Capítulo um: um fim e um novo começo

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Todos nós temos sonhos, objetivos, paixões a conquistar, corremos atrás de tudo aquilo que queremos desde que seja uma viagem, uma faculdade ou até mesmo uma pessoa amada, nos dedicamos 100% a isso algumas vezes, fazemos escolhas erradas, demoramos para compreender o que queremos e que aquilo é o que mais vale a pena independente de quanto tempo demore para se concretizar, mas sempre é tarde para começar novamente, porém nunca é tarde para fazer um novo final e com Lucas claro que não seria diferente.

Lucas é um jovem de 18 anos completamente normal, rotina de faculdade, sustentado pelos pais, curso de inglês e insiste que deveria aprender a tocar violão mesmo sabendo que não tem coordenação motora para fazer isso, agora o garoto se encontra deitado em sua cama totalmente bagunçada, com lençóis e cobertores espalhados, como na maioria das vezes, conversando com sua melhor amiga ou quase irmã, que infelizmente mora a mais ou menos 2119 quilômetros de onde vive o garoto (ele mora em uma cidade não muito grande do litoral do Rio Grande do Sul com população de aproximadamente quarenta e sete mil habitantes, gosta da cidade porém queria poder ir para uma cidade maior com mais oportunidades e coisas para explorar de diversas formas), ele conheceu-a a partir de um evento sobre filmes e séries que havia ocorrido em Florianópolis, Lucas sempre se interessou demais por isso, desde então ela é a única que o motiva dia após dia a não desistir de tudo, faz faculdade de administração, começou esse ano, porém não é uma coisa que ele se identifique e muito menos algo que goste, não estaria fazendo curso de inglês também, não tem o mínimo interesse em ir para um pais com língua inglesa, tem um certo preconceito só pelo fato de serem melhores vistos do que o Brasil.

Está entrando nesse ramo porque seus pais acham que isso é o melhor para ele cursar, pensam que leva jeito para a coisa, o que não faz o menor sentido já que Lucas nunca mostrou nenhum interesse e nunca administrou nada, eles simplesmente pegaram uma profissão aleatória no google e rotularam como a certa para ele, essa não é área que ele quer trabalhar e está fazendo para não desapontar os pais, é filho único então se sente completamente sobrecarregado de orgulhar os pais, o que é um saco pois queria ter um pouquinho de liberdade, pelo menos para poder decidir o que quer fazer pelo resto da sua longa, duradoura e nada animada vida.

De repente ouve o barulho do sapato de sua mãe batendo no chão, estava no quarto dela e indo vagarosamente até o de Lucas. O som dos passos de sua mãe sãos os únicos no ambiente juntamente com o das teclas que o garoto pressiona ao digitar rapidamente. Sua mãe abre a porta em um movimento veloz e dirige o olhar para Lucas sem entrar por completo no quarto.

- Lucas, tem comida na geladeira, só esquentar, estou indo para uma reunião de emergência agora e seu pai já foi dormir, fica bem, te amo e não vai dormir muito tarde né. - Diz a mãe dele com a mão na maçaneta gelada de metal enquanto olha fixamente para sua cama bagunçada com uma expressão de cansaço - Você já tem 18 anos, - confirma com a voz firme. - Poderia pelo menos manter seu quarto organizado, né? É pedir muito? Com a sua idade eu já arrumava a casa inteira.

Ele se levanta da cama revirando os olhos, reclamando em seus pensamentos, ignorando os sermões normais de mães e bloqueando a tela do celular com uma só mão, põe seu celular no bolso da calça de moletom que está vestindo. Vai até a porta onde apoia sua mão, falando:

-Está bem, mãe, se cuida e eu também te amo!

Ele fecha a porta depressa, tentando fazer com que a mãe parasse de cobra-lo tanto, olha para a cama e pensa: "depois eu arrumo essas coisas". Volta para o local onde estava ainda desarrumado.

Karoline (sua melhor amiga) liga para ele, lá ficam boa parte da noite rindo e conversando sobre diversos assuntos, principalmente sobre um livro que haviam lido recentemente, como faziam quase todas as noites. Ele põe o celular ao seu lado e começa a desenhar coisas aleatórias em seu caderno preto de desenho, está sem muita criatividade então Karol pede para que ele desenhasse uma caricatura de seu ídolo, e assim ele o fez. Fica com fome e decide ir comer algo, pois já são 23:27, então ele vai até a cozinha esquentar sua comida como sua mãe havia ordenado mais cedo em seu quarto.

Como pássaros livres (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora