Capítulo sete: sentimento

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 Lucas acorda com o barulho de construção vinda da casa ao lado, o vizinho decidiu que era uma ótima ideia começar a construir uma garagem essa hora da manhã, são 6:00 e não consegue mais dormir, senta-se de frente para sua escrivaninha na cadeira estofada e macia que sempre ficava pega algumas folhas brancas para tentar desenhar algo, queria se distrair a todo custo. Para variar desenha Karol, faz seu rosto bem grande cobrindo quase toda a superfície clara do papel. Desenhando cada traço do rosto harmonioso da garota escorre algumas lagrimas de seu rosto pois em poucos dias se despedirá da amiga novamente e agora é como se sentisse algo mais forte do que jamais sentira por ninguém. Mas não sabe o que aquele sentimento significa. Nunca o tinha sentido ele antes, é um calafrio que toma conta de seu corpo por completo e não sabe como controlar isso.

Enquanto Lucas desenhava Karol estava no hospital de onde sairia a algumas horas, fica observando um filtro dos sonhos que uma enfermeira havia posto mais cedo em sua janela, sem motivo nenhum simplesmente o colocou lá, possivelmente uma velhinha caridosa deixou ali, as penas sacodiam de um lado para o outro com o vento que entrava pela janela, algumas plumas voavam das pelas, "onde elas iriam parar? " É uma dúvida impossível de ser respondida só o tempo poderá dizer. Essa possivelmente seria para uma filosofia de vida para a menina.

Gabriel continuava na cadeira parecia que estava desmaiado pois na opinião de Karol é impossível dormir em um hospital ainda mais em uma cadeira sentado, Gabi é o tipo de pessoa que dorme em qualquer lugar, basta ter silêncio.

Às 7:00 Lucas vai para o serviço, vai de bicicleta, porém por outro caminho, pois queria fazer mudanças em sua vida e por alguma razão isso já era um grande passo para ele, ele quer se libertar aos poucos de seu passado. Chega lá primeiro que todos os outros funcionários, chega sorridente, entra liga os computadores e fica parado atrás do balcão contente. Após alguns minutos chega seu colega de serviço (Vinicius) atrasado, mas chega.

– Bom dia. – Fala Lucas animado.

– De bom não tem nada. – Retruca Vinicius com cara de sono esfregando os olhos com a palma das mãos, usava uma camisa social branca toda amassada.

– Noite difícil?

– Vida difícil, mas dessa vez é só ressaca mesmo, acho que bebi demais noite passada.

Ele vai para seu escritório onde fica fazendo os pedidos dos remédios que estão em falta na farmácia. Um cliente chega e pede uma "amoxicilina", Lucas procura nas prateleiras e vê que o medicamente acabou, então como costume vai até o escritório de Vinicius para pedir para ele encomendar mais do mesmo, sempre tem medicamento faltando nas prateleiras e Lucas é o único que parece se importar com isso.

Ao chegar lá abre a porta sem bater, ao entrar vê Vinicius cochando alguns cortes nos braços. Ele cobre-as rapidamente com a manga da camisa social tentando disfarçar e se ajeita na cadeira pondo a mão no mouse.

– Você realmente faz isso? Então não estava brincando com a "vida difícil"! Não te conheço bem, mas só te digo uma coisa isso não resolve, é temporário, assim como a bebida, o cigarro e todas as outras coisas que as pessoas usam para se "aliviar". – Fala Lucas ao garoto esquecendo do que realmente tinha ido fazer lá.

– Alivia!

– Seu psicológico acha que ajuda. Mas você está se destruindo, achei que você não fosse dessas coisas, para com isso tá?

– O que precisa? – Questiona Vinicius cortando o assunto e olhando seriamente para Lucas sem esboçar traço de fragilidade.

– Acabou amoxicilina. Pede mais! E depois confere o que falta na prateleira, por favor? Sempre tem coisa faltando. – Revira os olhos rapidamente e dá um suspiro longo e profundo.

Como pássaros livres (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora