Como pássaros livres (Concluído)

Capítulo dois: o adeus final

A grama está úmida da névoa densa que caí naquela noite e que não permite que ele enxergue o outro lado da rua, só conseguia ver o farol ligado de alguns carros e motos que percorriam a rua, uma aragem fria de vento passa pelo seu rosto, molhado pelas lágrimas que caíam sem parar de seus olhos, mesmo com o chão molhado deita-se e começa a analisar as estrelas, cada pontinho dourado e brilhante no céu, no momento seu teto.

Submerso em seus pensamentos: "como é possível? Em um planeta tão grande em galáxias maiores ainda, eu ser o escolhi a perder meus pais? Minha única família?! Qual a razão isso? Eu não sei fazer absolutamente nada sem eles". Para de chorar por um instante, parece que finalmente consegue se controlar, não sabe por quanto tempo, mas momentaneamente estava tudo calmo, estável, alguns grilos cantavam escondidos em meio a grama alta do pátio de sua tia, possivelmente não apara a grama há muitos meses, seca seu rosto com sua camisa e sentia gotículas de água molhando seu rosto, umedecendo o que havia secado, pelo menos agora a água não estava brotando de seus olhos.

Senta-se e fica sentado lá, até receber uma mensagem de Karoline, a mensagem diz um simples: "preciso falar com você!" Aquela simples frase fez seu coração disparar, Karol estava em cima da casinha ansiosa e aliviada com o fato de Lucas finalmente ter respondido a ela. Manda outra mensagem: "Eu também! " Começa a digitar e relatar a tragédia que ocorreu em sua vida, literalmente do dia para a noite!

Se sentia seguro falando aquilo, parece que escrever seus sentimentos lhe faz um bem extremo, desliza os dedos sobre as teclas do celular ligeiramente para contar onde estava no momento antes que ela perguntasse.

Karol fica alguns segundos sem mandar uma mensagem sequer, estava nervosa, não sabia o que falar, achou que aquela noite seria focada em sua vida, pega o celular e sorrindo lembra que possivelmente aquilo era algum tipo de pegadinha, Lucas sempre fazia isso, por um momento ele fica com medo de ela abandona-lo no momento em que mais precisava, porém, de repente, ela liga para o garoto, atende tentando falar com a voz mais ao natural possível.

– Lucas, não brinca com essas coisas, você é muito idiota de ainda tentar me enganar. – Fala Karol séria com uma voz sonolenta. – Eu já cai demais nessas suas brincadeiras, sou perita nisso. Não é bom ator o suficiente para me enga...

– Eu não estou brincando. – Diz chorando com a voz meio rouca interrompendo a garota, sua tentativa de falar naturalmente foi por água abaixo, deu completamente errada. – Eles realmente se foram, e agora não tenho ninguém a não ser minha tia, que é o mesmo que nada, nem próximos somos. Se meu primo não tivesse morrido pelo menos teria ele aqui para me dar um apoio moral ou sei lá pelo menos alguém para conversar.

– Meus pêsames, e não fala assim, tá? Você me tem, sempre terá, estou aqui para te apoiar e trate de não falar assim da sua tia, ela está te dando apoio e um lugar para ficar, pega leve com ela okay? – Fala querendo chorar junto com Lucas, mas consegue conter suas lagrimas e a voz de choro.

– Do que adianta eu ter você? Você está muito longe de mim, Karoline, você não pode me ajudar nesse momento, ninguém pode! – Diz seco, estava indignado a ponto de achar que Karol era inútil no momento, mesmo sabendo que era ela muito útil, sempre fora.

– Se acalma, deve ser muito complicado lidar com isso, deve ser quase impossível lidar com isso, porém você não pode perder o controle da sua vida Lucas, você tem toda uma vida pela frente, não pode desistir assim do nada, seja forte como sempre foi. – Karol nunca imaginou Lucas passando por aquilo, nunca imaginou ele tão fragilizado e destruído psicologicamente, levanta da casinha de madeira na qual estava sentada, desce pelo escorregador e caminha em direção à sua casa de volta com o celular colado ao lado da orelha ouvindo cada palavra falada, não seria dessa vez que conseguiria contar para Lucas o que sente, não é o momento.