Capítulo 74: Rompante

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Eu abri meus olhos abruptamente, surpresa porque ele já não apresentava sinais da nossa última batalha, rugi internamente.

"Eu o achei." Olhei para eles sentindo os meus olhos pararem de brilhar. Meu rosto se resumia em uma grande carranca, sentia o sangue ferver. Não!Borbulhar de profunda ira.

Nem quando lutei ensandecida eu o feri com efeito. Eu lutei com tudo que tinha e o máximo que consegui foi isso? Ele é um titã, afinal.

Me mantive inexpressiva, em uma profunda seriedade. De imediato me apercebi do olhar escrutinador de Angel a me esquadrinhar sem hesitação.

Fala sério! As vezes Angel é uma dádiva, em outra hora um infortúnio.

"Onde?" Ela perguntou na lata, com um tom nada amigável, indicando que Angel estava intrigada.

"Em uma gruta a beira mar, na ilha de Naxos."

"Naxos?" Apolo questionou visivelmente confuso. Assenti em resposta.

Me levantei do chão com dificuldade, tropeçando outra vez na barra do longo vestido. Como havíamos saído na casa de Emilly a poucas horas de cavalgada, ainda usávamos vestidos.

"A primeira coisa que farei assim que entrar na barraca será tirar este vestido estúpido!" Falei brigando com a barra do vestido que era cheio de babados. O chutei por fim, tirando um tanto de terra e folhas no chão com a bota. Espanei as folhas e poeira do traseiro. Ouvi uma risada de Alec e de Brad e franzi os olhos, em um olhar assassino.

"Impossível! É a ilha de Dionísio, ele jamais permitiria que um traidor se escondesse lá!" Apolo exclamou irritado e cético.

"Ele tá lá. Com aquele sorrisinho irritante dele." Retruquei impassível.

"Impossível." Me aproximei deles lentamente.

"Ué? E os deuses sabem que aquele filho-de-uma-égua-manca é um traidor? Isso não era pra ser um segredo de Estado?" Eu parei e o encarei como Angel fez, mas não sendo tão invasiva, apenas sarcástica.

"Verdade. Eu me esqueci disso." Ele disse mais sereno com um diminuto sorriso do rosto. "Ele nunca faria isso."

"É lógico! É do Díni que estamos falando." Eu falei com um sorriso zombeteiro. Me reergui calmamente.

"Se vocês me dão licença, vou dar uma volta no acampamento." Sai não dando margem a contra-argumentos.

Eu parei com a mão no cabo da bela espada atrelada na cintura. Eu passei suavemente no símbolo do tridente que parecia ser esculpido no metal. Me parecia um encaixe. Suspirei pesadamente, voltando a continuar a andar.

Porque fico brisando do nada?!

Olhei para o céu e a lua já se fazia ao pino, irradiando sua prateada luz, iluminando a bela noite. A lua era cheia, céu estava limpo, e ver a luz refratada pelas copas das árvores, formava uma bonita imagem.

A brisa suave e fresca acariciava meu rosto e agitava meus cabelos, suspirei pesadamente. Meu coração já se dispunha, novamente, a bater atemorizado. A rápida reorganização do Titã me fez ver que nem em minha melhor luta, pude ferí-lo de fato.

Será mesmo que uma pequeno grupo de semideuses e um deus podem detê-lo?

Pus a mão no rosto, sufocando o soluço, passei a mão pelos cabelos com angústia, fazendo com que meus cabelos ficassem mais bagunçados do que já estava.

Tenho que protegê-los de qualquer jeito. Não importa como!

Me impedi de chorar, senti minha garganta se fechar, meu coração descompassou conforme minha respiração. Não conseguia respirar direito, minhas pernas fraquejaram e cai no chão. Era uma sensação horrível, parecia estar afogando. Eu suava frio, sentindo calafrios percorrendo o meu corpo, ele tremia com o esforço que eu fazia para respirar.

A Filha de PoseidonOnde histórias criam vida. Descubra agora