamente, levando a mão ao meu peito, tentando atenuar minha respiração ofegante. Flashes dos últimos momentos invade minha mente, assim como diversas emoções invadem meu coração.

Suspiro.

Olho ao meu redor mas, não há nada a se olhar a não ser o breu que parecia não ter fim. A brisa gélida acaricia meu rosto apenas constatando a estranheza do lugar.

Escuro.

Não podia um palmo à minha frente. A única coisa que eu ouvia era um som de águas em seu fluxo contínuo. Andei furtiva até uma parede, para senti-la em minhas mãos.

Pedra úmida. Caverna de novo?!

Eu senti uma movimentação atrás de mim. Me virei abruptamente, mas não havia nada no lugar. Eu suspirei assustada, tentando em vão não entrar em desespero por não saber onde estar, quando a única coisa que eu queria era gritar para o nada e para o vazio daquele lugar angustiante.

"Olá! Onde eu estou?" Me atrevi a dizer, passando a mão por meu rosto. Sentindo agoniante o clima naquele lugar desconhecido. Estava me sentindo à beira de um ataque nervoso.

"Você não devia estar aqui, Maya." Falou alguém atrás de mim, seu tom era calmo e suave, mas ao mesmo tempo austero.

Eu me virei com calma e apreensão, temendo com quem encontraria. Então eu olhei para ele, era um homem alto com cabelo negros com os olhos da mesma cor. Sua pele era pálida com uma aparência fantasmagórica. Ele aparentava ter uns trinta anos. Seus olhos me eram familiares, ele me era familiar. Mas, até então, não sabia da onde eu o conhecia.

"Quem é você?" Sussurrei suavemente, um tanto hesitante. Não sabendo se era sábio me aproximar ou manter aquela postura de auto defesa a qual me encontrava.

"Achei que você saberia reconhecer seu tio." Ele falou de forma pausada, dando um pequeno sorriso, mas que era caloroso e familiar.

"Tio Hades." Eu falei o abraçando repentinamente, pegando ele de surpresa.

Pode ser estranho o fato de eu nunca o ter visto antes e abraçá-lo do nada. Mas, ele era a única coisa familiar naquele lugar, ele me lembrava meu pai. Ele me abraçou suavemente em resposta.

"Onde eu estou? Eu estou no submundo? Eu morri?" Eu perguntei receosa, me afastando dele suavemente. Eu olhei o lugar desconhecido que agora era iluminado por Hades. E como previsto, eu estava em uma caverna e ali apenas havia um rio pequeno cujas águas corriam silenciosamente por toda a gruta.

"Não. Você não morreu, aqui não é o submundo." Ele respondeu sério, eu franzi a testa em resposta. Passei a mão pelos cabelos e olhei para minha roupa. Em falar em roupa:

Pura Merda!

Eu não estava mais com a armadura, nem com o velho jeans ou regata branca cheia de sangue.

Sangue.

Eu não sentia dor, nem sangrava mais o ferimento que Oceano causou. Pelo contrário. Eu estava bem, com os cabelos longos penteados e soltos, com um vestido azul, longo e limpo. Na minha pele não havia um arranhão ou sequer uma fuligem, muito menos marcas de algemas. Nenhum sinal do que eu passei estava em meu corpo. Nada!

Eu suspirei temerosa da reposta que iria receber caso eu perguntasse.

"Se não estou no submundo, onde estou?" Eu perguntei com os olhos fechados e hesitante em perguntar.

"Você está em um lugar, mas, ao mesmo tempo, em lugar nenhum. Você está entre a vida e a morte, Maya. Aqui é sua mente, que assim como você, ela está morrendo." Ele respondeu sério, com pesar em sua voz.

A Filha de PoseidonOnde histórias criam vida. Descubra agora